sábado, 7 de novembro de 2015

A “Troika Midiática”: Imprensa financeira e Guerra Política (parte 01)        



O extremismo da “imprensa empresa”: As distorções, fabricação de fatos e fraudes na imprensa financeira.         


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por James Petras        

Tradução mberublue          Comentário do tradutor: Aqui se fala da imprensa dos Estados Unidos, mas você, leitor brasileiro, terá a nítida impressão que falam da NOSSA Troika – Folha, Estadão e Globo.       



Novembro de 2015 - "Information Clearing House" – Com o colapso dos países comunistas em meados dos anos 1990s e sua conversão ao capitalismo, ao que se seguiu o advento dos regimes neoliberais através principalmente da América Latina, Ásia, Europa e América do Norte, os regimes imperialistas nos Estados Unidos e União Europeia estabeleceram um novo espectro político, no qual os padrões de aceitabilidade foram reduzidos e expandidas as definições para inimigos/adversários.

Os Estados Unidos e a União Europeia, durante o último quarto de século passaram a prestar atenção ao que julgavam ser seus inimigos sistêmicos (Estados e Movimentos anticapitalistas e anti-imperialistas), e atacaram países capitalistas que

1 – passassem a adotar políticas ou Keynesianas ou nacionalistas ou distributivas;

2 – tomassem posições contra intervenções militares, golpes ou instalação de bases (norte)americanas;

3 – Se alinhassem a potências capitalistas não ocidentais;

4 – firmassem posição contrária à colonização da Palestina por Israel ou ao financiamento pelos países do golfo, de terroristas islâmicos;

5 – se recusassem, a qualquer tempo, seguir as políticas das casas financeiras de investimentos de Wall Street ou da City de Londres, bem como fossem contra a ação de especuladores ou de fundos abutres.

Os regimes imperiais do ocidente (falamos especificamente sobre Canadá, Estados Unidos e União Europeia), exercem e exerceram seus poderes de propaganda enganosa, político, militar e econômico para:

1 – Ou eliminar ou limitar as opções de variedades de opções para países capitalistas;

2 – controlar as formas de relações Mercado/Estado e

3 – assegurar o cumprimento de seus desejos através de invasões militares, ocupações de territórios e sanções econômicas contra adversários específicos.


A “Troika Midiática”: Imprensa Financeira e Guerra Política.


Os maiores jornais considerados profissionais e de grande circulação nos Estados Unidos desempenharam um papel decisivo na disseminação de uma linha política considerada aceitável para as políticas capitalistas depois da queda do comunismo e são:  The Wall Street Journal (WSJ), The New York Times (NYT) e o Financial Times (FT) – a “Troika” – engajaram-se de forma sistemática em uma guerra política agindo como uma verdadeira arma de propaganda enganosa virtual dos governos imperialistas dos Estados Unidos e União Europeia, em suas tentativas de impor e/ou manter no status de vassalos aqueles países e economias “regulares”,  desde que esse conceito esteja acordo com as necessidades das instituições financeiras Ocidentais.
A propaganda enganosa da Troika não só reflete os interesses e políticas determinadas pelas elites governantes, mas seus editores, jornalistas e comentaristas moldam a política através de suas reportagens, análises e editoriais.

Os métodos da Troika  para essas operações políticas e a própria substância de suas políticas eliminam a possibilidade de qualquer tipo de reportagens equilibradas.

Dia sim, dia não, a Troika ou (1) fabrica “crises” direcionadas a adversários ou inventa promessas ilusórias de “recuperação” para os países vassalos; ou (2) distorce e/ou omite informações favoráveis daqueles considerados adversários, rejeitando-os como “autoritários” ou “corruptos”. Em contraste, os vassalos administrados de forma submissiva ao ocidente são descritos como “pragmáticos” e “realistas”. A Troika, em relação aos adversários, chama de “ameaças militares” e “comportamento agressivo” mesmo as suas políticas voltadas apenas para a defesa. Já em relação aos estados vassalos que estejam promovendo invasões ou agressões, toda ação é justificada como retaliatória ou defensiva.

Uma leitura cuidadosa das reportagens pelos escribas regulares da Troika por um período de dois anos revela o uso de termos pesados e corrosivos na descrição dos líderes dos países considerados adversários. Assim o leitor é preparado para uma avaliação parcial e negativa do passado, presente e futuro das políticas adotadas pelo regime visado

Desde que determinado governo de um país qualquer e seus líderes estejam na alça de mira da Troika e dos Estados Imperiais, todas as notícias subsequentes desses países e líderes são direcionadas no fito de apresentar seus motivos como “pérfidos” e os impactos sociais e econômicos de suas políticas como “catastróficos”.

Não importa o quanto esteja errada, enganada ou deliberadamente falsa a Troika em suas análises, predições ou prognósticos incorrendo em erros grotescos – nunca há qualquer tipo de correção.

Assim que um determinado governo seja designado como “inimigo” e esteja no ponto para uma mudança de regime, a Troika passa a reciclar notícias, tornando-as mensagens hostis contra aquele governo numa base quase diária. Só dando uma olhada nas manchetes da Troika seus leitores já sabem pelo menos três quartos dos “comentários”, “reportagens” ou “artigos”. Talvez uma pequena porção da reportagem possa se referir de forma tangencial a algum eventual aspecto ou decisão política pelo qual a diatribe foi lançada.

Trabalhando lado a lado com os regimes imperiais Ocidentais, a Troika coloca em seu radar os mesmos regimes visados pelo Império, usando exatamente os mesmos termos que os porta vozes da política imperial.

Nós discutiremos nesta análise os principais regimes e políticas que a Troika, junto com seus parceiros do império Ocidental quer enfraquecer ou destruir. A partir disso, vamos avaliar os procedimentos da Troika, suas interpretações e seu histórico desde o começo da investida contra eventual alvo até o presente. Com isso, chegaremos à conclusão de que uma antes poderosa e “séria” imprensa financeira se transformou em um triunvirato de belicistas obsessivos.


Os regimes visados pela Troika: alardeando seus fracassos e escondendo seus sucessos.


A propaganda de Guerra promovida pela Troika não apenas converge com as políticas de desestabilização (mudança de regime) dos estados imperiais, mas também pode ser e é dirigida para incremento de políticas específicas e acordos entre supostos aliados, parceiros e mesmo estados vassalos.

A intensidade da corrosão e a frequência de artigos hostis variam de acordo com o nível do conflito entre o regime imperial e os seus alvos para “mudança de regime”. Quanto maior o conflito, mais violenta se torna a linguagem.

Encontramos hostilidade intense da Troika na forma de ataques frequentes e histéricos dirigidos diretamente contra Rússia, China, Argentina e Palestina. Mesmo qualquer suspeita de suposto “desvio” por vassalos, como Chile ou Brasil, na forma de legislação social doméstica, são objetos de duras críticas e alertas de graves consequências.


As calúnias da Troika contra a Rússia


Conforme o nível de cada alvo, variam os ataques da Troika. No caso da Rússia, a Troika rotineiramente denuncia o Presidente Vladimir Putin como um governante autoritário que está minando a democracia russa. Afirmam acusatoriamente que a economia russa estaria em crise e à beira de um colapso iminente. Vilificam a assistência militar prestada pela Rússia ao Presidente da Síria, Bashar al-Assad. Questionam a viabilidade dos tratados e acordos militares e econômicos da Rússia com a China. Em suma, a Troika apresenta a Rússia como um país que um dia foi pacífico, democrático e atento ao cumprimento da legislação internacional (durante os anos cleptocráticos do governo de Yeltsin nos anos 1990s), que teria sido tomado por agentes secretos a extinta KGB, os quais teriam embarcado em enormes aventuras militares imprudentes no exterior, que estariam reprimindo suas populações muçulmanas (na Chechênia e no Daguestão) e que estaria caminhando em direção ao abismo econômico por má administração e sanções econômicas ocidentais. Só esquecem sempre de reportar e nem tentam explicar porque o “autoritário” Vladimir Putin mantém sua popularidade no máximo (quase 90% de aprovação - NT) entre os cidadãos de seu país, apesar da litania maléfica da Troika.


Os fantoches ucranianos com aprovação de apenas de 1%, apoiados pela Troika:


Em dezembro de 2013, a secretária assistente de Estado para assuntos da Europa e Eurásia, Victoria Nuland, a diplomata de boca suja, dominatrix de fantoches e fanática por políticas de austeridade, gabava-se de que Washington havia esbanjado 5 (cinco) bilhões de dólares na Ucrânia com o objetivo de aplicar uma “mudança de regime” e instalar no país em regime fantoche liderado pelo Presidente Petro Poroshenko e Arseniy Yatsenyuk (Yats, nosso garoto) como primeiro ministro. Obediente e submisso aos seus patrocinadores ocidentais e à Troika, Yatsenyuk determinou a assinatura de um tratado com o FMI e  a aplicação de programas de austeridade, podando salários e pensões do cidadãos ucranianos pela metade, reduzindo o PIB em 25%, acabando com subsídios para combustível e comida e triplicando o desemprego. Essas políticas econômicas acarretaram lucros extraordinários para seus comparsas bilionários capitalistas e intensificaram a corrupção no país. O golpe de Nuland foi classificado pela Troika como uma “revolução democrática” aplaudindo Yatsenyuk pela aplicação vigorosa dos ditames dos programas do FMI e predizendo um brilhante futuro para a Ucrânia...

Apesar do descontentamento. Da disseminação da raiva que cresce entre os cidadãos da Ucrânia, Yatsenyuk continua a alimentar seu ego doentio, lendo os editoriais da Troika que louvam incessantemente sua coragem de permanecer no curso da austeridade, ignorando a opinião pública de seus compatriotas, até o evento das eleições de 25 de outubro de 2015.

Com a aproximação das eleições, e com as pesquisas de opinião revelando que 99% do eleitorado (pesquisas estas que excluíram a opinião dos cidadãos da região do Donbass), rejeitavam completamente Arseniy e suas políticas (agora, Arseniy é conhecido como “o imbecil dominado pela Nuland”), e face a face com a rejeição universal de miséria e capitalismo de compadrio, ele retirou seu partido (a Frente Popular [sic]) das eleições, mas não do “governo democrático”...

Por dois anos a fio a Troika elogiou prazerosamente a junta em Kiev, inventando reportagens sobre as supostas “reformas” econômicas positivas de Kiev... que beneficiaram os 15 de corruptos oligarcas enquanto empobrecia as massas. As fábricas de propaganda enganosa da imprensa ocidental distorciam sistematicamente as reações que ocorriam entre o povo ucraniano, citando “experts anônimos” e “homens nas ruas” que nunca existiram para louvar as políticas que levaram à derrocada do país. Jamais a Troika mencionou, nestes dois anos de mentiras e “jornalismo” escrachado, as pilhagens de a miséria crescente sob o governo do Primeiro ministro Arseniy Yatseniuk. Quando “Yats” foi confrontado com o total repúdio de que goza em seu próprio país, ele ironicamente desprezou a opinião pública ucraniana, afirmando que “não está preocupado com classificações temporárias (sic) sobre partidos políticos”. Sua indiferença para com um repúdio eleitoral de 99% está embasada na ilusão de que continuará indefinidamente primeiro ministro, afinal de contas é louvado todos os dias pelos Estados Unidos, União Europeia, o FMI e... a Troika midiática.


A Troika e a China: agora cai, agora quebra, agora…


Em seu “pivoteamento jornalístico para a Ásia”, a Troika se emprenha em depreciar o alto crescimento econômico chinês questionando repetidamente seus dados, predizendo mês sim mês não crises iminentes, desagregação e descontentamento massivo.

As políticas de defesa da China são classificadas pela Troika como “ameaça militar contra seus vizinhos” e cola em sua políticas de investimento e comércio no estrangeiro a pecha de “exploração neocolonial”.

A campanha nacional da China contra a corrupção e o castigo duro aplicado a funcionários corruptos é mencionado pela Troika como sendo “um expurgo político de um presidente sedento de poder”.

A Troika é capaz mesmo de atribuir a um mero “roubo cibernético de inovações ocidentais” os avanços chineses em ciência e tecnologia.

A movimentação de trabalhadores chineses (migração interna) para áreas com melhores condições de trabalho, investimento e salários mais vantajosos é chamado de “colonização”.

As respostas de governos chineses ao terrorismo praticado por separatistas armados no Tibete e em Xinjiang ocidental (uigures – NT) são denunciadas pela Troika como “sistemática violação por Pequim dos direitos humanos das minorias”.

... continua...


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