sexta-feira, 15 de maio de 2015

Washington recuperou o bom senso?


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por Paul Craig Roberts
http://www.paulcraigroberts.org/2015/05/15/washington-coming-senses-paul-craig-roberts/

tradução mberublue



A visita apressada do Secretário de Estado estadunidense John Kerry à Rússia já provocou muita especulação, dado que ocorreu justamente na esteira da exitosa celebração do Dia da Vitória em 09 de maio. Em 11 de maio o secretário Kerry, que havia anteriormente  desdenhado a Rússia no dia 09 estava a caminho da Rússia, tendo Putin consentido em recebê-lo no dia 12 de maio.

Apenas com o passar do tempo descobriremos porque Kerry menosprezou Putin em 09 de maio e apenas três dias depois estava criticando o regime fantoche de Washington atualmente instalado na Ucrânia. Pelo que se sabe até agora, uma das possíveis explicações é que Washington finalmente recuperou seu bom senso.

Caso você tenha assistido o vídeo de uma hora e vinte minutos da Parada do Dia da Vitória, você deve ter percebido que a celebração não foi apenas uma festa e transmitiu uma mensagem poderosa. A Rússia é uma potência militar de primeira classe, além de estar claramente apoiada pela China e pela Índia, cujos soldados marcharam juntamente com os russos na parada.

Então, enquanto o cada vez mais irrelevante ocidente continua engolfado em um narcisismo doentio, sonhando com a própria e suposta importância e desprezando as celebrações da vitória que o Exército Vermelho lhe deu contra Hitler, os três maiores países do mundo estavam presentes. Juntos. A Rússia é detentora da maior massa geográfica e a China e a Índia, também países enormes geograficamente falando, têm as maiores populações do mundo.

A celebração em Moscou, entre outras coisas, serviu para deixar claro que Washington falhou miseravelmente na tentativa de isolar a Rússia. O que Washington conseguiu mesmo foi unir ainda mais os países do grupo BRICS.

A celebração, que viu o presidente da China sentado ao lado direito de Putin, tornou cristalino, mesmo para os imbecis que fazem parte do staff de Obama, que Washington já não é um poder onipotente.

Pensem agora no impacto causado entre os fantoches de Washington na Europa, os quais são a parte mais importante do império norte americano. Os Europeus estão cientes que duas das maiores potências militares que a história registrou não sobreviveram quando resolveram invadir a Rússia. Napoleão perdeu o Grande Exército na Rússia e Hitler viu a Wehrmacht destroçada na Rússia. Os Europeus estão sabedores de que estão sendo empurrados para um conflito contra a Rússia, apenas para defender os interesses de Washington nos seus desejos de hegemonia mundial. Mesmo acostumados a obedecer a Washington, quando o assunto é lutar contra a Rússia as dissensões começam a pipocar. Já se podem ver sinais de tentativas de independência na política externa europeia, quando Merkel e Hollande se encontraram com Putin para tentar solucionar o conflito na Ucrânia, orquestrado por Washington.

Tendo que encarar a falha completa de suas tentativas de isolar a Rússia, em combinação com a emergência de uma política externa independente na Europa, Washington enviou Kerry para pedir a Putin que trabalhe para encontrar uma maneira de amenizar a crise ucraniana. As atividades pacificadoras de Putin permitirão que Washington não passe tanta vergonha, livrando um pouco a cara, mas isso não é nada agradável para os neoconservadores do complexo exército/segurança nos EUA. Já investiram pesadamente na arrogância de Amerika über alles (Amerika über alles – aqui, o autor faz um jogo de palavras com o primeiro verso do hino alemão “Deutschland, Deutschland über alles” ou seja: Alemanha, Alemanha acima de tudo – NT) e estão no momento babando pelos lucros que adviriam de uma nova guerra fria. Ou quente.

Resumindo, Obama, Cameron e Kerry terão que aprender a fazer mágica: eles têm “apenas” que fazer uma transição instantânea – da demonização de Putin para o trabalho em conjunto com o presidente russo.

Agora, os Estados Unidos pretendem usar a sedução, não tendo tido sucesso ao usar a força contra a Rússia. Mas se os povos do ocidente esperam escapar do estado policialesco que Washington impôs ao mundo ocidental, eles precisam rezar muito para que Putin não seja seduzido.

Não há estadistas no ocidente. Existe apenas o egoísmo e a arrogância. A “liderança” ocidental baseia-se na exploração. Tendo saqueado impiedosamente os países não ocidentais, agora o ocidente começa a comer as próprias entranhas, através do saque efetuado contra a Irlanda e a Grécia, com a Itália, Espanha e Portugal como os próximos alvos para a pilhagem e o roubo. A própria população norte americana foi saqueada cruamente ao perder seus empregos, suas aspirações de progresso pessoal e seus direitos civis.

O modelo ocidental de “capitalismo democrático” não é democracia nem capitalismo, mas uma forma de fascismo conduzida por uma oligarquia. O país que mais desesperadamente necessita de uma mudança de regime são os Estados Unidos.


Paul Craig Roberts - (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da ReaganomicsEx-editor e colunista do Wall Street JournalBusiness Week e Scripps Howard News ServiceTestemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch e no Information Clearing House, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.
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