domingo, 15 de novembro de 2015

Acostumados a obedecer em silêncio                


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Manlio Dinucci    REDE VOLTAIRE

Tradução de José Reinaldo Carvalho  Editor do site Vermelho                           


Um comboio de caminhões de contêineres especiais partiu em 26 de outubro da base italiana de Poggio Renatico (Ferrara), onde foi constituído o Centro de deslocamento de comando e controle aéreo da Otan, primeira unidade desse gênero.

Depois de percorrer mais de 2.500 quilômetros através da Áustria, República Checa, Polônia, Lituânia e Letônia, contando também com o apoio militar da Alemanha, chegou à base letã de Lielvārde, na fronteira do território russo, reestruturada justamente para acolher os drones Predator e outros engenhos aéreos militares estadunidenses.

É lá, com equipamentos sofisticados transportados da Itália, que foi ativado o Dars, “ponta de lança” do Centro de deslocamento da Otan de Poggio Renatico. Até 27 novembro, no quadro do exercício militar semestral Ramstein Dust, o Dars efetuará “missões aéreas ao vivo e simuladas no espaço aéreo báltico”, ou seja, exercício de guerra contra a Rússia. Sob as ordens do general italiano Roberto Nordio, comandante do Centro de deslocamento da Otan de Poggio Renatico, ele mesmo sob as ordens do general estadunidense Franck Gorenc que dirige o Comando aéreo da Otan, e este sob as ordens de outro general estadunidense, Philip Breedlove, Comandante supremo aliado na Europa nomeado, tal como seus antecessores, pelo presidente dos Estados Unidos.

Enquanto parte de Poggio Renatico a missão aérea para o Báltico nas proximidades da fronteira com o território russo, a primeira efetuada fora do território italiano, ainda de Poggio Renatico são dirigidas as operações aéreas táticas da manobra militar Trident Juncture 2015, com a participação de mais de 160 caças-bombardeiros, aviões para abastecimento em voo, helicópteros e drones que operam a partir de 15 bases aéreas na Itália, Espanha e Portugal.

A manobra militar Trident Juncture é um exercício de guerra dirigido manifestamente contra a Rússia que – segundo declarou em Trapani Birgi o vice-secretário da Otan, o estadunidense Vershbow, invertendo os fatos – “anexou ilegalmente a Crimeia, apoiando os separatistas na Ucrânia e entrou na guerra da Síria ao lado de Assad”, criando “uma situação potencialmente mais perigosa do que a da guerra fria”. Depois que a União Soviética desapareceu, apresentada na época como potência agressiva cujo objetivo era invadir a Europa ocidental, criaram agora em Washington o novo “inimigo”, a Rússia, pondo em prática na Europa a política de “dividir para reinar”.

E a Otan (que se estendeu a todos os países do antigo Pacto de Varsóvia e a três da antiga União Soviética) se mobiliza em preparativos de guerra que provocam inevitavelmente contramedidas militares do lado russo.


Resultado de imagem para european vassalsA Itália se encontra de novo na primeira linha, com um governo que obedece às ordens de Washington e uma maioria parlamentar que segue o velho ditado (hoje em desuso mesmo entre os Carabineiros) “usi obbedir tacendo” (“obedecer em silêncio”) [1]. A oposição parlamentar (à parte algumas vozes dissonantes) acaba frequentemente fazendo o jogo daqueles que nos estão levando à guerra. Emblemático o recente documento de um partido da oposição, no qual não se menciona a Trident Juncture nem a Otan, mas onde se atribui o dramático retorno da guerra à Europa em primeiro lugar aos sonhos de glória e de hegemonia da Rússia e, em ordem decrescente, da França, Reino Unido, Turquia e também, por último, Estados Unidos. Sem uma palavra sequer sobre as graves responsabilidades do governo italiano que, por trás das falsas declarações tranquilizadoras, contribui para os preparativos de guerra da Otan em direção ao Leste e ao Sul. Ignorando que, por intermédio da Otan e dos pactos secretos estipulados internamente com as oligarquias europeias, Washington influi não somente sobre a política externa e militar, mas sobre as orientações políticas e econômicas da União Europeia.

É impossível pensar numa nova Europa sem se libertar da pressão sufocante da Otan.



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