UM MASSACRE MUITO CONVENIENTE
Quanta diferença pode fazer um único massacre!
Quanta diferença pode fazer um único massacre!
por Dmitry Orlov
tradução por
mberublue
17 de
novembro de 2015 - Information Clearing House
– apenas uma semana atrás a União Europeia não conseguia pensar em nada que
pudesse fazer parar o fluxo de “refugiados” que vinham daqueles países que os
Estados Unidos e a OTAN tinha bombardeado até a destruição. Mas agora, por que “Paris
mudou tudo” as fronteiras da União Europeia estão sendo fechadas e os refugiados
forçados a retornar.
● Apenas uma semana atrás parecia que os governos europeus estavam sendo afogados por um nacionalismo ressurgente que estava prestes a chegar ao poder através do voto. Mas agora, graças ao massacre em Paris, eles obtiveram uma sobrevida, porque podem abraçar tranquilamente as mesmas políticas que há uma semana chamavam de “fascistas”.
● Apenas uma semana atrás a União
Europeia e os Estados Unidos não podiam permitir a si mesmos a admissão de que
eram totalmente incompetentes para dar combate à própria criação – quer dizer,
o Daich/ISIS/ISIL – e precisavam da ajuda da Rússia. Mas agora, na sequência do
encontro de cúpula do G-20, estão todos prontos para manter a linha e deixar
que Putin toque a guerra contra o terrorismo. Vejam só – até os
(norte)americanos conseguiram finalmente ver aqueles comboios de caminhões
tanques que se estendem até o horizonte e que o Daich/ISIS/ISIL usa para
transportar o óleo cru que roubam dos campos da Síria – depois que Putin lhes
mostrou fotos de satélite!
Estou por acaso sendo grosseiro e insensível? Não mesmo – Deploro todas as mortes causadas por ataques terroristas no Iraque, na Síria, no Líbano e em todos os outros países cujas populações nunca fizeram absolutamente nada para merecer tal tratamento. Eu só me sinto muito mal em relação aos franceses, que ficaram quietinhos enquanto seu exército ajudava a destruir a Líbia (que também nada fez para merecer isso).
Por favor, observe que depois que o jato russo caiu no Sinai, não vi ninguém colocando avatares com a bandeira russa depois daquela tragédia, nem vi velas ou flores ou vigílias nas várias capitais ocidentais. Pelo contrário, cheguei a perceber um certo cheiro de satisfação arrogante, como se a Rússia estivesse pagando um preço justo por ter avançado o sinal na Síria.
Por que as reações diferentes? Simples: disseram que você tinha que lamentar as mortes em Paris e você fez exatamente isso. Não disseram para você lamentar as mortes dos russos com a queda do avião, então você não lamentou. Não se sinta mal. Você só está seguindo ordens. O raciocínio por trás dessas ordens é transparente: os franceses, juntamente com o resto da União Europeia, são fantoches à disposição de Washington; portanto, eles são totalmente inocentes de tudo, e quando são mortos, isso é uma tragédia. Mas os russos se recusam a ser fantoches de Washington, daí não são considerados inocentes, e portanto, quando são assassinados por terroristas, estão apenas sofrendo uma justa punição. Mais: quando iraquianos, sírios ou nigerianos são assassinados por terroristas, isto também não é uma tragédia, por uma razão totalmente diferente: são pobres demais para que alguém se importe. Para que alguém se classifique como vítima de uma tragédia aos olhos ocidentais, têm que ser estas três coisas: 1) fantoche dos Estados Unidos; 2) rico e 3) morto.
Acrescente a tudo
isso que você muito provavelmente acredita que os ataques terroristas em Paris
foram autênticos como tal – ninguém poderia sequer imaginar que isso poderia
vir a acontecer e também não se conseguiria impedir o ataque, já que os tais
terroristas são inteligentíssimos e conseguem burlar a vigilância estatal
onipresente. Não se sinta mal quanto a isso, também; você está apenas
acreditando no que lhe mandaram acreditar. Está na cara que você acredita
também que combustível para jatos podem derreter vigas de aço e que arranha-céus
podem desabar sobre os próprios alicerces (atingidos ou não por aviões). Claro
que você é livre para acreditar no que quiser, mas vou lhe dar um par de dicas
fáceis de entender para lhe mostrar o que é real e o que é falso:
● Se for falso, então saberemos imediatamente (às vezes antes de acontecer) quem são os perpetradores do atentado. Se for real, então a verdade só é descoberta depois de uma investigação completa e detalhada. Assim, por exemplo, soube-se imediatamente após os acontecimentos trágicos de 9/11 que os terroristas eram um punhado de sauditas armados com estiletes (alguns dos quais, por incrível que pareça, ainda estão vivos). Em Paris, soube-se imediatamente que os culpados pelo atentado eram militantes do Daich/ISIS/ISIL, e isso mesmo antes de termos conhecimento sobre a identidade deles. Quando o jato da Maylasian AirLines foi abatido sobre território ucraniano, a Rússia foi no mesmo instante acusada como culpada (ninguém se importou com o fato de que os ucranianos implantaram um sistema de defesa aérea e armaram dois jatos com mísseis ar/ar, para lutar contra um inimigo que não tinha [e ainda não tem] força aérea). Já em relação ao jato russo abatido sobre o Sinai, ainda não sabemos o que aconteceu exatamente. Como deveria ser em todos os casos, está sob investigação. Quando os fatos são reais, os encarregados pela investigação solicitam cautela e pedem tempo enquanto tentam descobrir o que aconteceu. Quando se trata de uma operação de falsa bandeira, os investigadores estão prontos para concordar imediatamente com qualquer Grande Mentira Oficial e em seguida fazem e tudo para manter a mentira, suprimindo qualquer resquício de prova que pudesse vir a ser recolhida por investigadores independentes.
Saco, esqueci meu passaporte! |
●
Se for falso, pode contar com algumas coisinhas bem arrumadinhas para o evento:
logotipos de desenhistas imaginativos como se fossem para campanhas
publicitárias, a serem lançados imediatamente junto com o evento, seja uma
frase “Je Suis Charlie” ou um desenho inspirado com o símbolo da paz se
fundindo com a Torre Eiffel. Não havia, porém, adereços desse tipo quando da
tragédia do jato russo, onde morreram 224 pessoas, a não ser que você considere
como algo de bom gosto um desenho do Charlie Hebdo de um foguete jihadista a
fazer sexo anal com um avião de passageiros. Nos eventos falsos, também abundam
bugigangas para provocar um frenesi-quase-êxtase da mídia, coisas já
tradicionais como passaportes falsos encontrados ao lado de um dos autores, porque
é fato sabido que todos os terroristas quando saem em missão suicida sempre
levam seus passaportes falsos no bolso. O pior de tudo é que as pessoas que são
encarregadas de montar essa farsas trágicas nem imaginação têm: normalmente repetem
as mesmas coisas que já fizeram antes.
Podemos esperar
quase com certeza que ataques de falsa bandeira, com mais massacres como esse
aconteçam – a qualquer momento em que a situação política se torne preocupante
o bastante para que mais um mostre a cara feia – porque nesta altura do jogo
político e na postura prontos-para-tudo em que o ocidente se meteu, as células
jihadistas são menos custosas e podem ser eficaz e facilmente implantadas.
Claro que devemos sempre lamentar a perda de vidas humanas que,
lamentavelmente, a cada ano se tornam uma mercadoria mais e mais desprezada, mas
claro que há coisas que importam mais que meras vidas humanas. Devemos lamentar
principalmente porque isso é verdade.
Dmitry Orlov – é um engenheiro russo/Americano e um escritor focado
principalmente no “Potencial Declínio e Colapso econômico, ecológico e político
dos Estados Unidos” algo que ele chama de “crise permanente” – http://cluborlov.blogspot.com.uk
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