quarta-feira, 24 de dezembro de 2014




China desafia a Guerra Econômica dos
Estados Unidos contra a Rússia



Por Alex Lantier
http://www.globalresearch.ca/china-challenges-us-economic-war-against-russia/5421344

Tradução mberublue

Desafiando diretamente o poder político da OTAN, que cortou o crédito da Rússia na intenção de enfraquecer o rublo e destruir a economia russa, a China está empenhada em estender ajuda financeira a Moscou.

Sábado, o Ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi destacou a necessidade de ajuda mútua entre China e Rússia, no comentário sobre a crise do rublo, que assistiu a drásticos 45 por cento de queda em seu valor ante o dólar americano neste ano. “A Rússia tem competência e sabedoria suficientes para reverter o atual sofrimento causado pela situação econômica”, disse Wang. “Se por acaso o lado russo necessitar, providenciaremos a assistência necessária dentro de nossa capacidade.”

Hucheng
Domingo, o ministro do Comércio chinês Gao Hucheng disse para a TV Phoenix de Hong Kong que Pequim gostaria de reforçar seus laços com Moscou nas áreas de energia e manufaturados, anotando que o comércio China/Rússia alcançou sua meta de $100 bilhões de dólares neste ano, apesar da crise do rublo. Como o valor do rublo ante o dólar e o euro oscila muito, Gao propôs uma mudança no financiamento do comércio entre China e Rússia que consistiria em sair do dólar ou euro e em vez disso usar a moeda chinesa, o Yuan ou Renmimbi.

Gao disse que a China tem seu foco nos “fatores fundamentais, como por exemplo, de que maneira podem as duas economias complementar uma à outra”, noticia a Reuters. “Investidores em capital podem ser mais interessados em estoques ou em um mercado de câmbio volátil, mas quando se trata de cooperação concreta entre duas nações, temos que assumir uma mentalidade equilibrada e fazer com essas cooperações avancem sem transtornos” disse Gao.

Ontem, o jornal China Daily referiu-se a Li Jianmin, da Chinese Academy of Social Sciences (Academia Chinesa de Ciência Sociais – NT) a dizer que a ajuda para a Rússia poderia vir a acontecer através de canais como a Shanghai Cooperation Organization (SCO) ou o fórum BRICS. Significativamente, ambos, o SCO (uma aliança entre a China, a Rússia e Estados Asiáticos) e o fórum BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), excluem de seus quadros os Estados Unidos e a Europa.

Keqiang e Mdvedev
Li observou que já no último mês, quando os Primeiro Ministros Li Keqiang e Dmitry Medvedev se encontraram no Cazaquistão, assinaram acordos abrangentes que vão desde rodovias e infraestrutura até o desenvolvimento das regiões que correspondem ao extremo oriente russo e norte chinês. “Empréstimos, cooperação em grandes projetos e participação no investimento na infraestrutura doméstica na Rússia são opções que estão sobre a mesa”, aduziram. Em apenas um destes acordos no último mês, a China assinou um contrato que corresponde ao valor de 400 bilhões de dólares, para a compra de gás russo por 30 anos.

Essas ofertas de ajuda vêm de encontro à guerra econômica lançada pelo imperialismo dos Estados Unidos e da Europa para punir Moscou, que se opôs à reestruturação neoliberal que tentavam impor na Eurásia.

Em retaliação ao apoio russo ao Presidente Bashar al-Assad, na sua luta contra a guerra por procuração da OTAN na Síria e também retaliando a oposição russa ao regime ucraniano imposto pela OTAN em Kiev, as potências aliadas da OTAN procuraram estrangular a Rússia. Como as receitas russas derivadas do petróleo caíram paralelamente com a queda dos preços mundiais de petróleo e com o colapso do rublo, elas trabalharam para cortar todo o crédito para a Rússia e exigiram que esta aceitasse o regime em Kiev. (Leia: Imperialism and the ruble crisis – O imperialismo e a crise do rublo)

O mecanismo financeiro básico desta estratégia foi exposto no Financial Times de Londres por Anders Aslund do Petersen Institute for International Economics (Instituto Petersen de Economia Internacional – NT). “A Rússia não recebeu qualquer financiamento internacional de relevância – nem mesmo de bancos estatais chineses – porque todos têm medo das agências reguladoras norte americanas” escreveu. Com um fluxo de saída de capital da ordem de 125 bilhões de dólares, reservas internacionais líquidas de 200 bilhões e dívidas externas da ordem de 600 bilhões de dólares, a Rússia ficaria sem reservas em dólares e iria à falência em meros dois anos, calcula Aslund.

No entanto, agora Pequim parece pronta a assumir o risco de um confronto com os Estados Unidos e se prepara publicamente para lançar uma tábua de salvação financeira para a Rússia. A reserva monetária chinesa é de 3.89 trilhões de dólares, a maior do mundo e pelo menos no papel, mais que suficiente para facilmente pagar qualquer dívida russa no mercado internacional.

Não por acaso, as falas de Wang e Gao sobre a possível ajuda para a Rússia aconteceram apenas um dia após uma dividida reunião de cúpula da União Europeia sobre a Rússia na última semana. Apesar do apoio europeu às sanções contra a Rússia, o Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, o Presidente Francês François Hollande e o Primeiro Ministro italiano Matteo Renzi se opuseram publicamente a mais sanções. Os principais jornais europeus também alertaram para o risco de um colapso do Estado Russo.

No cálculo da importância de sua resposta para a crise do rublo, o regime chinês, que encara uma economia em arrefecimento, e vê crescer protestos sociais entre as classes trabalhadoras e campesinas, sem dúvida também vê com receio as possíveis consequências de uma derrocada econômica e de uma implosão política de seu vizinho do norte.

Os conflitos econômicos que irrompem entre as maiores potências na cauda da crise do petróleo e a guerra imperialista lançada na Eurásia dão conta do avançado estado de crise do mundo capitalista e do crescente perigo de uma guerra mundial.

A ajuda chinesa para a Rússia, e ela deve se materializar, exacerbará o conflito dos Estados Unidos contra a China. Washington tentou um cerco militar ao país oriental através do chamado “pivoteamento para a Ásia” aliando-se com a Australia, a Índia e o Japão. Planos para uma guerra contra a China, tanto econômica quanto militar, sem dúvida serão considerados seriamente por Wall Street e pelo Pentágono.

Um ano atrás, em um artigo denominado “A China não deve reproduzir os erros do Kaiser” o colunista do Financial Times Martin Wolf alertou a China contra qualquer ação que possa vir a representar uma ameaça à hegemonia global exercida pelos Estados Unidos. Afirmou que uma política chinesa que replicasse o desafio alemão à hegemonia britânica antes da deflagração da Primeira Guerra Mundial em 1914 teria o mesmo resultado: guerra total.

“Caso o conflito aberto aconteça, os Estados Unidos pode fazer com que o mundo inteiro corte seu comércio com a China. Pode também sequestrar uma boa parte dos recursos líquidos externos chineses”, escreveu Wolf, lembrando que “as reservas chinesas em moeda, que significam 40% de seu PIB, são, por definição, mantidas no exterior.” Tal roubo, porque é disso que se trata, de trilhões de dólares que a China ganhou no comércio com os Estados Unidos e a Europa acarretaria colapso quase certo do comércio mundial o que por sua vez levaria à preparação para uma guerra entre países detentores de armas nucleares.

Mao e Nixon
Com sua política cada vez mais inconsequente e violenta, o imperialismo dos Estados Unidos acaba por pesar demais a mão, desacreditando-se entre seus próprios parceiros e alimentando a oposição cada vez maior de Estados rivais. Ao provocar ao mesmo tempo Rússia e China, particularmente, os Estados Unidos acabam por desfazer o que foi considerada durante muito tempo como a maior vitória da política imperialista americana: a aproximação em 1972 entre o Presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon e o líder chinês Mao Tse-Tung, o que, na ocasião, acabou por fazer da China um aliado dos Estados Unidos contra a antiga União Soviética.

“Muitos cidadãos chineses ainda veem a Rússia como um grande irmão, e os dois países são estrategicamente importantes um para o outro”, disse o reitor das Universidades Associadas Renmin, Jin Canrong, referindo-se ao apoio prestado pela União Soviética à China durante a guerra da Coréia, quando os Estados Unidos fizeram parte do conflito, pouco depois da chegada ao poder do Partido Comunista Chinês, de inspiração stalinista. “Até por uma questão de nossos interesses nacionais, a China deve intensificar sua cooperação com a Rússia quando esta se faz necessária.”

“A Rússia é nosso parceiro insubstituível no cenário mundial”, escreveu em editorial na data de ontem o Global Times, ligado ao Partido Comunista Chinês. “A China deve tomar atitudes proativas para ajudar a Rússia a sair da crise que enfrenta atualmente.”

Por Alex Lantier

Tradução: mberublue


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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Rússia, China zombam do velho ‘dividir para governar’
 [23/12/2014, Pepe Escobar, Asia Times Online (traduzido)]
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Vila Vudu
Traduzido pelo Coletivo de Tradutores Vila Vudu.
16:35 (Há 2 horas)
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Rússia, China zombam do velho ‘dividir para governar’
23/12/2014, Pepe Escobar, Asia Times Online

Roma e Pequim – O Império Romano fez. O Império Britânico copiou-lhe o estilo O Empire of Chaos [Império do Caos] sempre fez. Todos eles fazem. Divide et impera. Divide e governa – ou divide e conquista. É repugnante, brutal e eficaz. Mas não vivem para sempre, eternos como os diamantes, porque impérios vêm abaixo.


Quarto com janela para a rua, para o Panteon, pode ser celebração de Vênus – mas é também espiadela nos trabalhos de Marte. Estive em Roma, de fato, essencialmente, para um simpósio – Global WARning [Alerta de Guerra Global] – organizado por um grupo engajado, comprometido e talentoso, coordenado por um ex-membro do Parlamento Europeu Giulietto Chiesa. Três dias depois, quando foi lançado o ataque ao rublo, Chiesa foi preso e expulso da Estônia como persona non grata, mais uma ilustração claríssima da histeria anti-Rússia que está tomando conta das nações do Báltico e do jugo orwelliano que a OTAN impõe aos elos europeus fracos. [1] Absolutamente não se admite opinião divergente. 


No simpósio, realizado num refeitório dos Dominicanos do século 15 divinamente decorado com afrescos e que hoje está incorporado à biblioteca do Parlamento italiano, Sergey Glazyev, por telefone, de Moscou, ofereceu interpretação clara da Guerra Fria 2.0. Não há “governo” real em in Kiev: quem governa é o embaixador dos EUA. Uma doutrina anti-Rússia foi lançada em Washington para fomentar a guerra na Europa – e políticos europeus operam como colaboracionistas. Washington quer guerra na Europa, porque está perdendo a competição para a China. 


Glazyev falou da demência das sanções: a Rússia está tentando simultaneamente reorganizar a política do Fundo Monetário Internacional, combater a fuga de capitais e minimizar o efeito de os bancos terem fechado linhas de créditos para muitos empresários. Mas o resultado final das sanções, diz ele, é que a Europa perderá sempre mais, economicamente; a burocracia europeia perdeu o próprio foco econômico, a partir do instante em que os planejadores geopolíticos norte-americanos assumiram o comando.


Apenas três dias antes do ataque ao rublo, perguntei a Mikhail Leontyev (secretário-de imprensa, diretor do Departamento de Informação e Divulgação) da Rosneft sobre os crescentes rumores de que o governo russo preparava-se para aplicar controles sobre a moeda. Naquele momento, ninguém sabia que o ataque ao rublo seria tão rápido, concebido como xeque-mate para destruir a economia russa. Depois de sublimes espressos na Tazza d'Oro, em frente ao Panteon, Leontyev disse que controles monetários eram uma possibilidade. Mas não ainda. 


Enfatizou, isso sim, que se tratava de guerra financeira total, sem trégua, ajudada por uma 5ª-coluna dentro do establishment russo. O único componente igual para os dois lados, nessa guerra assimétrica, eram as forças nucleares. Mas a Rússia de modo algum se renderia. Para Leontyev, a Europa não é sujeito histórico, mas objeto: “O projeto europeu é projeto norte-americano”. E “democracia” virou ficção. 


O ataque ao rublo veio e foi-se, como devastador furacão econômico. Fato é que não se tenta xeque-mate contra enxadrista treinado, a menos que nosso poder de fogo seja equivalente ao do feixe de raios de Júpiter. Moscou sobreviveu. Gazprom acedeu à solicitação do presidente Vladimir Putin e venderá suas reservas de dólares norte-americanos no mercado doméstico. O ministro alemão de Relações Exteriores Frank-Walter Steinmeier falou à mídia contra a União Europeia “apertar novamente os parafusos” em mais sanções contraproducentes contra Moscou. E em sua conferência anual com a imprensa, Putin enfatizou como a Rússia atravessaria, sim, a tormenta. Pessoalmente, muito mais me intrigou o que Putin não disse. [2] 


Com Marte assumindo o centro do palco, em frenética aceleração da história, retirei-me para meu quarto Pantheon tentando incorporar Sêneca: da eutimia – serenidade interior –, para aquele estado de imperturbabilidade que os estoicos definiram como aponia. Mas não é fácil manter-se eutímico, com a Guerra Fria 2.0 comendo solta. 


Mostra-me teu imperturbável míssil 


A Rússia sempre poderá servir-se de uma opção econômica “nuclear”, declarando em moratória a dívida externa russa. Então, se bancos ocidentais confiscarem patrimônio russo, Moscou poderia confiscar todos os investimentos ocidentais na Rússia. Seja como for, o objetivo do Pentágono e da OTAN, de fazer guerra no teatro europeu, não se realizaria; a menos que Washington seja suficientemente imbecil para dar o primeiro tiro. 


Mas permanece aí, como séria possibilidade, com o Império do Caos acusando a Rússia de violar o Tratado das Forças Nucleares de Médio Alcance [orig. Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty (INF)], apesar de o Império do Caos preparar-se para forçar a Europa, em 2015, a aceitar a instalação de mísseis cruzadores nucleares dos EUA. 


A Rússia pode passar a perna nos mercados financeiros ocidentais, cortando o fornecimento de petróleo e gás natural russos. Os mercados inevitavelmente desabariam – caos não controlado para o Império do Caos (ou “caos controlado”, nas palavras do próprio Putin). Imaginem o desabamento de mais de um quatrilhão de derivativos. Passar-se-iam anos até que o “ocidente” substituísse o petróleo e o gás natural russos, mas a economia da União Europeia seria devastada instantaneamente. 


Só o ataque-relâmpago do ocidente contra o rublo – e os preços do petróleo – usando o esmagador poder das empresas de Wall Street já sacudiram os bancos europeus expostos à Rússia até o âmago: os CDS[1] subiram à estratosfera. Imaginem aqueles bancos desabados como castelo Lehman Brothers de cartas, se a Rússia optar pelo calote – disparando uma reação em cadeia. Pensem numa Mutually Assured Destruction (MAD), Destruição Mútua Garantida – de fato, mesmo, sem guerra. Ainda assim, a Rússia é autossuficiente em todos os tipos de energia, minérios e agricultura; a Europa não é. O efeito mais letal da guerra de sanções pode ser esse.


Essencialmente, o Império do Caos está blefando, jogando com a Europa como peões. O Império do Caos é muito ruim no xadrez, tão ruim quanto em história. A única coisa que sabe fazer é subir o tom da ameaça, para forçar a Rússia a recuar. A Rússia não recuará. 


Amanhece a treva ao raiar do caos[2] 


Parafraseando Bob Dylan em When I Paint My Masterpiece, deixei Roma e pousei em Pequim. Marco Polo de hoje viaja Air China; em dez anos, voarão na direção oposta, por trem-de-alta-velocidade, de Xangai a Berlin. [3] 


De um quarto na Roma imperial, para um quarto num pacato hutong – reminiscência lateral da China imperial. Em Roma, os bárbaros enxameiam por trás dos portões, pilhando suavemente as migalhas de tão rica herança, e aí se inclui, sim, a Máfia local. Em Pequim, os bárbaros são mantidos sob estrita vigilância; claro que há um elemento Panopticon aí, essencial para assegurar a paz social interna. A liderança do Partido Comunista Chinês (PCC) – sempre, desde as reformas empreendidas pelo Pequeno Timoneiro Deng Xiaoping que sacudiram a placas tectônicas – é perfeitamente cônscia de que seu Mandato Divino é diretamente condicionado pela harmonização perfeita entre nacionalismo e o que se pode chamar de “neoliberalismo com características chinesas”. 


Em outra veia diferente, tipo “os coxins do oriente são macios”[3]para seduzir Marco Antônio, as sedas chinesas esplendorosas da Pequim chique oferecem uma faísca de potência emergente muito segura dela mesma. Afinal, a Europa nada é além de catálogo de esclerose múltipla, e o Japão já está sob a sexta recessão em 20 anos.


Para culminar, em 2014 o presidente Xi Jinping empreendeu atividade diplomática/geoestratégica frenética – conectada, no fundo, ao projeto de longo prazo para, devagar mas sem falhas, apagar a supremacia dos EUA na Ásia e rearranjar o tabuleiro global de xadrez. O que Xi disse em Xangai em maio resume o projeto: “É tempo de os asiáticos administrarem os negócios da Ásia.” Na reunião da Associação dos Países Exportadores de Petróleo (APEC) em novembro, pegou mais leve, e promoveu um “sonho Ásia-Pacífico”. 


Mas a regra é o frenesi. À parte dos dois negócios-monstro, de US$725 bilhões de gás – gasodutos “Poder da Sibéria” e “Altai” –  e uma recente ofensinha relacionada à Nova Rota da Seda no Leste Europeu, [4] virtualmente ninguém no ocidente parece lembrar que em setembro o primeiro-ministro chinês assinou nada menos que 38 acordos comerciais com os russos, incluído um swap e um negócio de benefícios fiscais, que implicam total harmonização e interjogo econômico. 


Já há quem diga que a deriva geopolítica na direção da integração Rússia-China é a mais importante manobra estratégica dos últimos 100 anos. O grande plano máster de Xi nada tem de ambíguo ou difícil de compreender: quer uma aliança Rússia-China-Alemanha comercial/de negócios. O empresariado/indústria alemães querem muito, ver acontecer; mas os políticos alemães não dão sinais de ter captado a mensagem. Xi – e Putin – estão construindo uma nova realidade econômica no campo eurasiano, plena de ramificações políticas, econômicas e estratégicas crucialmente importantes. 


Claro, é estrada extremamente pedregosa. Nada vazou, até agora, para a imprensa-empresa ocidental, mas cabeças pensantes independentes no meio acadêmico europeu (ah, sim, existem, como uma espécie de sociedade secreta) estão mais assustadas, a cada dia, ante o nenhum modelo alternativo, alternativa-zero para o capitalismo-de-cassino e o neoliberalismo entrópico mais hardcorepromovidos pelos Masters of the Universe



Ainda que a integração eurasiana venha a prevalecer no longo prazo, e Wall Street passe a ser uma espécie de bolsa de ações locais, os chineses e o mundo multipolar emergente ainda assim parecem estar-se autocondenando ao modelo neoliberal existente. 


Fato é que, assim como Lao Tze, já octogenário, aplicou uma bofetada (intelectual) na cara do jovem Confúcio, o “ocidente” muito teria a aprender com algumas, de alerta. Divide et impera? Não. Não está funcionando. Está condenado a falhar miseravelmente. 


No pé em que estão as coisas, o que sabemos é que 2015 será ano de arrepiar os cabelos em muitos aspectos. Porque da Europa à Ásia, das ruínas do império romano ao re-emergente Império do Meio, permanecemos todos ainda sob o signo do perigoso, assustador, de irracionalismo rampante,
 
Império do Caos. 


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Notas:

1. Ver Repubblica, 15/12/2014,  
http://www.repubblica.it/esteri/2014/12/15/news/tallin_arrestato_giulietto_chiesa-102962283/?ref=HREC1-7

2. “O que Putin não nos contou”, Pepe Escobar, RT, 18/12/2014, trad. em 
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/12/pepe-escobar-o-que-putin-nao-nos-contou.html

3. “Para o Ocidente, jovem han”, Pepe Escobar, TomDispatch, 16/12/2014, trad. em 
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/12/pepe-escobar-para-o-ocidente-jovem-han.html

4. China set to make tracks for EuropeChina Daily, 18/12/2014.China's Li cements new export corridor into EuropeChannel News Asia, 16/12/2014.


[1] CDS, “credit default swap” é um acordo de troca financeira pelo qual o vendedor do CDS compromete-se a compensar o comprador (credor do empréstimo referência), no evento de calote do devedor ou outro evento do crédito [NTs].
[2] Orig. “Darkness dawns at the break of chaos”. Down of darkness é umvideogameRPG. Difícil traduzir, sem essa referência [NTs]

[3] Orig. "soft beds of the East" – é expressão de Shakespeare em Antônio e Cleópatra. Leitura interessante em  http://angellier.biblio.univ-lille3.fr/ressources/articleantonyandcleopatra.html, prôs que se interessem [NTs] 
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