sábado, 31 de outubro de 2015

Daesh pode derrubar jato de passageiros?    
Não.    
Por que diz que derrubou?    
Propaganda.           



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Tradução pelo Coletivo de tradutores da Vila Vudu         

O Estado Islâmico não tem capacidade para derrubar jato de passageiros, disse à RT o especialista em segurança Charles Shoebridge. Segundo os especialistas, os terroristas declararam-se autores do ataque para efeito de propaganda, como se estivessem "punindo" a Rússia por suas operações na Síria.


RT: Daesh diz que derrubou o jato de passageiros russo com um míssil. Mas eles têm realmente capacidade para isso?


Charles Shoebridge (CS): Não. Todos sabem que o Estado Islâmico não tem capacidade para derrubar avião que voasse àquela altitude, aproximadamente 10 mil metros. É a mesma altitude de cruzeiro do voo MH17 da Malásia Airlines que sobrevoava a Ucrânia.


Foi informado corretamente que o avião estava fora do alcance de quaisquer mísseis que os terroristas tenham na Síria. Em teoria, poderiam derrubar o avião por ato de sabotagem cometido ainda no aeroporto, por exemplo, com uma bomba a bordo. Mas as testemunhas e informações colhidas no local parecem ser muito claras, no sentido de que o cenário não foi esse. Por enquanto, a causa mais provável é falha técnica.


RT: E por que os terroristas se declarariam autores do que se viu lá?


CS: É consistente com o método de operação deles, não só do Estado Islâmico, mas de qualquer outro grupo terrorista em todo o mundo. Há também sites e canais de comunicação conhecidos por pertencerem a grupos terroristas. Qualquer um, pela internet e redes sociais, pode fazer declarações em nome do grupo.

Mas há razões para essa declaração, nesse caso. A declaração do Daesh pode ser vista como um 'revide' – é o que eles querem fazer crer que seria – contra o efetivo engajamento dos russos na Síria, contra os terroristas, em semanas recentes.


RT: Air France e Lufthansa disseram que não mais voarão sobre a Península do Sinai. O senhor acha que é exagero?


CS: Acho que ninguém pensaria nessa providência, se não houvesse o precedente do MH17. Se você lembra, a Ucrânia não fechou seu espaço aéreo, apesar do conflito armado no leste. E é compreensível que, ante o barulho que a mídia-empresa fez na divulgação do caso recente (com destaque, sempre, para o fato de o avião ser de empresa russa), algumas empresas de aviação adotaram medida preventiva e decidiram mudar seus planos de voo, nem tanto por temor de consequências jurídicas futuras, mas, principalmente, para tranquilizar os passageiros.




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Tropas no teatro de Guerra na Síria? O Pentágono quer é resgatar seus mercenários do “Estado Islâmico”.                         


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Prof. Michel Chossudovsky                    
Tradução mberublue                                          

O Secretário de Defesa Ashton Carter, em 27 de outubro de 2015, anunciou que o Pentágono está planejando uma “ação direta em solo” tanto no Iraque quanto na Síria, “em um esforço para combater o grupo terrorista autoproclamado Estado Islâmico” (Sputnik, 27 de outubro de 2015).

No entanto, a agenda nem assim tão escondida não é “combater contra” e sim “proteger e vir em resgate” do grupo terrorista Estado Islâmico.

O que há de novo nisso? Estaremos apenas testemunhando mais um processo de escalada militar.
Afinal, os Estados Unidos e seus aliados já têm botas no terreno na Síria. Não é oficial, claro, é uma assim chamada “operação encoberta” da qual o mundo inteiro tem conhecimento.

O Pentágono, juntamente com a OTAN, a Turquia e Israel, et al, enviam para o teatro de guerra na Síria, de maneira rotineira, seus conselheiros, forças especiais e agentes de inteligência. Essas forças estrangeiras têm realizado operações junto com as fileiras rebeldes desde que a guerra começou nos idos de março de 2011.

Enquanto nem Washington nem a mídia empresa reconhecerem explicitamente a presença desses ativos dentro da Síria, deve-se entender que estes grupos ocidentais de forças especiais desempenham papel de rotina como comandantes de vários grupos terroristas em colaboração com a coalizão Estados Unidos/OTAN. Em outras palavras, são largamente responsáveis por coordenar inúmeras operações terroristas do Estados Islâmico e da al-Nusra (al-Qaeda na Síria – NT) dentro da Síria em nome da coalizão liderada pelos Estados Unidos. Não é necessário dizer, portanto, que eles são também apoiados pela campanha aérea lançada pelos Estados Unidos, a qual teoricamente deveria estar alvejando (em vez de proteger) o Estado Islâmico.


 “Responsabilidade de Proteger” – R2P os terroristas.


Como reação ao bombardeio russo contra o Estado Islâmico, Washington agora está intentando anunciar “oficialmente” (bem, eles fazem isso desde quatro anos atrás) sua resolução de ter tropas no terreno em uma operação militar extensiva. Desnecessário colocar aqui que tal operação, se for levada a efeito sem aprovação do Conselho de Segurança da ONU constituirá uma violação direta da lei internacional (Nurenberg)

O que a administração Obama está considerando fazer, é a colocação de um pequeno número de tropas no terreno na Síria, misturadas entre tropas curdas ou junto à “oposição moderada”, relatou o jornal “The Wall Street Journal” na quarta feira, citando funcionários estatais dos Estados Unidos.
O exército dos Estados Unidos propõe também enviar um grupo de conselheiros de guerra para a linha de frente no Iraque e possivelmente também entre os rebeldes sírios. Entretanto, a proposta é qualificada pelo jornal como o cenário mais improvável para acontecer.
  
Por outro lado, a Casa Branca examina também a opção de enviar um pequeno esquadrão de helicópteros de ataque Apache para o Iraque a serem usados na luta contra o Estado Islâmico, afirmou o jornal. A medida implicaria em dispor centenas de soldados dos Estados Unidos no Iraque, de acordo com o diário. Washington preside a coalizão que tem feito ataques aéreos contra posições do Estado Islâmico na Síria e no Iraque desde 2014. Na quinta feira, o Secretário de Defesa Ashton Carter disse que o Pentágono não exclui a execução de ataques no solo contra os terroristas do EI (Sputnik, 28 de outubro de 2015).

Uma zona de exclusão aérea

Outro importante tópico que se pode inferir da declaração do Secretário de Defesa Ashton Carter é o de que mesmo enquanto a instalação de uma “zona de exclusão aérea” não esteja nos planos para o futuro imediato, ela no entanto permanece como opção válida: “o Presidente Barak Obama não descartou a opção, e a implantação de uma zona de exclusão aérea continua sobre a mesa”.
Enquanto isso, o Qatar anunciou que também está pensando em mandar tropas para o teatro de guerra na Síria. A declaração feita por Doha muito provavelmente foi elaborada por Washington. De acordo com o Ministro de Relações Exteriores do Qatar, Khalid al-Attiyah, o país pode intervir na Síria como resposta à intervenção desencadeada pela Rússia em apoio ao regime de Bashar al Assad (CNN árabe, 21 de outubro).
 “Faremos qualquer coisa para proteger a nação e o povo sírio da partição, sem poupar esforços, sejam quais forem, juntamente com nossos irmãos turcos e sauditas”.
Ocorre que desde o início, o Qatar age como um pau mandado dos Estados Unidos. Junto com a Arábia Saudita, o Qatar contribuiu e contribui para o recrutamento, financiamento e treinamento dos terroristas afiliados da al-Qaeda, entre os quais se incluem o Estado Islâmico e al-Nusra.
Estamos numa perigosa encruzilhada

A diplomacia internacional está em ruínas. A política externa dos Estados Unidos é feita por ignorantes corruptos, inconscientes das implicações de suas ações.
Os ataques aéreos que os EUA querem implementar serão levados a efeito simultaneamente com os que a Rússia já efetua.
A ONU está sofrendo um xeque contínuo (stalemate – NT). O Secretário Geral da ONU, Ban ki-Moon (que foi indicado por Washington) apoia a guerra liderada pelos Estados Unidos sob o pretexto de uma bandeira humanitária.

São estas as várias ações e ameaças da coalizão liderada pelos Estados Unidos – e nem fizemos menção às conversações em torno de uma “Terceira Guerra Mundial” nos corredores do Congresso dos EUA – apontando para um cenário de escalada militar, que potencialmente pode levar a um confronto militar direto entre a coalizão liderada pelos EUA e a Federação Russa.



Prof. Michel Chossudovsky  
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'Gênios' e genocídio: Síria, Israel, Rússia e muito petróleo                  


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F. William EngdahlNew Eastern Outlook                  
Tradução pelo Coletivo de Tradutores da Vila Vudu                 


As apostas geopolíticas no Oriente Médio acabam de subir uma ordem de magnitude. Misture uma pouco conhecida "Newark", empresa de petróleo de New Jersey, as disputadas colinas do Golan entre Síria e Israel, acrescente uma recém descoberta grande reserva de petróleo bem ali, exatamente quando a campanha de bombardeio russo em território sírio entra em altíssima rotação, agite bem, e aí está um potenCIAl detonador da 3ª Guerra Mundial.

IniCIAlmente – se se volta mais de uma década, até quando os think-tanks conservadores em Washington e o governo Bush-Cheney estavam concebendo a sua agenda de 'mudança de regime' para o Oriente Médio Expandido – gasodutos para gás natural para concorrer com os países da região através da Síria até a Turquia, ou via Líbano até o Mediterrâneo tiveram papel coadjuvante na guerra de Washington contra Assad da Síria. Agora, petróleo, muito, muito petróleo entram em cena, e Israel anda dizendo que pertence ao "Estado judeu". O único problema é que não pertence. 

O petróleo está nas colinas do Golan, que Israel tomou ilegalmente, em assalto, da Síria, na Guerra dos Seis Dias em 1967.

Gênio em garrafa putrefata

O que têm em comum Dick Cheney, James Woolsey, Bill Richardson, Jacob Lord Rothschild, Rupert Murdock, Larry Summers e Michael Steinhardt? Todos eles são membros do Conselho de Aconselhamento Estratégico de uma empresa chamada Newark, com sede em New Jersey, parte de um grupo de gás e petróleo que atende pelo nome de Genie Energy. Relação Impressionante de nomes.


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Dick Cheney
Dick Cheney, antes de ser 'presidente-sombra' de George W. Bush em 2001, foi presidente executivo da maior empresa de serviços para campos de petróleo do mundo, a Halliburton, ligada à CIA, pelo que se diz, e também conectada à gangue da família Bush. James Woolsey, neoconservador e ex-diretor da CIA no governo de Bill Clinton; é hoje presidente da "Fundação para Defesa da Democracia" [ing. Foundation for Defense of Democracies] think-tank neoconservador, e é membro do Instituto Washington para a Política do Oriente Médio [ing. Institute for Near East Policy (WINEP), que opera a favor do partido Likud de Israel. Foi membro do infame Projeto para um Novo Século Americano [ing. Project for a New American Century (PNAC), ao lado de Cheney, Don Rumsfeld e da escória dos neoconservadores que, adiante, constituíram o governo Bush-Cheney. Depois do 11/9/2001, Woolsey referia-se à Guerra ao Terror de Bush-Cheney como " IV Guerra Mundial " (a Guerra Fria seria a III GM). Bill Richardson é ex-secretário de energia dos EUA. Rupert Murdock, proprietário de vasta rede de veículos de comunicação nos EUA e Reino Unido, dentre os quais o Wall Street Journal, é o maior financiador do neoconservador Weekly Standard de Bill Kristol, que financiou o PNAC. Larry Summers foi secretário do Tesouro dos EUA e inventor propositor das leis que desregularam os bancos nos EUA, tirando-os do alcance da Lei Glass-Steagall de 1933. De fato, com esse movimento, abriram-se completamente as comportas da inundação que ficou conhecida como crise finanCIA-eira dos EUA de 2007-2015. Michael Steinhardt, o especulador dos fundos hedge é filantropo amigo de Israel, de Marc Rich e membro também da Fundação para a Defesa das Democracias de Woolsey. E Jacob Lord Rothschild é ex-parceiro comercial do oligarca (petróleo) russo Mikhail Khodorkovsky, já condenado. Antes de ser preso, Khodorkovsky transferiu secretamente suas ações na Yukos Oil para Rothschild. E Rothschild é dono de parte das ações da Genie Energy que, em 2013 recebeu direitos exclusivos para explorar o petróleo e o gás num raio de 153 milhas quadradas [quase 400 mil quilômetros quadrados] na parte sul das colinas do Golan, direitos que lhe foram outorgados pelo governo Netanyahu. Para encurtar a conversa, a Genie Energy é empresa de deixar qualquer um embasbacado.

Colinas do Golan e lei internacional 

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O governo de Israel deu a concessão à Genie, nas disputadas colinas do Golan em 2013, quando o processo liderado pelo EUA para desestabilizar o regime sírio do presidente Assad estava a pleno vapor. Convenientemente, no mesmo momento Israel também começou a construir fortificações que vedassem completamente o acesso da Síria às colinas do Golan ilegalmente invadidas e ocupadas, sabendo que pouco haveria que Assad ou a Síria pudessem fazer para impedir. Em 2013, com a Genie Energy já iniciando sua mudança para as colinas do Golan, engenheiros militares israelenses reforçaram a cerca de 45 milhas que acompanha a fronteira com a Síria, substituindo-a por uma barricada de aço que inclui arame farpado, sensores táteis, detectores de movimento, câmeras de infravermelho e radares no solo, construção que só se compara ao Muro que Israel construiu na Cisjordânia.

E agora, quando Damasco luta pela vida, parece que, de repente, a Genie Energy encontrou enorme campo de petróleo exatamente ali..

Mas a ocupação israelense nas colinas do Golan é absolutamente ilegal. Em 1981, Israel fez aprovar uma "Lei das Colinas do Golan" [ing. Golan Heights Law], que impõe "leis, jurisdição e poder de governo" de Israel também nas colinas do Golan. Reação a essa violência, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução n. 242, que declara que Israel tem de retirar-se de todas as terras sírias ocupadas na guerra de 1967, inclusive das Colinas do Golan.

Novamente, em 2008, uma sessão da Assembleia Geral da ONU aprovou a Resolução n. 161-1, a favor de uma moção sobre as colinas do Golan que reafirmou a Resolução n. 497 do Conselho de Segurança, aprovada em 1981, depois de Israel ter feito o que se define por "anexação de facto; a Resolução n. 161-1 declarou a Lei das Colinas do Golan "nula, vácua e sem efeito legal internacional"; e convocou Israel a desistir de "modificar o caráter físico, a composição demográfica, a estrutura institucional e o status legal do Golan sírio ocupado, e, especialmente, a desistir de estabelecer colônias (...) e de impor a cidadania israelense e documentos de identidade israelenses aos cidadãos sírios no Golan sírio ocupado, e a cancelar todas as medidas repressivas contra a população do Golan sírio ocupado." 

Israel foi a única nação a votar contra a resolução. 

Em junho de 2007, o primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert enviou comunicado secreto ao presidente Bashar al-Assad, dizendo que Israel daria as colinas de Golan, em troca de um amplo acordo de paz e do rompimentos de quaisquer laços entre a Síria e o Irã, e entre a Síria e grupos militantes na região.

Genie 'comunica' grande descoberta 

Dia 8 de outubro, na segunda semana dos ataques russos, a pedido do governo Assad, contra o ISIS e outros terroristas ditos "moderados", Yuval Bartov, geólogo chefe da subsidiária israelense da Genie Energy, Afek Oil & Gas, disse à Channel 2 TV que sua empresa havia descoberto enorme reserva de petróleo nas colinas do Golan: “Encontramos estrato de 350 metros de altura no sul das colinas do Golan. A média mundial da altura dos estratos é de 20-30 metros; e essa é dez vezes maior; por isso estamos falando de quantidades significativas.”

Esse petróleo agora encontrado gás das colinas do Golan um "prêmio" estratégico que claramente está pondo o governo Netanyahu ainda mais determinado a semear o caos e a desordem em Damasco, e usá-los para criar uma ocupação israelense de facto irreversível do Golan e daquele petróleo todo. Um ministro do governo de coalizão de Netanyahu, Naftali Bennett, da Educação, ministro para as questões da diáspora, e líder do partido religioso de extrema direita O Lar Judeu [ing.The Jewish Home] propôs que Israel, em cinco anos, implante 100 mil colonos israelenses nas colinas do Golan. Diz que com a Síria "em desintegração" depois de anos de guerra civil, é difícil imaginar algum estado estável ao qual as colinas do Golan possam ser devolvidas. Como se não bastasse, cresce em Telavive o coro dos que querem que Netanyahu exija dos EUA que reconheçam a anexação do Golan, em 1981, por Israel, como “salvaguarda adequada com vistas à segurança israelense, depois de assinado o acordo nuclear com o Irã.”

Guerras de energia sempre foram componente significativo da estratégia de EUA, Israel, Qatar, Turquia e, até recentemente, também da Arábia Saudita, contra o regime de Assad na Síria. Antes da recente descoberta de petróleo nas colinas do Golan, o foco contra Assad tinha a ver com grandes reservas de gás natural do Qatar e do Irã, como opostos e concorrentes do Golfo Persa, que incluem as maiores reservas de gás confirmadas, em todo o mundo, até hoje.

Em 2009, o governo do Qatar, hoje lar da Fraternidade Muçulmana e grande financiador do ISIS na Síria e Iraque, reuniu-se com Bashar al-Assad em Damasco.

O Qatar propôs a Bashar que a Síria assinasse acordo que permitisse a passagem por seu território de um gasoduto que sairia do enorme Campo Norte do Qatar, no Golfo Persa, adjacente à também enorme reserva Pars Sul, de gás iraniano. O gasoduto do Qatar passaria por Arábia Saudita, Jordânia, Síria até a Turquia, para abastecer mercados europeus. Mais cruCIAlmente importante: deixava a Rússia de fora. 

Matéria da Agência France-Presse noticiava que Assad só se interessara por "proteger os interesses de seu aliado russo, principal fornecedor de gás natural para a Europa.” 

Em 2010, Assad integrou-se às conversações com Irã e Iraque, para construir gasoduto alternativa, de $10 bilhões, que potencialmente permitiria ao Irã abastecer a Europa com o gás de seu campo Pars Sul nas águas iranianas do Golfo Persa. Os três países assinaram um Memorando de Entendimento em julho de 2012 – exatamente quando a guerra na Síria alastrava-se para Damasco e Aleppo.

Agora, uma aparente descoberta de grandes volumes de petróleo, por empresa de New Jersey de cujo board participam o arquiteto da guerra do Iraque, Dick Cheney; o neoconservador e ex-CIA James Woolsey e Jacob Lord Rothschild, parceiro de negócios de um dos mais furiosos críticos de Vladimir Putin, Mikhail Khodorkovsky, eleva muito as apostas em torno da intervenção russa a pedido da Síria de Assad, contra os terroristas do ISIS, Al-Qaeda e outros "terroristas moderados" apoiados pela CIA – e dá-lhes nova dimensão geopolítica. 

O golpe dos EUA na Ucrânia em 2014, o treinamento e o financiamento para o ISIS e outras gangues de terroristas "moderados" na Síria, todos têm um alvo primário – a Rússia e sua rede de aliados, rede a qual, ironicamente, as políticas de Washington e Israel só fazem ajudar a expandir quase de hora em hora.



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Um filme de terror (pequeno exercício de futurologia mórbida)  
          


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por Roberto Pires Silveira                                     

Depois de séculos dominado por uma espécie de casta hegemônica, como em qualquer país, certa terra tropical, por desígnios de divindades que ninguém conhece, resolveu e conseguiu eleger um governo progressista, personificado em um homem de classe baixa, quase analfabeto, trabalhador braçal para companhias globais, com todo o peso de tragédia que isso carrega, mas de uma inteligência ímpar. Passou toda a sua vida até a meia idade lutando por seus companheiros trabalhadores. Belo dia, teve a ideia de criar um partido, perseguir o sonho impossível de governar seu país, dominado desde sempre pelas elites da terra. Pois o incrível é que conseguiu. Sério, conseguiu mesmo! Votei nele, por várias vezes, até que se elegeu presidente do país.

O povo que votou neste homem esperava uma revolução oficial, uma espécie de redenção, quase um nirvana político, mas é claro que isto é impossível. Impossível, com todas as implicações que a palavra carrega. Aquele homem tinha que governar um país ainda dominado pelas elites, ainda presa fácil de interesses financeiros globais, ainda sobre influência de um imperialismo cruel, de uma política externa dominada por uma potência hegemônica que a nada e a ninguém perdoa, na sua sede insaciável por lucros para a elite e agora falamos de uma elite mundial, global.

Pois mesmo assim, aquele homem governou. Mesmo contra a ganância desenfreada das elites econômicas que tinham que ser satisfeitas, aquele homem governou. Achou uma fórmula para aplacar aquelas elites e fazer com que sobrassem algumas migalhas para os desamparados da sociedade onde vivia. Mesmo apenas aquelas migalhas eram uma coisa que nunca tinha sido oferecida aos desamparados daquele país. Apenas com aquelas migalhas, aquele homem promoveu uma revolução social, educacional estrutural e infraestrutural, se é que esta palavra existe, naquele país. Depois de algum tempo, havia programas de governo impensáveis apenas alguns anos atrás. Crianças anteriormente fadadas à ignorância, pobreza e fome, de repente, tinham a chance de frequentar uma universidade. Frequentaram. Formaram-se médicos, engenheiros, psiquiatras, professores e advogados pobres, negros, excluídos. De repente, casas brotaram em todos os recantos do país, energia elétrica foi levada a grotões que antes nem eram conhecidos, a saúde passou a faz parte do cotidiano das pessoas.

Depois de oito anos de governo daquele homem, o país mudara. O povo, antes acabrunhado e tímido, tinha vergonha de pertencer àquela nação. Mas agora não. Pertenço a este país! Diziam, orgulhosamente. Deixaram de partir para trabalhar como bartenders, camareiras, prostitutas e lavadoras de latrinas das potências dominantes. Estudavam. Compravam casa própria, Carros. Sonhavam, faziam planos.

Quando passou o tempo permitido pela legislação daquele país para o governo do homem de quem falamos, ele elegeu uma sucessora. Pela primeira vez, uma mulher iria governar o país. Ela continuou o governo daquele homem, ponto por ponto. Depois de seu primeiro mandato, pela primeira vez na história, aquele país deixou de fazer parte do mapa da fome! Depois de quinhentos anos de história! As cidades estavam atravancadas de carros pertencentes a pessoas de classes baixas, que pela primeira vez na vida tinham o direito de não precisar andar a pé. Filhos de pobres, negros e excluídos, frequentavam universidades, todos, ou quase todos, estavam empregados. O povo era feliz.

Mas a elite não se conformou e resolveu pelo contra ataque. Não mais permitiriam que seus privilégios, em vigor desde o império, fossem desafiados. Então meus filhos têm que estudar no meio de pobres e pretos? Tenho que viajar de avião junto a gente ignorante e pobre? Era o que diziam eles, entre outras coisas. Então começou uma campanha violenta, mentirosa a extremamente cruel contra a mulher que governava o país. Ações judiciais direcionadas, maliciosas e intencionalmente mentirosas foram promovidas pela parte do judiciário que estava nas mãos ricas daquela elite. A imprensa daquele país, corrompida até o âmago, podre e mentirosa, lançou-se numa campanha abjeta, com manchetes diárias, mentirosas e maliciosas contra o governo daquela mulher. Tudo era motivo de escárnio, mentiras, acusações falsas, aleivosias.

Pouco a pouco o povo foi se convencendo de que estava sofrendo por causa daqueles governos progressistas. O povo é desinformado e maleável, e foi manipulado desavergonhadamente por aquele judiciário corrupto, por aquela imprensa mentirosa e por interesses internacionais poderosos e ricos. O mesmo povo, tão beneficiado por aqueles governos progressistas, passou a odiá-los. A presidenta daquele país foi hostilizada, achacada, acusada falsamente, xingada, vaiada. Os parlamentares daquele país, oportunistas como qualquer parlamentar em qualquer país, corruptos comandados por corruptos, derrubaram o governo daquela mulher, restaurando no poder o governo das elites. O povo aplaudiu.

O novo governo, instalado no poder, resolveu que o povo tinha privilégios demais, e foi cortando rapidamente tudo o que tinha sido conquistado durante aquelas duas décadas (incompletas). O salário mínimo foi rebaixado a níveis que satisfizeram os patrões, ou seja, ao mínimo necessário para que o povo não morresse de inanição. Os carros em podem dos pobres ou foram recuperados pelos bancos e financeiras ou apodreceram nas garagens por falta de dinheiro para o combustível. As casas que os pobres tinham comprado, através de financiamento de bancos estatais foram retomadas e milhões de pessoas foram ou para as ruas ou passaram a pagar aluguel como faziam antes. A saúde foi privatizada. A educação foi privatizada. Isso fez com que a saúde e a educação ficasse fora do alcance daquele povo. Ou se pagava ou se morria. Ou se pagava ou se ficava ignorante, pois a elite precisava de escravos para trabalhar em suas fábricas e fazendas. O país entregou às potências internacionais seus últimos ativos, suas empresas rentáveis, seu petróleo e sua terra, mas alguns enriqueceram no processo. Poucos.

Os empregos foram terceirizados, depois quarteirizados e depois... Ninguém mais conseguia receber seus direitos, porque a justiça trabalhista foi vilipendiada e os direitos dos trabalhadores extirpados a golpes de canetas dos governantes a serviço das elites. Trabalhava-se por uma salário de fome e mesmo assim, quem estava em um serviço terceirizado dava graças às divindades porque o desemprego grassava. O país voltou a pedir dinheiro emprestado para organismos internacionais de finanças, como o FMI, que passou a determinar a política financeira do país. Alguns cortes foram exigidos e cumpridos. Pensões e aposentadorias sofreram reduções. Mais empresas estatais foram privatizadas. O salário mínimo foi mais uma vez reduzido. Mais direitos trabalhistas foram cortados. Os governantes, isolados em seus palácios, passaram a se queixar do povo, assinalado como “vagabundo”, “indolente”, “incompetente”. De repente, doenças já erradicadas voltaram a mostrar a cara feia no país. No nordeste árido daquela terra, crianças voltaram a morrer de fome.

Mas tudo estava bem, porque a imprensa comprada, a prostituta das potências mundiais afirmava que tudo estava bem. O povo, entorpecido, nem se lembrava mais que um dia, por alguns anos, fora feliz. Cabisbaixo, com fome, desempregado, manipulado, escravizado, o povo sofria.



Roberto Pires Silveira.
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