sábado, 14 de novembro de 2015

Grande-mestre Putin derrota Tio Sam, no próprio jogo dos EUA    


 
Mike Whitney, Greanvillepost                       

NOTÍCIAS DE ÚLTIMA HORA
"NO QUE TUDO SUGERE QUE SEJA mais um crime do estado profundo que governa Washington, uma série de ataques sob falsa bandeira – que a mídia-empresa já declarou 'ataques terroristas' – foram executados hoje numa de suas capitais, Paris, com o objetivo de justificar o envolvimento da OTAN na Síria. Está aberta a via de 'coturnos em solo' que o Pentágono e os sionistas-neoconservadores estão 'exigindo' há muito tempo
[13/11/2015, Greanville Post].

"Desafiamos a mídia-empresa ocidental a discutir a seguinte 'hipótese':
– EUA e aliados CRIARAM o ISIS.
vejam isso [12/11/2015, Washington Blog].
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Suponha que você despreze seu cunhado e queira assassiná-lo. Mas você não tem colhões para matar o homem, e contrata um matador de aluguel para fazer o serviço. Você mesmo assim é culpado de assassinato? Não há dúvidas de que sim, é. 

Apliquemos então a mesma regra à política externa dos EUA: é igualmente errado invadir um país, matar as pessoas que lá vivem, derrubar o governo que lá existe, com milícias que você paga, arma e treina como se fossem soldados dos EUA? Ah, sim, com certeza é.

Portanto, embora alguns ainda talvez pensem que Obama estaria sendo 'muito esperto', ao servir-se de exército 'por procuração' na Síria, em vez de mandar para lá o exército dos EUA, não há absolutamente diferença alguma, em termos morais ou legais entre o que Obama fez na Síria e o que Bush fez no Iraque: invasão norte-americana é invasão norte-americana. Ponto. Parágrafo. Nada muda se você se serve de assassinos de aluguel, ou se usa seu próprio pessoal. Dá na mesma. Obama é tão culpado quanto Bush.

E que importância tem isso?

Importa, porque a política de Obama para a Síria já resultou em 250 mil mortos e gerou 11 milhões de refugiados. Mais refugiados que o Iraque. Engraçado, só, que a mídia-empresa sequer comente o assunto. De fato, não há um único veículo da mídia-grande-empresa, em todo o país, que algum dia tenha publicado o que todos sabem que é a verdade mais óbvia: que os EUA são 100% culpados pela crise dos refugiados. 100%! Assad nada tem a ver com ela.
A política dos EUA e nosso presidente Barack ("Mamãe! A culpa é deles!") Obama são, integralmente, culpados de tudo isso.

De fato, os Democratas tem políticas idênticas às dos Republicanos [orig. Great Old Party, GOP], com mínimas alterações de rodapé. Assim, se os alucinados, mas estúpidos Republicanos decidem afundar os EUA na guerra, servindo-se de um pacote de mentiras, os Democratas espertalhões se dedicarão a superá-los, mas pela via 'espertíssima': tentarão fazer a microgestão das Relações Públicas, marketarão todos os discursos, porão de joelhos qualquer jornalismo decente que ainda haja no país; impedirão movimentos pacifistas, proibirão marchas antiguerra e negarão sempre qualquer baixa nas forças norte-americana, custe o que custar. Obama é sucesso total em todas essas manobras sujas. 

As ruas das cidades norte-americanas estão desertas, a mídia-empresa convenceu muita gente de que a Síria estaria naufragada numa guerra civil – que nunca houve! – E nada de esquifes cobertos com a bandeira dos EUA ou de sacos de plástico preto para transporte de cadáveres chegando à base aérea de Andover, porque não há coturnos norte-americanos em solo em lugar algum da incontáveis guerras que os EUA semearam pelo planeta.

Para todos os efeitos, os Democratas criaram a primeira guerra norte-americana completamente invisível. Aí está uma grande realização do governo Obama, né-não?! 

Parte da onda de refugiados sírios foi criada por Washington. Essas pessoas perderam casa, bens, o próprio país, muitos perderam a vida. Os crimes da plutocracia norte-americana e de seus matadores de aluguel e ideólogos prostitutos já são inquantificáveis.

A notícia entusiasmante é que, depois de quatro anos de guerra, o 'plano' de Obama para derrubar o presidente Bashar al Assad fracassou. Sim, Obama destruiu a mais antiga civilização do mundo e condenou aquele povo honrado a existência miserável por no mínimo 20 anos até que os sírios consigam reconstruir o próprio país. Mas nem assim Obama alcançou seu principal objetivo: remover Assad da presidência, dividir o país e assegurar para as majors norte-americanas do petróleo a via livre que tanto querem para seus oleodutos. 

Assim se vê que todos os métodos sórdidos, sujos, vergonhosos, corrompidos, sem honra, que os Democratas usaram para prosseguir em segredo a própria guerra deles contra o Estado e o povo sírios fracassaram. Os EUA perderão mais essa guerra, façam o que fizerem.

E por que os EUA perderão mais essa guerra?

Porque a coalizão organizada e liderada pela Rússia conseguiu paralisar Washington na trilha de morte que escolheu para si, e pôs em fuga os terroristas, que agora só pensam em salvar o próprio pescoço. Aí está. 

Na 3ª-feira, o Exército Árabe Sírio, o Corpo dos Guardas Revolucionários do Irã e combatentes do Hezbollah, a temida milícia nacional libanesa, recapturaram a estratégica base militar de Kuweires no Norte da Síria, matando centenas de terroristas e libertando 250 soldados sírios mantidos como reféns naquela base por mais de dois anos e meio.

A batalha não chegou às manchetes da grande mídia-empresa ocidental porque é um marco decisivo e ponto de virada crítico naquele conflito. Agora, são os russos que comandam a avançada da luta do ocidente contra o terror. Os terroristas "moderados" apoiados pelos EUA estão em fuga. O momentum da guerra mudou completamente a favor de Putin – o que significa que Putin vencerá e Obama será derrotado.

Kuweires é a Stalingrado da Síria – a cidade russa que, na 2ª Guerra Mundial sobreviveu sitiada de agosto de 1942 a fevereiro de 1943, quando a Wehrmacht alemã foi repelida pelo feroz Exército Vermelho soviético, na mais longa e sangrenta batalha de toda a história de todas as guerras. Em Kuweires a escala é menor, de outra ordem de magnitude, mas a importância desse combate não poderia ser maior. 

Quem saiu derrotado na batalha por Kuweires não foi algum "ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico" – o único grande estado/exército combatente em toda a história do mundo que não tem território, recebe armamento de presente, que cai dos céus, entregue de helicópteros sem identificação, e que não tem nem nome definido.

Quem saiu derrotado da batalha de Kuweires foi a política exterior dos EUA, 'política' que converteu em montes de ruínas fumegantes parte enorme do planeta, que vai do Norte da África, passa pelo Oriente Médio e chega à Ásia Central. Kuweires era nodo central no plano de Washington para derrubar Assad e jogar a Síria em estado de anarquia de estado falhado (mais um!). 

Essa é a estratégia dos Democratas de Obama, que agora foi derrotada e obrigada a retroceder, não por cidadãos nas ruas erguendo bandeiras, ou políticos a clamar por paz e sanidade, nem por diplomatas no "balcão de conversa" que é a ONU, já reduzida à vergonhosa única missão de 'validar' os crimes de Washington. Nada disso. 

Dessa vez, a política dos Democratas de Obama (e também dos Republicanos de Bush) foi derrotada pelos jatos russos, pela artilharia pesada dos russos, pelos veículos blindados russos e pela competência, coragem e dedicação de soldados e políticos que, esses sim, põem o próprio país e o próprio povo à frente de interesses grupelhistas e à frente, até, da própria segurança pessoal. Estão começando a entender o quadro geral?

Por no mínimo 15 anos, os EUA governaram o mundo pela força das armas. Ora, mas (quem diria?!) outros países também têm armas e estão decididos a usá-las. 

Esse, em resumo, é o significado de Kuweires. 

Muitos países no mundo recusam-se a aceitar um modelo de desordem global, no qual só um país arma, treina e espalha psicopatas terroristas homicidas pelo mundo, para promover exclusivamente os próprios estreitos, miseráveis interesses geopolíticos. Esse modelo está seriamente fraturado e tem de ser imediatamente substituído. 

Essa é a tarefa à qual se aplicaram Putin e seus parceiros liquidadores – não promotores e armadores e apoiadores – de terroristas. Impossível não ver que estão fazendo belo serviço também aí.

Semana passada, a coalizão liderada pelos russos fez grandes avanços na direção de pôr fim a essa loucura e a fazer reverter a maré do projeto imperialista. Resultado disso, Washington foi obrigada a repensar sua abordagem e a tentar adaptar-se às condições muito mutáveis em campo. Há sinais disso por todos os lados, como, por exemplo, nesse artigo imbecil que Huffington Post publicou na 5ª-feira. Vejam aí:

"Apoiados por aviões liderados pelos EUA, tropas curdas iraquianas tomaram, na 5ª-feira, parte de uma rodovia que é usada como linha vital de suprimento pelo Grupo do Estado Islâmico, passo inicial vital numa grande ofensiva para retomar dos militantes a estratégica cidade de Sinjar (...).

Horas depois, ainda na 5ª-feira, o Conselho Curdo de Segurança Regional disse que sua forças já controlavam o trecho da rodovia 47 que passa por Sinjar e conecta indiretamente as duas grandes fortalezas dos militantes –Raqqa na Síria e Mosul no norte do Iraque – como via de trânsito de bens, armas e combatentes (...). 'Ao controlar a Rodovia 47, usada pelo Daesh para transportar armas, combatentes, petróleo contrabandeado e outros itens que financiam suas operações, a coalizão visa a aumentar a pressão (...) e isolar seus componentes, uns dos outros' – disse a coalizão, em declaração." ["U.S.-Backed Kurds Launch Offensive To Retake ISIS-Held Iraqi Town Sinjar", Huffington Post]

Ah! Quer dizer que lançaram grande ofensiva por solo, e cortaram vias vitais de suprimento do ISIS? Que grande ideia! Pena, só, que ninguém em Washington tenha pensado nisso antes de perder os últimos 18 meses por lá, fazendo mira em camelos no deserto, ou sabe-se lá o quê, diabos, estavam fazendo. 

E por que o Pentágono ficou por ali rodando feito barata tonta durante um ano e meio, enquanto aqueles alucinados violentavam mulheres, degolavam pessoas e faziam o inferno por todo o país, se já poderia, há tanto tempo, ter posto fim à matança, se quisesse?

"Por quê"? Já lhes explico por quê.

Porque o ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico é o fantoche preferido de Washington. Os doidos podem fazer lá "o negócio deles", desde que continuem a fazer avançar os objetivos geopolíticos dos EUA. Quando tiverem deixado de servir aos interesses de Washington... então poderão ser esmagados sem dó. O programa básico era esse. A coisa deveria ter funcionado assim. 

Problema é que, quando Putin passou a moer os bandidos takfiris como colheitadeira em milharal, a turma de Obama teve de passar logo para o Plano B: ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico e implantar-se nas áreas que estavam sob controle deles. Assim Tio Sam ficaria com todo o território de que precisava para implantar suas "zonas seguras", a serem protegidas pela aviação dos EUA e servirão como santuário para formar mais levas e levas de terroristas sociopatas a serem reintroduzidos na Síria, para assim perpetuar a guerra. Resumida num parágrafo, essa é a estratégia dos EUA.

Washington já sabe agora que aquela guerra está perdida, e procura meios para manter um pé na Síria, para dar continuidade aos seus malfeitos por ali. O mesmo vale para a fronteira turco-síria, onde o sultão Recep Tayyip Erdogan conspira com Obama para criar uma zona-tampão em território sírio. Vejam o que diz Today’s Zaman:

"Na campanha para as eleições de 1º de novembro, houve sinais de que, se o Partido Justiça e Desenvolvimento (tur. AKP) vencesse, a Turquia poderia iniciar operação militar na Síria (...).
Considerando as declarações de autoridades de Ancara, nos dias que antecedem a reunião de cúpula do G-20 em Antalya, tudo sugere que muito em breve haverá ação na Síria. Não importa o quanto Ancara diga que deseja cooperar na ação aérea sobre a Síria, o único fato objetivo é que Ankara deseja ver tropas turcas a invadir a Síria também por terra (...)
Surgem já sinais rápidos e furiosos de que a Turquia entrará nessa guerra. Ainda mais, os sinais já não são só declarações partidárias do AKP: já há sinais em todo o ocidente de que esse será o rumo que Ancara escolherá." ("Is war on the horizon?",Today’s Zaman)

Erdogan é megalomaníaco, uma ameaça que Putin bem fará se mantiver sob cerrada vigilância. O mesmo vale para Obama. Obama está por baixo, mas ainda não foi expulso da guerra. Obama ainda tem alguns truques na manga, que com certeza usará antes de essa tragédia chegar ao fim. Seja como for, a vantagem está agora, sem dúvida, do lado dos russos. Putin deu uma surra em Washington, pelas regras do jogo que Washington escolheu.

Goste-se ou não dele, é preciso tirar o chapéu para um sujeito desses. 

Mike Whitney - é um escritor e jornalista norte-americano que dirige sua própria empresa de paisagismo em Snohomish (área de Seattle), WA, EUA. Trabalha regulamente como articulista freelance nos últimos 7 anos. Em 2006 recebeu o premio Project Censored por um reportagem investigativa sobre a Operation FALCON, um massiva, silenciosa e criminosa operação articulada pela administração Bush (filho) que visava concentrar mais poder na presidência dos EUA. Escreve regularmente em Counterpunch e vários outros sites. É co-autor do livro Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion (AK Press) o qual também está disponível em Kindle edition. Recebe e-mails por: fergiewhitney@msn.com.



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