Tradução pelo Coletivo de
Tradutores da Vila Vudu →→→→
Todo o Sul Global já está informado sobre como a campanha russa na Síria esmagou rapidamente todos os elaborados planos do Excepcionalistão para um "Oriente Médio Expandido"
Esses planos recobrem tudo, desde a Doutrina Wolfowitz até o imperativo categórico do Dr. Zbig"Grande Tabuleiro de Xadrez" Brzezinski que mandava impedir que surgisse qualquer competidor estratégico na Eurásia.
Mas o subtexto é ainda mais intrigante. O Pentágono não anteviu coisa alguma, nada, do que viria. E o pessoal lá está aterrorizado ante as consequências inevitáveis.
O pânico era palpável na fala do Dr. Fantástico, digo, Dr. Strangelove, digo, general Breedlove, codinome Breed-amor/ódio, comandante da OTAN, o homem que, uma vez por semana, anuncia que a Rússia está invadindo a Ucrânia.
Por mais que todos saibam que se trata de analista proverbialmente fracassado em suas análisis geopolíticas – para ele, a Rússia existe para boicotar as operações de EUA plus 'coalizão' na região –Breedamor/ódio está, muito, muito intrigado ante os novos, jamais vistos, intrincados estratos da rede de defesa da Rússia.
Nas palavras dele: "Estamos um pouco preocupados com outra bolha A2/AD que venha a ser criada no Mediterrâneo Oriental."
Em pentagonês, A2/AD significa área de acesso impedido/negação de acesso [ing. anti-access/area denial].
Tradução: um mix de mísseis terra-ar e mísseis antinavios a serem localizdos de modo a impedir que qualquer ator entre ou cruze determinada área.
Breed-amor/ódio
chega ao ponto de admitir que se trata da "terceira área russa de
acesso negado" na Europa. A primeira, nos países bálticos – a partir
da base em Kaliningrado. A segunda – com base na Crimeia – cobre o Mar Negro.
Nas palavras do próprio general Breed (etc.): "Os
mísseis cruzadores deles cobrem todo o Mar Negro; e os mísseis da defesa aérea
deles alcançar 40-50% do Mar Negro."
E ele está convencido de que a distribuição dessas "capacidades muito sofisticadas de defesa aérea" não aconteceu para livrar a Síria da constelação salafista-jihadista. Trata-se de "alguma outra coisa".
E a questão sobre "alguma outra coisa" é que o Pentágono sabe do que se trata, mas não pode admitir publicamente. No máximo, neoconservadores e neoliberais conservadores podem converter a própria apoplexia em estridentes demandas de aumento no orçamento do Pentagono, ou para obrigar Obama a manter soldados norte-americanos no Afeganistão, para sempre –, quando qualquer observador bem informado já duvida que algum dia sejam retirados de lá.
Mas, mais uma vez, o que realmente virou o jogo foi o show dos 26 mísseis cruzadores Kalibr-NK lançados pela frota Russa no Mar Cáspio contra 11 alvos salafistas-jihadistas a 1.500km de distância, todos destruídos.
Breed-amor/ódio nunca poderá admitir que a "mensagem"
dos cruzadores do Cáspio foi dirigida à OTAN. Os Kalibr-NK voaram pelos espaços
aéreo de Irã e Iraque, a altitude máxima de 100m – para nem falar da velocidade
dos drones dos EUA.
Tradução: tudo foi feito para mostrar a absoluta irrelevância de todos os multibilionários e elaborados planos para a defesa de mísseis instalada na Europa Oriental. Lembrem-se daqueles mísseis norte-americanos que seriam disparados contra a "ameaça iraniana".
A OTAN também está apavorada ante a evidência de que seu software estado da arte C4i – para comando, controle, comunicações, computadores e inteligência – foi totalmente desarticulado por tecnologia russa, em toda a Síria e também no sul da Turquia. Essencialmente, reduzidos a patas chocas. Imagine cenário semelhante, muito amplificado numa hipotética guerra em solo europeu na disputa pela Ucrânia – a guerra que os neoconservadores comicham de vontade de iniciar.
Também temos A2/AD
Não surpreende que os sucessos militares traduzam-se, em termos de opinião pública, fabulosas RP para a Rússia. Vejam lá, Putin o Hajji, no Iraque. Incidentalmente, se alguém realmente quer saber como o 'Excepcionalistão' destruiu o Iraque antes – criando condições para o surgimento da Al-Qaeda no Iraque e depois do ISIS/ISIL/Daesh – esqueçam de Claire Danes em Homeland eassistam: Iraq Year Zero [Iraque Ano Zero], filme de Abbas Fahdel, que chegará aos cinemas na França ano que vem.
Quanto à gritaria non-stop na mídia-empresa nos EUA, se isso aí é o melhor que 'Putinologistas' norte-americanos têm a oferecer, o Kremlin não precisa de inimigos.
[Tuíto (aqui traduzido)]
George Galloway @georgegalloway
Popularidade de Putin atinge quase 90% dos entrevistados que aprovam o modo como ele está conduzindo os eventos. Mas uma história de sucesso da OTAN!
3:21 PM -
23 Jul 2015
Enquanto isso, no front econômico, aumenta a demanda doméstica pelo petróleo russo. Significa que a Rússia, lenta mas firmemente, está-se mudando, de economia de importação, para centro de manufatura, substituindo as importações de EUA e UE, rumo à autossuficiência e focada na expansão do crédito interno para investimentos produtivos. Os sucessos militares são mensagem de "Ninguém se meta conosco", incluída num complexo processo de transformação econômica.
Além disso, as importações chinesas de petróleo cresceram 8% de janeiro a setembro, anos após ano – especialmente para os setores petroquímico e de transporte, o que supera qualquer aparente redução no uso do petróleo industrial. Semana que vem acontece o anúncio crucial do próximo plano quinquenal dos chineses. Não, não, a China não só não está à beira da bancarrota, como a parceria estratégica China-Rússia continua em expansão.
Pequim acompanha em detalhe as "mensagens" que a Rússia envia na Síria. E não esqueçamos que, no departamento A2/AD, a China tem seu próprio conjunto de mensagens, inclusive o explode- bunkers DF15B, o DF-16 com alcance de mil quilômetros, e o DF-21D "carrier killer" – alcance de 2.500 quilômetros e com capacidade para transportar uma ogiva nuclear.
Podem contar com reunião de almoço, todos nus, do Dr. Fantástico e os patrões dele na Avenida Beltway.
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