sábado, 28 de fevereiro de 2015

Sessão “curto e grosso” – notas de agências internacionais no campo da geopolítica.


Índia está pensando em aderir a uma zona de livre comércio com a União Econômica da Eurásia, confirma Moscou.


A criação de uma zona de livre comércio com a União Econômica da Eurásia, que incluiria a Rússia, Kazaquistão, Belarus e Armênia foi proposta pela Índia, disse Alexey Pushkov, presidente do Comitê Internacional do Congresso Russo.

“A própria Índia, que agora considera apropriado um novo tratado de livre comércio com a União Econômica da Eurásia, levantou a questão. Trata-se de um novo nível de relacionamento. A possibilidade de implantação está sendo discutida” disse ele a repórteres na sexta feira, durante uma visita oficial a Nova Déli.

A agência TASS informou na quinta feira que a Índia iniciará um acordo de livre comércio com a União de Aduana da Rússia, Belarus e Kazaquistão, nos próximos seis meses.

Em janeiro, teve início a União Econômica da Eurásia, que engloba a Armênia, Belarus, Kazaquistão e Rússia.

A organização foi criada aproveitando-se a estrutura já existente da união aduaneira de Rússia, Kazaquistão e Belarus, que tem a pretensão de melhorar a cooperação econômica regional. O grupo reúne nada menos que 171 milhões de pessoas, com um PIB de cerca de 3 trilhões de dólares. Em futuro próximo a união tem a expectativa da adesão do Quirguistão.


A China, por sua vez, também afirmou estar disposta a aderir à União Econômica da Eurásia.

Tradução mberublue
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A OTAN encontra uma “porta dos fundos” árabe para fornecer armas a Kiev.


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por Finian Cunningham

tradução: mberublue


Cresceram as suspeitas, que já eram fortes, de que a OTAN, aliança liderada pelos Estados Unidos, encontrou uma nova forma de fornecer armas sorrateiramente para a Ucrânia, depois do anúncio, feito nesta semana, de que o regime de Kiev teria concluído um grande negócio com os Emirados Árabes Unidos para o fornecimento de armamento militar. Só dizemos “nova forma” porque se acredita que os Estados Unidos e a OTAN secretamente já fornecem armas para o regime de Kiev, através de seus aliados Polônia e Lituânia.

O presidente do regime de Kiev, Petro Poroshenko, festejou a nova parceria estratégica com o reino do Golfo Pérsico enquanto visitava a International Defence Exhibition (IDEX), realizada na capital dos Estados Árabes Unidos, Abu Dhabi. Regiamente recebido pelo príncipe Mohammed Bin Zayed al Nayhan, Poroshenko afirmou ser um “presidente da paz” mas que a Ucrânia, ou melhor dizendo, o estado falido que seu regime comanda,  precisa de forte armamento defensivo por causa de seu “inimigo russo”.

Tais desenvolvimentos surpreendentes encontram a explicação de seu significado real, quando se descobre que Poroshenko e seu anfitrião árabe, conforme relatado, realizaram reuniões discretas com funcionários do Pentágono e fabricantes americanos de armamento militar durante a realização da feira de armamento. Trata-se de indicação de que na realidade, Washington está coordenando a já esperada transferência de armas para o regime ucraniano.

Mesmo não tendo vazado nenhum detalhe da parceria Kiev/EAU, pode-se assumir sem medo de errar que o fornecimento de armas para a Ucrânia através dos árabes não passa de uma maneira encontrada pela OTAN e pelos Estados Unidos, apoiadores da junta colocada no governo pelo ocidente e que tomaram o poder ano passado através de um golpe de estado, suprirem de armamento o regime de Kiev. Este regime lançou uma guerra de agressão contra os separatistas do leste ucraniano, infligindo até agora cerca de 6.000 mortes, principalmente entre a população civil de etnia russa.

No início do mês tornou-se claro que Washington e seus aliados da OTAN podem vir a pagar um alto preço político pelo movimento desastroso que cometeram, ao se envolver cada vez mais no conflito ucraniano. Quando Washington anunciou que iria em frente com seu plano congressional de prover o regime de Kiev com “ajuda letal”, houve uma consternação internacionalmente generalizada contra essas maquinações imprudentes.

Washington foi alertada por Moscou que um futuro apoio militar ao regime de Kiev, anti russo e reacionário, em sua fronteira ocidental, consistiria em uma “escalada desastrosa”. Então, aparentemente, o presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, recuou de suas propostas de fornecimento de armas e munições letais.

O fornecimento de armas também foi condenado pelos normalmente servis aliados europeus dos Estados Unidos. A Alemanha, a França e mesmo a Inglaterra indicaram sua desaprovação declarando que não seguiriam qualquer movimento no sentido de enviar mais armas para a Ucrânia. Quem talvez tenha mostrado de forma mais severa sua desaprovação foi a chanceler alemã, Angela Merkel. Durante visita aos Estados Unidos, ela reiterou sua posição de “não armar” a Ucrânia para a mídia estadunidense ao ser recebida por Obama na Casa Branca.

Não restaram dúvidas de que o público europeu, já cambaleante frente a uma cada vez mais forte austeridade econômica (leia-se arrocho – NT via Vila Vudu), desemprego e curtindo forte desdém para com os políticos europeus irresponsáveis movimentou-se concentradamente, em várias capitais, em direção à negação total de jogar mais lenha na fogueira do já furioso incêndio da guerra na Ucrânia. A ideia de antagonizar cada vez mais a Rússia, seguindo o incendiário militarismo estadunidense na Ucrânia poderia provocar uma tempestade política na Europa. Então, os normalmente servis líderes europeus “sim, senhor, sim, senhor!” foram obrigados a desafiar a imprudência dos EUA.

Aparentemente, o início de discórdia entre Estados Unidos e União Europeia provocou o nervosismo de Washington, ante o temor de que o eixo tático de sanções anti russas acabasse por se desfazer. O presidente Barak Obama e seu secretário de estado John Kerry se esforçaram para enfatizar que os Estados Unidos e a Europa estavam “unidos” sobre a crise ucraniana e sua alegada “agressão russa” – apesar de terem os líderes europeus, publicamente, no mínimo repudiado a política de armas de Washington.
Então, em vez de se arriscar a uma divisão nas fileiras da OTAN, Washington e seus aliados parecem ter encontrado uma engenhosa maneira de contornar o problema – tornar os Emirados Árabes Unidos a vanguarda para o fornecimento de armas ao regime de Kiev.

Uma “nova indústria de defesa” nos Emirados Árabes Unidos tem aparecido em relatos de vários órgãos da mídia. Acontece que qualquer indústria que tenha lugar em um reino inundado de petróleo, na verdade é, em grande medida, apenas um meio de acrescentar valor ou uma plataforma de marketing para as indústrias ocidentais. O setor de defesa dos Emirados Árabes Unidos é dominado por importações dos Estados Unidos e pelas grandes indústrias norte americanas do setor, tais como a Boeing, Lockeed Martin e Raytheon. As operações “em parceria” com os Emirados refletem apenas a intenção da aristocracia do reino em provocar admiração por estar supostamente promovendo a diversificação com a criação de setores de alta tecnologia para fugir da dependência das receitas da exportação de petróleo. Para as grandes empresas de armamento ocidentais, a venda a retalho nos Emirados promovem apenas uma cobertura conveniente em termos de relações públicas para as vendas globais de armamento. Assim, as armas norte americanas e europeias podem ser vendidas para todas as partes do globo, mesmo aquelas onde esses fornecimentos seriam considerados antiético – afinal, as vendas teriam sido feitas originalmente pelos Emirados Árabes Unidos.

Não se esqueça, no entanto, que, segundo o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), os Emirados Árabes Unidos são o quarto maior importador de armas do mundo. Trata-se de um recorde estarrecedor quando se leva em consideração de que estamos falando de um país onde a população é de cerca de nove milhões de pessoas, das quais apenas um milhão são de árabes nacionais, sendo o restante pessoal expatriado da Ásia e África para trabalhar. Levando em conta apenas uma base per capita, os Emirados Árabes Unidos são de longe o maior importador de armas do mundo. Além disso, trata-se de um país que, desde que conseguiu sua independência formal da Inglaterra em 1971, nunca esteve em guerra.

O SIPRI afirma, em seu último relatório de tendências globais, que os países árabes do Golfo Pérsico dobraram suas exportações de armas em anos recentes, mesmo partindo de uma base já bastante elevada anteriormente. Atualmente, a Aábia Saudita é o quinto maior exportador de armas do mundo. Catar, Barein e Omã também são grandes destinatários para as vendas de armas das indústrias armamentistas ocidentais.

Com 40% das vendas, o mercado de armas do Golfo Pérsico hoje é dominado pelos Estados Unidos. Outros grandes exportadores para a região são a Alemanha, França e Inglaterra. A Rússia também tem uma forte presença no mercado. Mas a parte do leão é dos aliados da OTAN. Particularmente, a Alemanha tem intensificado suas exportações de armamentos para o Golfo Pérsico, o que está causando alguns problemas para o governo Merkel entre a população alemã, que passou a considerar que o governo alemão está sustentando regimes repressivos e autocráticos. Blindados em geral e tanques Leopard estão entre as mais lucrativas exportações da Alemanha.

Os regimes árabes do Golfo Pérsico se tornaram, dessa forma, arsenais da OTAN. Entre eles, o arsenal da OTAN por excelência é o pequeno EAU, com seu orçamento de segurança de 13 bilhões de dólares anuais.

O novo contrato firmado entre o regime de Kiev e os Emirados Árabes Unidos para o suprimento de armamento tornou-se assim uma nova frente da OTAN para o fornecimento de armas para a Ucrânia. Convenientemente para os governos ocidentais, o arranjo tende a tornar obscura a participação da OTAN aos olhos de seu público, mas apenas superficialmente.

É um mau sinal para o instável cessar fogo costurado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, no início do mês. Putin tem continuamente alertado para a atitude hostil de Poroshenko e outros líderes de Kiev, que acusam rotineiramente a Rússia de agressão, enquanto vomitam bravatas sobre lutar uma “guerra total”. Além de indulgentes com essa retórica inflamada, Washington e União Europeia têm renovado as sanções contra Moscou e lançado a culpa do conflito sobre a Rússia.

A junta em Kiev está claramente usando o empréstimo de 40 bilhões de dólares dos pagadores de impostos ocidentais cedidos através do FMI para comprar armas para aperfeiçoar sua máquina de guerra apoiada pela OTAN. O acordo para a venda de armas dos Emirados Árabes Unidos é apenas uma porta dos fundos para a OTAN introduzir mais e mais armamento e incrementar o belicismo da Ucrânia contra a Rússia.



(assina) Finian Cunningham - nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, em 1963. Especialista em política internacional. Autor de artigos para várias publicações e comentarista de mídia. Recentemente foi expulso do Bahrain (em 6/2011) por seu jornalismo crítico no qual destacou as violações dos direitos humanos por parte do regime barahini apoiado pelo Ocidente. É pós-graduado com mestrado em Química Agrícola e trabalhou como editor científico da Royal Society of Chemistry, Cambridge, Inglaterra, antes de seguir carreira no jornalismo. Também é músico e compositor. Por muitos anos, trabalhou como editor e articulista nos meios de comunicação tradicionais, incluindo os jornais Irish Times e The Independent. Atualmente está baseado na África Oriental, onde escreve um livro sobre o Bahrain e a Primavera Árabe.


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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Washington trabalha para derrubar o governo argentino

Redobram os esforços contra as reformas na América Latina

por Paul Craig Roberts / Mahdi Darius Nazemroaya
tradução: mberublue


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Paul C Roberts – Foi publicada pela Strategic Culture Foundation uma reportagem de Mahdi Darius Nazemroaya sobre o esforço em curso levado a efeito por Washington e pela inteligência argentina para derrubar a presidente reformista da Argentina.

Nenhum governo reformista será tolerado por Washington na América Central e do Sul. Por exemplo: a interferência de Washington em Honduras até conseguir derrubar seu governo reformista foi legendária. Um dos primeiros atos de governo de Obama foi a derrubada do presidente de Honduras, Manuel Zelaya. Aliado do presidente reformista da Venezuela, Hugo Chavez, Zelaya, como Chavez, foi retratado como sendo um ditador e uma ameaça.

Neste momento, Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina estão na lista de governos a serem depostos por Washington.

Por décadas, Washington teve o que eufemisticamente chamava de “relações próximas” com o exército hondurenho. Já na Venezuela, Bolívia e Equador, a aliança se dá com as elites hispânicas, que tradicionalmente prosperam permitindo que os interesses financeiros dos Estados Unidos saqueiem os países. Na Argentina, Washington aliou-se ao serviço de inteligência argentina, que neste mesmo instante está trabalhando com Washington e os oligarcas daquele país contra a presidente reformista.

Washington luta contra as reformas até esmagá-las no intento de proteger a capacidade de saque de seus interesses comerciais. Sobre seu tempo de serviço na América Central o general dos fuzileiros dos Estados Unidos, Smedley Butler, disse: “Servi em todas as patentes, de Segundo Tenente a General. Durante todo este período, gastei a maior parte do meu tempo fazendo as vezes de ‘Leão de Chácara’ para as grandes empresas, para Wall Street e banqueiros. Resumindo, eu não passava de um chantagista do capitalismo”.

Com a já longamente documentada história da interferência dos Estados Unidos nos acontecimentos internos de seus vizinhos do Sul, a charada é saber por que esses países facilitam a derrubada de seus governos acolhendo embaixadas dos EUA e permitindo que empresas norte americanas operem em seu território?

Sempre que um processo político coloca no poder em qualquer destes países um líder que pensa em colocar o interesse de seu povo em confronto com os interesses dos Estados Unidos, este líder ou é derrubado através de um golpe ou assassinado. Para os Estados Unidos, a América do Sul existe apenas para servir aos seus interesses, e cuidam a cada instante para que isso continue exatamente assim. Com a aliança eventualmente desenvolvida pelos EUA com a elite e o exército de determinado país, as reformas sofrem um processo de sabotagem contínua.

Países que se abrem para a entrada de embaixadas dos Estados Unidos, de seus interesses comerciais e de ONGs fundadas nos Estados Unidos não perdem por esperar: mais cedo ou mais tarde sua independência ou sua soberania será subvertida. Uma real reforma na América Latina só acontecerá com a expulsão dos agentes do interesse norte americano e com a desapropriação dos oligarcas.



A politização da Investigação sobre a AMIA (Asociación Mutual Israelita Argentina): pretexto para uma mudança de regime na Argentina?


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Mahdi Darius Nazemroaya – A história tem um jeito estranho de se repetir. Hoje a Argentina está passando por processo semelhante ao acontecido logo depois da queda de Boris Yeltsin, nos anos que se seguiram a 1999, quando Vladimir Putin assumiu o poder, tomando seu lugar no Kremlin como presidente da Federação Russa. Enquanto tenta se safar do jugo estrangeiro, o governo da Argentina em Buenos Aires tem consolidado seu poder econômico e político.

No entanto, o governo argentino tem sofrido a oposição ao mesmo tempo do velho regime e da oligarquia que colaboram, ambos, com os Estados Unidos. Tais forças fazem oposição cerrada contra os maiores projetos nacionais, como a renacionalização de grandes companhias e o fortalecimento do Poder Executivo. Dessa forma, o confronto entre a presidente argentina Cristina Fernandez de Kirchner e seus oponentes são similares aos confrontos entre o Presidente russo Vladimir Putin com os oligarcas e políticos russos que querem subordinar a Rússia a Wall Street e Washington, assim como à Europa Ocidental, grandes centros financeiros.

Não se perde uma oportunidade de enfraquecer o governo argentino. A presidente Fernandez de Kirchner chegou mesmo a acusar publicamente seus oponentes domésticos e os Estados Unidos e trabalharem em conjunto para a mudança de regime. Quando o DAESH ou “Estado Islâmico” ameaçou matá-la em 2014, ela aludiu ao fato de que a ameaça veio na realidade dos Estados Unidos, já que Washington é a entidade que procura fazê-la desaparecer, assim como é quem está por trás do Estado Islâmico e suas brigadas terroristas na Síria e no Iraque. (1)

A morte de Alberto Nisman

O último capítulo da luta do governo argentino começou em janeiro de 2015. No mesmo dia em que Israel matou o General da Guarda Revolucionária iraniana General Mohammed Allahdadi dentro da Síria, o antigo promotor especial Alberto Nisman foi morto por um tiro disparado no lado de sua cabeça no banheiro de seu apartamento fechado em 18 de janeiro de 2015. (2) Nisman tinha investigado o atentado a bomba em 1994 contra um edifício de propriedade da AMIA – Asociación Mutual Israelita Argentina por um período de dez anos. Em 2003 fora nomeado para a tarefa pelo Presidente Nestor Kirchner, o marido já falecido da atual presidente.

Alguns dias antes, ele tinha feito acusações contra a presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner e seu ministro do Exterior Hector Timerman, ele mesmo um judeu. Nas palavras do New York Times Nisman havia “lançado graves acusações”, (3) afirmando “que funcionários iranianos teriam planejado e financiado o ataque; que o Hezbollah, aliado do Irã no Líbano o havia executado; e que a presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, e seus principais assessores tinham conspirado para encobrir o envolvimento iraniano como parte de um acordo para o fornecimento de petróleo do Irã para a Argentina.” (4)

Tendo fugido da Argentina após a morte de Nisman, o jornalista judeu Damian Pachter jogou lenha na fogueira desde Israel tendo mesmo escrito um artigo para o Haaretz que não foi apoiado por ninguém, mas mesmo assim muito citado, no qual busca polemizar com o governo argentino. O artigo de Pachter faz a Argentina parecer um país que vive à sombra do nazismo alemão ou de algum regime fascista. Vejam alguns de seus comentários:

è Não tenho ideia de quando voltarei para a Argentina. Aliás, nem sei se quero voltar. O que eu sei é que o país no qual nasci não é mais o lugar feliz sobre o qual meus avós costumam contar histórias.

è A Argentina transformou-se em um lugar escuro dominado por um sistema político corrupto. Ainda não entendi direito tudo o que me aconteceu nas últimas 48 horas. Mas nunca imaginei que meu retorno para Israel aconteceria desta forma. (5)

Antes de seguirmos em frente, deve ser acrescentado que nos dez anos de investigação de Alberto Nisman, ele nunca chegou a acusar o Irã ou o Hezbollah. Acrescente-se que foi revelado que Nisman consultou frequentemente os Estados Unidos sobre o caso AMIA e que foi frontalmente acusado por Roland Noble, antigo presidente da International Criminal Police Organization (INTERPOL) de ser um mentiroso em relação a muitas das acusações que fez sobre o caso AMIA. (6)

A morte de Alberto Nisman foi noticiada como suicídio. No entanto, o momento em que a morte se deu é muito suspeito. Ele faleceu apenas algumas horas antes de depor no Congresso Argentino. O governo argentino disse que o que aconteceu na realidade foi um homicídio destinado a prejudicar o governo. (7) Essa assertiva se tornou plausível tendo em vista que a morte de Alberto Nisman está sendo usada para fins políticos, como munição para a tentativa de remoção do governo argentino.

A quinta coluna na Argentina

O jornal The Guardian publicou um artigo em 27 de janeiro de 2015 onde relata que a morte de Açlberto Nisman aconteceu “depois de uma luta acirrada” entre o governo argentino e uma importante “agência de inteligência, o que foi revelado depois da morte suspeita de Nisman, tendo a presidente acusado espiões desonestos que tentam solapar o seu governo”. (8) A partir da reportagem, alguns pontos importantes podem ser notados, entre os quais os que segue:

è Funcionários do governo acusaram diretamente alguns espiões que eles dizem que trabalhavam junto com Nisman e ao qual forneciam gravações de escutas.

è Entre eles estava Antonio Stiuso, o qual até o mês passado era o diretor geral de operações para interceptação dos adversários políticos da presidente. Foi demitido quando a presidente Cristina descobriu que ele estava trabalhando em conluio com Nisman na construção de um caso contra ela. Acredita-se que esteja agora nos Estados Unidos.

è Em um discurso em cadeia de televisão – que pronunciou a partir de uma cadeira de rodas depois de recente acidente – Fernandez criticou também Diego Lagomarsino, o qual foi acusado na segunda feira de ter fornecido ilegalmente uma arma para Nisman. (9)

O que se conclui de todas as informações acima é que a segurança e a inteligência argentina desenvolvem operações destinadas a derrubar seu próprio governo. Acrescente-se que Antonio Stiuso e Nisman estavam trabalhando secretamente para estabelecer um caso que possibilitasse a remoção de Kirchner do poder.

A quinta coluna está presente na Argentina. Note-se que muitos dos indivíduos envolvidos neste caso são elementos que restaram do período de ditadura militar na Argentina, a qual colaborava intimamente com os Estados Unidos. Isso pode explicar porque se acredita que Stusio tenha voado para os Estados Unidos. Além disso, este é o motivo que levou o governo argentino a iniciar uma investigação sobre as atividades de vários agentes da polícia federal que estavam monitorando Nisman e porque decidiu substituir a Secretaria de Inteligência (SI – anteriormente Secretaria de Inteligência do Estado ou SIDE) por uma nova agência federal de inteligência. (10) “Todas essas coisas me levaram a tomar a decisão de remover agentes que atuam desde antes da implantação da democracia”, afirmou a própria Kirchner. (11)

“Nós precisamos trabalhar em um projeto para a reforma do sistema de inteligência da Argentina a fim de clarificar um sistema que hoje não está a serviço dos interesses nacionais”, declarou a presidente Kirchner sobre as reformas. (12) Kirchner revelou ainda que a SI estava trabalhando para minar seu governo e anular um acordo que a Argentina tinha assinado com o Irã. O jornal Buenos Aires Herald escreveu que a Presidente Kirchner asseverou que “desde o instante em que foi assinado o Memorando de Entendimento com o Irã sobre o episódio do atentado contra a AMIA em 1994, você pode notar que o acordo vem sendo bombardeado a partir da SI (Secretaria de Inteligência).” (13)

A Argentina é um front da guerra global de múltiplo espectro e a AMIA não passa de um pretexto.

O caso AMIA foi politizado em dois fronts. Um deles é a luta interna e o outro está no campo das relações internacionais. Um grupo de oligarcas argentinos estão usando o caso AMIA para retomar o controle sobre o país, enquanto por outro lado os Estados Unidos estão usando o caso AMIA como mais uma ferramenta adequada, como aconteceu com os fundos abutres, para pressionar a Argentina e interferir em seus assuntos internos.

As opiniões estão se radicalizando dentro da Argentina enquanto os ataques são cada vez mais duros. A morte de Alberto Nisman está sendo usada pelos adversários políticos do governo argentino para demonizá-lo. A oposição está até se referindo a Nisman como um mártir na luta pela democracia e liberdade no país, que supostamente estaria sendo conduzido para um regime cada vez mais autoritário.

O confronto político na Argentina sobre o atentado contra a AMIA reflete uma realidade muito mais grave. O Irã não é o único alvo a ser atingido com a polarização sobre o caso AMIA. Nem se trata de procurar justiça para as vítimas do atentado. China, Russia, Cuba, Brasil, Venezuela, Equador, Bolívia e uma série de outros países independentes também são alvos do que é na realidade uma guerra que se trava entre os EUA e os países soberanos que resistem à influência dos Estados Unidos.

O objetivo final dos Estados Unidos é retomar sua influência perdida na Argentina, redirecionar suas relações comerciais e controlar sua política externa. Isto inclui o fim das medidas lançadas por Buenos Aires no sentido de retomar o controle sobre as Malvinas (Falklands) da Inglaterra. As Malvinas estão situadas em uma região rica em recursos energéticos no Atlântico Sul.

Além da guerra por recursos que incluem as reservas de energia, a guerra de múltiplo espectro lançada pelos Estados Unidos contra seus rivais vai cada vez mais em direção a um assalto à agricultura do qual resultará a desestabilização dos preços dos alimentos e eventualmente a fome. Além de uma ainda não explorada reserva de petróleo e gás natural, a Argentina é uma potência agrícola. Controlar Buenos Aires seria útil para os Estados Unidos.

Notas (em inglês):

[1] Mahdi Darius Nazemroaya, «Eagles of Empire and economic terrorism: Are vulture funds instruments of US policy?» RT, October 24, 2014.

[2] Almudena Calatrava, «Supporters doubt Argentine prosecutor killed self», Associated Press, Janaury 20, 2015; Jonathan Watts, «Argentinian government moves to dissolve domestic intelligence agency», Guardian, January 27, 2015.

[3-4] Isabel Kershner, «Journalist Who Reported on Argentine Prosecutor’s Death Flees to Israel», New York Times, January 26, 2015.

[5] Damian Pachter, «Why I fled Argentina after breaking the story of Alberto Nisman’s death», Haaretz, January 25, 2015.

[6] «Ex Interpol head Roland Noble: What prosecutor Nisman says is false», Buenos Aires Herald, January 18, 2015.

[7-10] Jonathan Watts, Argentinian governments moves», op. cit. 

[11-13] «CFK announces plan to dissolve SI intelligence service», Buenos Aires Herald, Janaury 26, 2015.




Paul Craig Roberts / Mahdi Darius Nazemroaya


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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Washington fez ressurgir a ameaça de uma Guerra nuclear.

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por Paul Craig Roberts
tradução mberublue

Foreign Affairs é a publicação do elitista Conselho de Relações Exteriores, um conjunto de antigos e atuais altos funcionários do governo, aliados a executivos corporativistas e financeiros que tem a pretensão de ser o guardião e elaborador da política externa dos Estados Unidos. Suas publicações carregam o peso da autoridade e não se espera encontrar nelas quaisquer resquícios de humor, mas eu pessoalmente me peguei rindo às gargalhadas ao ler um artigo online publicado em 05 de fevereiro assinado por Alexander J. Motyl, intitulado “Adeus Putin: porque os dias do Presidente estão contados”.

É claro que eu tinha a certeza de estar lendo uma paródia espertinha da propaganda contra Putin patrocinada por Washington. Declarações absurdas parecem sair de uma linha de montagem. É melhor que Colbert (comediante satírico que ridiculariza a política norte americana – NT). Eu simplesmente não conseguia parar de rir.

Para minha tristeza, descobri que aquele amontoado de besteiras não era uma paródia da propaganda de Washington. Motyl, um ardente nacionalista ucraniano, leciona na Universidade Rugers e não está brincando quando escreve que Putin roubou 45 bilhões de dólares, que Putin pretende reerguer o Império Soviético, que Putin tem tropas e tanques na Ucrânia e que foi ele quem começou a guerra naquele país, que Putin é um homem  autoritário  cujo regime é extremamente frágil e sujeito à derrocada a qualquer tempo pelo povo assim que Putin não puder controlar o preço do petróleo em queda, ou através de uma “revolução laranja” orquestrada pelas ONGs financiadas  por Washington e que derrubaria Putin como aconteceu na Ucrânia ou ainda por um golpe de estado perpetrado pela guarda pretoriana de Putin. Se nada disso puder despachar Putin para o inferno, a vontade de Washington se cumprirá através do Cáucaso Norte, Chechênia, Inguchétia, Daguestão e dos tártaros da Criméia, que já estariam totalmente fora de controle. Apenas a relação amistosa do ocidente com a Ucrânia, Belarus e Cazaquistão podem livrar “o resto do mundo do desastroso legado da ruína deixada por Putin”.

Ao ser confrontado com esse nível de incoerência e ignorância em uma publicação supostamente respeitável, tenho uma medida de degradação sofrida pela elite da mídia política ocidental. Toda argumentação insensata é inútil.

O que se vê em Motyl é a mais pura expressão das desavergonhadas propagandas mentirosas que fluem constantemente de órgãos como as “notícias” da Fox News, Sean Hannity (comentarista político de tom fortemente conservador – NT), neocons militaristas, a Casa Branca, poder executivo e o pessoal do Congresso, todos com o rabo preso ao complexo Exército/Segurança Nacional e suas indústrias.

É um bocado de mentiras, mesmo comparando-se com Henry Kissinger.

Como declarou honestamente Stephen Lendman, que documenta uma crescente propaganda anti Rússia: “A guerra dos Estados Unidos contra o mundo é raivosa. O maior desafio da humanidade é deter o monstro antes que ele nos destrua a todos”.

Tudo isso é tão absurdo! Qualquer idiota sabe que se a Rússia realmente colocasse seus tanques e tropas dentro da Ucrânia seria o suficiente para terminar o serviço. A guerra duraria alguns dias, se não algumas horas. O próprio Putin disse alguns meses atrás que se os militares russos entrassem na Ucrânia as notícias não seriam sobre o destino de Donetsk ou Mariupol, mas sobre a queda de Kiev e Lviv.

O antigo embaixador dos Estados Unidos para a União Soviética (1987-91) Jack Matlock pede cuidado contra o ataque propagandístico louco contra a Rússia em seu discurso no Clube Nacional da Imprensa em 11 de fevereiro. Matlock ficou estupefato com o erro estratégico de considerar a Rússia como sendo meramente um “poder regional” incapaz de causar maiores problemas para o poder militar dos Estados Unidos. Nenhum país, disse Matlock, armado com ICBMs numerosos, acurados e móveis tem poder limitado a qualquer região. Isso é um tipo de erro de cálculo arrogante cujo resultado pode ser a destruição do mundo.

Da mesma forma, observou Matlock que toda a Ucrânia, assim como a Crimeia, já foram parte da Rússia por séculos e que nem Washington nem a OTAN tem que meter o nariz em assuntos da Ucrânia.

Também salientou as violações de promessas feitas para a Rússia de que não haveria expansão da OTAN para o leste e que não apenas este, mas outros atos agressivos dos Estados Unidos contra a Rússia acabaram por minar a confiança entre os dois países que Reagan construíra com sucesso.
A educação com que Reagan tratava os líderes soviéticos e a recusa de personalizar as diferenças criaram uma era de cooperação que os imbecis que sucederam a Reagan destruíram, fazendo voltar a ameaça de uma guerra nuclear que Reagan e Gorbachov tinham eliminado.

Matlock disse que a política praticada por Washington é autista, na medida de sua interação social insuficiente, falha em comunicar-se com os demais países e o comportamento restritivo e repetitivo dos Estados Unidos. Você pode ler o discurso (em inglês) de Matlock em:


Não se incomode com o completo imbecil que se revelou Motyl:



Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da ReaganomicsEx-editor e colunista do Wall Street JournalBusiness Week e Scripps Howard News ServiceTestemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch e no Information Clearing House, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.


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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A presstituta (1) americana, desprezível e covarde.

- sempre que Washington ou sua presstituta falam, mentem -


por Paul Craig Roberts

Tradução: mberublue

Fevereiro de 2015, dia 05. Existe uma confusão alvoroçada, um bafafá em andamento que versa sobre um jornalista norteamericano o qual contou uma história sobre estar em um helicóptero numa zona de guerra. O helicóptero teria sido atingido e foi obrigado a pousar. Não sei qual zona de guerra. Os Estados Unidos tem andado tão ocupados criando várias zonas de guerra mundo afora que há certa dificuldade em manter-se atualizado sobre todas elas, e como vocês verão, não estou interessado na história em si mesma.

Ocorre que o tal jornalista pode ter lembrado os acontecimentos de forma incorreta. Ele realmente estava em um helicóptero numa zona de guerra, mas a máquina não foi atingida nem teve que pousar. O jornalista foi acusado de ter mentido na esperança de apresentar-se como “mais experiente do que realmente é.”

O jornalista tem colegas que também trabalham na presstituta e eles caíram para cima dele cheios de acusações. Ele teve até que pedir desculpas para as tropas. Não ficou bem claro de quais tropas estamos falando. A exigência norteamericana de que todos se desculpem por cada palavra dita me traz lembranças da antiga União Soviética, onde, conforme alegado (realidade ou não) por anticomunistas, os cidadãos soviéticos eram obrigados a criticar a si mesmos.

A National Public Radio (02/05/15), achou que tudo isso era tão importante que o programa até tocou uma gravação do jornalista contanto a história. Para mim, parece uma boa história. A audiência do programa gostou e riu muito. O jornalista não se gabou de nenhum heroísmo de sua parte, nem se queixou de qualquer falha por parte da tripulação do helicóptero. Afinal, é normal que helicópteros caiam em zonas de guerra.

Estabelecendo que o jornalista tinha dito que o helicóptero fora atingido quando na realidade isso não se deu, a National Public Radio levou ao programa um psicanalista da Universidade da Carolina, Irvine, que seria um expert em “falsa memória”. O especialista então listou várias razões que podem levar alguém a ter falsas memórias, frisando o ponto de que não é assim tão incomum e que o jornalista muito provavelmente não passa de mais um exemplo. Porém a NPR fazia ainda questão de saber se não era possível ter o jornalista mentido para parecer um ótimo profissional. Não foi explicado porque estar em um helicóptero caindo faz um jornalista parecer ótimo, mas poucos trabalhadores na presstituta quiseram cavar tão fundo na questão.

Agora, vamos ao que interessa. Eu estava ouvindo tudo isso enquanto dirigia, porque é menos deprimente ouvir a propaganda enganosa da NPR que ouvir os pregadores cristãos/sionistas. Na hora anterior a NPR apresentava a seus ouvintes três reportagens sobre a morte de civis nas províncias separatistas do leste e do sul ucraniano. Quando ouvi a reportagem pela primeira vez, a NPR presstituta relatava como um hospital havia sido atingido por explosivos, matando cinco pessoas na República separatista de Donetsk. A presstituta não relatou que esse feito poderia ser de responsabilidade das forças ucranianas, sugerindo em vez disso que poderia ser obra dos “rebeldes apoiados pela Rússia”. Não foi oferecida qualquer explicação quanto aos motivos que levariam os rebeldes a atacar seu próprio hospital. A impressão que ficou, para aquela pequena percentagem de norteamericanos que ainda sabem pensar, é a de que a presstituta não tem permissão para dizer que os ucranianos apoiados por Washington atacaram um hospital.

Em todas as três reportagens o Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, foi ouvido, transmitindo-se sua afirmação de que os EUA estão procurando uma solução pacífica e diplomática, mas os russos estariam bloqueando estas tentativas através do envio de colunas de tanques e tropas para dentro da Ucrânia. Na viagem de volta, ouvi por mais três vezes Kerry afirmando, através da NPR, a alegação acusatória sem pés nem cabeça sobre as tropas e os tanques russos a derramar-se pela Ucrânia. Claramente, a NPR não passa de mais uma voz a serviço da propaganda enganosa sobre a Rússia invadindo a Ucrânia.

Pense um pouco sobre isso. Temos ouvido de altos funcionários do governo dos Estados Unidos, e até do presidente por meses e meses sobre as colunas de tanques russos e das inumeráveis tropas russas entrando na Ucrânia. O governo russo nega essas acusações com firmeza, mas é claro que não podemos acreditar em nada que os russos dizem, porque não podemos acreditar no que dizem os russos demonizados. Não temos permissão para acreditar neles, porque eles foram posicionados como inimigos, e os bons e patrióticos norteamericanos jamais acreditam nos inimigos.

Mas... como podemos ajudar mesmo acreditando nos russos? Se é verdade a alegação de que todas essas tropas e tanques russos realmente invadiram a Ucrânia, o governo fantoche em Kiev já teria caído desde o ano passado e o conflito estaria terminado. Qualquer um que tenha um cérebro sabe disso.

Pronto. Agora chegamos ao meu ponto. Um jornalista qualquer contou uma história inofensiva e quase foi queimado vivo, forçado a pedir desculpas para as tropas por ter mentido. No meio de todo esse bafafá, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, o Presidente dos Estados Unidos, inúmeros senadores, autoridades do Poder Executivo e a presstituta relataram repetidamente por meses após meses que colunas de tanques e tropas russas estavam entrando na Ucrânia. Ainda assim, apesar de todas essas forças russas, os civis das províncias separatistas do leste e sul ucranianos ainda continuam a ser massacrados pelo governo fantoche que os EUA instalaram em Kiev.

Se as tropas e tanques russos são assim tão inoperantes, ineficientes, por que os comandantes da OTAN e os neoconservadores belicistas alertam sobre o terrível perigo que a Rússia representa para os países Bálticos, Polônia e Leste Europeu?

Isso não faz o menor sentido, é ou não é?

 Pois bem. A questão é a seguinte: por que está a presstituta toda em cima de um jornalista infeliz em vez de responsabilizar os Grande Mentirosos, John Kerry e Barak Obama?

A resposta é: não haverá custo para a presstituta ao destruir um qualquer, seja lá porque razão, mesmo que apenas para se divertir, como um “atirador americano” (American Sniper, referência ao filme lançado recentemente- NT), que mata pessoas por diversão sua e de amigos, mas eles seriam botados no olho da rua se apontassem para a responsabilidade de Obama ou Kerry, e sabem disso. Mas eles têm que chamar a atenção, mesmo que seja devorando-se uns aos outros.

Não há possibilidade da existência de uma democracia sem uma mídia honesta. A democracia nos EUA não passa de uma fachada, por trás da qual se operam todas as maldades a que se inclina a humanidade. Pelos últimos 14 anos o povo norteamericano apoiou governos dos EUA que invadiram, bombardearam, ou atacaram com drones sete países, matando, mutilando e deslocando milhões de pessoas sem nenhuma outra razão que a busca de lucro e poder hegemônico. Apesar disso, não há o menor sinal de que isso tenha tirado o sono ou deixado com um peso na consciência qualquer norteamericano.

Quando Washington não está bombardeando e matando, está conspirando para derrubar governos reformistas, como aconteceu com o governo hondurenho que o governo Obama derrubou, e os governos da Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina, que o governo Obama está atualmente tentando derrubar. Não se esqueçam, é claro, do governo democraticamente eleito da Ucrânia que foi vencido pelo golpe de estado de Washington.

O novo governo grego, assim como o próprio Putin, estão na mira.

Washington e sua presstituta servil para justificar tudo assinalaram o governo ucraniano eleito que foi derrubado por um golpe de Washington como uma “ditadura corrupta”. O governo colocado em seu lugar consiste em uma combinação de fantoches de Washington e neonazistas que fazem questão de ostentar em suas forças militares insígnias nazistas. Mas é claro que a presstituta americana esmera-se em não notar as insígnias nazistas.

Pare um pouco e pergunte a si mesmo porque um episódio insignificante como a mentira de um jornalista qualquer merece um estardalhaço da mídia americana enquanto as flagrantes, extraordinárias, descaradas e nuas mentiras de Kerry e Obama são olimpicamente ignoradas pela presstituta?

Talvez você tenha esquecido o quanto são eficientes as forças militares russas. Rebusque na memória e lembre qual foi o destino do exército da Geórgia, treinado e equipado por Israel e Estados Unidos e que Washington atiçou na Ossétia do Sul. A invasão perpetrada pela Geórgia na Ossétia do Sul acabou por resultar em mortes de soldados russos de forças de paz e de cidadãos russos. Os militares russos intervieram e em cinco horas derrotaram inapelavelmente o exército georgiano, treinado e equipado pelos Estados Unidos e Israel. Nesse momento, toda a Geórgia estava nas mãos do exército russo, que recuou assim mesmo, mantendo a independência da antiga província da Rússia, apesar das mentiras de Washington, de que Putin pretendia restaurar o Império Soviético.

A única conclusão a que deve chegar qualquer cidadão norteamericano é que cada declaração do governo americano replicada pela mídia presstituta é uma mentira ignóbil, que serve apenas para uma agenda secreta que os norteamericanos não apoiariam, se dela tivessem conhecimento.

Sempre que Washington ou sua presstituta falam, mentem.


(1)   [presstitute] Neologismo criado por Gerald Celente, através da união das palavras “press” (imprensa) e “prostitute” (prostituta), usado largamente entre articulistas para designar a mídia americana, em sua maioria cooptada pela propaganda enganosa de Washington. Vários tradutores brasileiros a traduzem como “presstituta”.

Paul Craig Roberts. (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da ReaganomicsEx-editor e colunista do Wall Street JournalBusiness Week e Scripps Howard News ServiceTestemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch e no Information Clearing House, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.



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