A droga do terror: O vício ocidental de financiar
grupos radicais.
por
Steven MacMillan
tradução mberublue
http://journal-neo.org/2015/11/22/terror-junkies-the-west-s-addiction-to-funding-radical-groups/ ●●●●●●●
Exatamente
como um viciado em heroína, as nações ocidentais tem um vício destrutivo do
qual elas são dependentes e ao qual não parecem dispostas a abandonar.
Financiar organizações terroristas radicais é o modus operandi de muitas nações proeminentes da
OTAN, entre as quais Estados Unidos, Inglaterra, e França desempenham um papel proeminente. Dos mujahidins até o assim
chamado Estado Islâmico (ISIL/ISIS/IS), grupos extremistas têm sido usados como
ferramentas geopolíticas pelo ocidente por décadas.
Com
mais de 120 pessoas mortas e centenas feridas, as trágicas cenas em Paris,
França, chocaram muitas pessoas na Europa. O Estado Islâmico assumiu a
responsabilidade por este e outros ataques em várias partes do mundo recentemente,
incluindo-se o ataque no Líbano, onde ao menos 44 pessoas foram brutalmente
mortas. DABIQ, a revista do Estado
Islâmico, acabou de publicar uma foto de partes de uma bomba caseira que teria
sido usada no atroz ataque terrorista contra um avião de passageiros russo
sobre a Península do Sinai, o qual matou mais de 220 pessoas.
O Ocidente é Cúmplice nos Ataques a
Paris.
Apesar
da tentativa de protagonismo e da retórica do presidente francês Hollande e de
outros líderes ocidentais, o ponto crítico que deveria ser enfatizado é que os
governos ocidentais são cúmplices nos ataques em Paris e nos futuros ataques
terroristas (pois mais ataques acontecerão). Se deixarmos de lado por um
instante a tese de que o ocorrido foi uma operação de falsa bandeira, ou que a
inteligência francesa simplesmente olhou para o lado permitindo que
acontecesse, o que não se discute é que o crescimento do terrorismo global é
resultado direto da política externa dos países ocidentais, principalmente o
crescimento do Estado Islâmico e da Jabhat Al-Nusra.
Aqueles
grupos não teriam os recursos nem alcance global para lançar tais ataques se
não tivessem sido armados, treinados e soltos à vontade para lutar contra o
governo sírio pelos membros da OTAN em colusão com seus aliados regionais. Para
aqueles que acompanham os acontecimentos da guerra por procuração que se
desenrola na Síria e as nefastas e insidiosas políticas do ocidente, o último
ataque não foi uma surpresa.
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A
seguir, apenas algumas da pletora de evidências de que as nações ocidentais – os
incentivadores do terrorismo – tem apoiado extremistas para derrubar o governo
da Síria:
“As maiores forças que conduzem a insurgência
na Síria são os Salafistas, a Irmandade Muçulmana e a Al-Qaeda no Iraque” este
foi a avaliação da oposição na Síria, pela Agência de Inteligência da Defesa,
em seu relatório de inteligência revelado em 2012.
O
governo francês entregou grandes quantidades de dinheiro para os rebeldes
sírios em 2012, as quais foram usadas para comprar armas e munição.
O
presidente francês, François Hollande, confirmou em 2014 que a França havia
entregue armas para os rebeldes sírios para a luta contra Assad.
A
Inglaterra tem injetado milhões de dólares na Oposição Síria por anos,
existindo relatos afirmando que os britânicos estiveram envolvidos em uma
operação com outros Estados Europeus e os Estados Unidos para providenciar aos
rebeldes sírios 3.000 toneladas de armas, entregues aos rebeldes através de 72
aviões carregados em Zagreb, na Croácia.
O
antigo ministro de relações exteriores da França, Roland Dumas, revelou que a
Guerra da Síria foi preparada, preconcebida e planejada ao menos “dois anos
mantes da erupção da violência” em 2011. Dumas disse que quando na Inglaterra,
foi procurado por “altos funcionários britânicos” para saber se ele poderia
participar da “organização e invasão de rebeldes na Síria”.
Em
2015, um cidadão sueco chamado Bherlin Gildo foi acusado de ter lutado junto a
grupos rebeldes na Síria – incluindo a Jabhat Al-Nusra (na realidade a Al Qaeda
na Síria) – mas o caso foi prontamente arquivado depois que seu advogado argumentou
inteligentemente que a Inteligência Britânica estava envolvida com a entrega de
armas e também providenciando ajuda não letal para os mesmos grupos terroristas
juntos aos quais seu cliente estaria lutando.
O
antigo presidente da Agência de Inteligência da Defesa, Michael T. Flynn,
revelou recentemente em uma entrevista que a administração Obama tomou a “decisão
premeditada” de apoiar o crescimento dos rebeldes sírios em 2012, mesmo tendo
conhecimento de que a oposição era composta em sua maior parte de grupos
terroristas extremistas.
Como
relata Tony Cartalucci no início deste ano, um mercenário do Estado Islâmico
confessou para autoridades paquistanesas que recebia fundos monetários através
dos Estados Unidos a fim de que “recrutasse jovens para lutar na Síria”.
A
CIA providenciou o transporte de armas para os grupos rebeldes na Síria durante
anos, enquanto vendia para o público a ideia de que estava apenas trabalhando
para entregar suprimentos para os grupos “moderados” (fantasmas que ninguém
jamais viu).
Levando
em consideração a política da OTAN, poderia alguém realmente acreditar que os
estrategistas em Londres, Paris, Bruxelas ou Washington não previram um
possível tiro pela culatra por sua estratégia? Não é preciso ser físico de
foguetes para descobrir o fato simples de que se você financia e arma um monte
de terroristas insanos para derrubar um governo secular no Oriente Médio eles
acabarão se deslocando para realizar atos terroristas em outras partes do
mundo.
Isso
leva a uma questão lógica: será possível que os líderes ocidentais queriam tais
ataques? A Europa em si mesmo vem criando o ambiente perfeito para a eclosão de
ataques terroristas através do financiamento e armamento de grupos radicais na
Síria, cuja ação em seguida produziu um fluxo de refugiados e imigrantes do
Oriente Médio e da África para o continente europeu – o que, é natural, permite
que os terroristas, misturados com refugiados e imigrantes assim tornados pela
ação do imperialismo ocidental através de suas guerras por procuração, penetrem
com facilidade na Europa. É evidente para qualquer um que a única solução que
pode funcionar, para a atual crise dos refugiados é a estabilização pacífica do
estado sírio e de toda a região. Mas isso significa que os governos ocidentais
devem esquecer de uma vez por todas seus desejos de derrubar Assad e balcanizar
a Síria.
Os ataques terroristas alimentam a vigilância ainda
maior pelos Estados Totalitários.
Está
cada vez mais claro que os países ocidentais estão usando à vontade a fraude da
“Guerra ao Terror” como uma justificativa para a imposição de controle
doméstico totalitário, somada à mobilização da opinião pública em favor das
guerras imperiais no estrangeiro. Os Estados Unidos, Inglaterra e França já não
podem justificar a vigilância distópica sem a justificativa dos ataques
terroristas, e esses ataques permite aos governos a imposição de políticas que
a população jamais aceitaria se não houvesse uma crise. Exatamente como
declarou em 2008 o prefeito de Chicago e antigo Chefe do Estado Maior de Obama,
Rahm Emanuel:
“Você jamais pode desperdiçar as chances de
uma crise. Quero dizer que uma crise é uma ótima oportunidade de fazer coisas
que você achava que não poderia antes.”
Havia,
antes de 9/11, entre a maioria das pessoas, uma tendência a considerar uma
vigilância pelo Estado, generalizada, total, ilegal e perniciosa como sendo uma
violação grave aos seus direitos básicos. – entre eles o direito à privacidade
e ao Estado de Direito. Depois de 9/11, a maioria da população ocidental de
repente parecia preferir viver em um simulacro da Alemanha Nazista apenas para
supostamente impedir os terroristas – criados, aliás, pelos governos ocidentais
– de atacar, mesmo que para isso tivessem que entregar de bandeja ao Estado
seus direitos básicos. Para esse mesmo governo que não é capaz de lhe garantir
a segurança.
Nos
últimos 14 anos, a bisbilhotice feita pela Agência Nacional de Segurança em se
intensificado de forma dramática nos Estados Unidos. De acordo com o
denunciante William Binney, funcionário de alto nível da NSA, a meta da Agência
era o “controle total da população”. A vigilância estatal na Inglaterra expandiu-se
até níveis alarmantes desde 2001, tendo adquirido velocidade depois das bombas
de 7/7 em Londres. Após os ataques do Charlie Hebdo no início do ano em Paris,
o Parlamento da França aprovou uma lei de vigilância que permite às agências de
inteligência “tangenciar a necessidade de mandados judiciais”. Muitos advogados
que defendem o direito à privacidade já chamam esta lei, com razão, de “Patriot
Act Francês”, sendo agora de se esperar que o governo exigirá ainda mais
poderes para ampliar a vigilância ao estilo 1984 depois dos ataques de
novembro.
Quando o ocidente cessará sua
horrenda estratégia na Síria?
Recentemente,
pelo menos em relação à Síria, havia alguns sinais de que alguns países
ocidentais finalmente tinham recuperado um pouco de bom senso, já que esses
países pareciam dispostos pelo menos a caminhar na direção de um diálogo
racional. Há relatos que sugerem que a Rússia e a Inglaterra podem dar início a
uma cooperação mais estreita em relação à Síria, depois da reunião de cúpula do
G-20, depois da qual o presidente Vladimir Putin afirmou que há “alguma melhora”
nas relações anteriormente frias entre os dois países. O ex Chefe do Estado
Maior da Inglaterra, General Sir David Richards já havia antes solicitado à
Inglaterra que dirigisse seus esforços juntamente com Assad, no objetivo de
derrotar o Estado Islâmico, já que derrubar Assad ao mesmo tempo em que se luta
contra o EI, não é uma “estratégia plausível”.
Adicione-se
a isso, as declarações recentes de François Hollande que de repente parece se
abster de demonizar o presidente da Síria como sempre faz, afirmando que o
Estado Islâmico é o “inimigo” na Síria, mesmo com comentários um tanto quanto
ambíguos. Como relata Sputnik, durante uma reunião de emergência no Parlamento
francês ele teria dito:
“Nós
estamos, na Síria, olhando para a solução política do problema, o qual não é Assad.
Nosso inimigo na Síria
é o Estado Islâmico.”
A
paz na Síria tem um de seus maiores obstáculos em certas forças em Washington,
já que os Estados Unidos relutam em atingir seriamente o grupo que ajudou a
criar, e ainda está tentando aniquilar o secular, legítimo governo sírio. O
Ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov declarou recentemente
que os bombardeios aéreos realizados pelos Estados Unidos contra o Estado
Islâmico são seletivos, e eu os poderia
chamar de suaves, e “em muitos ocasiões sequer chegaram perto das forças do EI,
que foram capazes de desafiar com seriedade o exército da Síria”. Disse mais
que as posições de Washington no conflito, “afetam seriamente a possibilidade
de continuar existindo um Estado Secular na Síria.”
Levando
em consideração o papel corrosivo que os Estados Unidos, a França e a Grã
Bretanha desempenharam até agora na Síria e em toda a região do Oriente Médio,
é de se duvidar que no curto prazo esses países implementem uma política
realmente correta e sensata. Acredito que seriam muito mais propensos a
utilizar a tragédia recente para aumentar de maneira uniforme sua beligerância
no sentido de mudar o regime na Síria, e bombardear até o esquecimento a
infraestrutura do país, sob o pretexto da luta contra o Estado Islâmico. No
entanto, podemos esperar que a liderança mundial da Rússia possa encorajar o
ocidente a caminhar na direção da sanidade.
Steven MacMillan - é um escritor independente,
pesquisador, analista de geopolítica e editor de The Analyst Report,
especialmente para a revista online “New Eastern Outlook”.
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