OTAN convoca às
armas
Tradução pelo Coletivo de Tradutores da Vila
Vudu <===>
O Conselho do Atlântico Norte reuniu-se ontem em Bruxelas, reunião de urgência, dos ministros da Defesa, "num momento decisivo para nossa segurança". A OTAN está "fortemente preocupada ante a escalada da atividade militar russa na Síria", especialmente o fato de que "a Rússia não está lá para atacar o grupo Estado Islâmico (EI), mas para atacar a oposição síria e civis."
A "oposição síria" que a OTAN tanto cuida de proteger é constituída dessa galáxia de grupos armados, a maioria dos quais são mercenários ex-combatentes de vários exércitos pelo mundo, pagos pela Arábia Saudita e outras monarquias do Golfo, muitos dos quais passaram pelos campos de treinamento da CIA e das Forças Especiais dos EUA na Turquia.
A fronteira entre esses grupos e o EI é muito fluida, a ponto de frequentemente as armas entregues à "oposição" acabarem em mãos do grupo Estado Islâmico. O único objetivo que os une é o objetivo, que se harmoniza com a estratégia de EUA/OTAN, de derrubar o governo eleito de Damasco.
A acusação feita à Rússia, de que estaria atacando deliberadamente civis na Síria (mesmo que não se possa excluir a morte de civis nos ataques concentrados contra o Estado Islâmico) brotam de uma OTAN que em várias guerras é responsável por vários massacres de civis (dos quais o mais recente aconteceu em Kunduz no Afeganistão).
A OTAN na Iugoslávia |
Basta recordar que, contra a Iugoslávia em 1999, a OTAN empregou 1.100 aviões que, durante 78 dias, fizeram 38 mil ataques, nos quais foram lançadas 23 mil bombas e míssies, que até hoje causam vítimas e mortos civis por causa do urânio baixo enriquecido e substâncias químicas liberadas das refinarias bombardeadas.
Na guerra contra a Líbia, em 2011, a aviação de EUA/OTAN realizou 10 mil ataques, com mais de 40 mil bombas e mísseis. E às vítimas desses bombardeios devem-se somar outras, ainda mais numerosas, do caos resultante da demolição do Estado líbio.
A OTAN que denuncia a penetração acidental de aviões russos no espaço aéreo turco, chamando-a de "violação do espaço aéreo da OTAN", nem assim consegue esconder o verdadeiro problema: o fracasso de seus próprios planos, que foi determinado pela decisão dos russos de realmente atacarem o grupo Estado Islâmico, que a Coalizão dos EUA (oficialmente, não é a OTAN quem promove a atual intervenção na Síria) finge que ataca, mas só seleciona alvos secundários.
Não se pode explicar de outro modo como colunas de centenas de caminhões e caminhonetes carregadas de mantimentos continuem a ser entregues da Turquia, diretamente para os centros controlados pelo Estado Islâmico (como o comprovam inúmeras imagens de satélite), nem como colunas de veículos militares do EI continuem a deslocar-se livremente, a descoberto.
Sobre esse cenário, os ministros do Exterior da OTAN, reunidos ontem em Bruxelas, anunciaram que o Plano "Prontidão para a Ação" [orig. Readiness Action Plan] será reforçado.
Depois de ativar em setembro seis "pequenos quartéis-generais" na Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e Romênia, destinados a uma integração mais estreita de forças, agora a OTAN decidiu abrir mais dois, na Hungria e na Eslováquia, e "pre-posicionar material militar na Europa Oriental, para poder reforçar rapidamente, se necessário, os aliados orientais". Também ficou decidido reforçar a "força de resposta", aumentada com 40 mil homens.
O secretário-geral Stoltenberg fez, quanto a isso, anúncio importante: a
Alemanha assumirá em 2019 o comando da "Força de ponta de alta rapidez
operacional", a qual, como o demonstra o exercício Trident Juncture 2015,
pode ser projetada em 48 horas "em qualquer local a qualquer
momento". E a Grã-Bretanha "enviará mais tropas em rotação para os
países Bálticos e para a Polônia para treinamentos e exercícios". O
engajamento suplementar anunciado pela Alemanha e Grã-Bretanha na OTAN, por ordem
dos EUA, confirma que as grandes potências europeias, que vez ou outra têm
interesses específicos contrários aos dos EUA, rapidamente se enquadram, quando
a hegemonia do 'ocidente' é ameaçada.
Os ministros da Defesa da OTAN anunciam "passos suplementares para reforçar a defesa coletiva", não só na direção oriental mas também para o sul. "Nossos comandantes militares" – comunica Stoltenberg – "confirmaram que temos o que é preciso para deslocar a Força de Resposta também para o sul".
Os ministros da Defesa da OTAN anunciam "passos suplementares para reforçar a defesa coletiva", não só na direção oriental mas também para o sul. "Nossos comandantes militares" – comunica Stoltenberg – "confirmaram que temos o que é preciso para deslocar a Força de Resposta também para o sul".
A OTAN portanto está pronta para outras guerras no Oriente Médio e no Norte da África.
Manlio Dinucci
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