As coisas como as coisas são:
Ucrânia
23/5/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Hala Toubia Você acha que Putin errou, ao dizer que respeitará os resultados eleitorais [na Ucrânia]
Cathy Collin [responde a Hala Toubia] Claro que não. Putin não erra [pano rápido].
The Saker |
A vida às vezes parece um experimento de Asch, de todos agindo em conformidade, sem fim: mesmo que haja quantidade gigante de provas de que algo é “A”, a imprensa-empresa e os muitos que são zumbificados pela imprensa-empresa não fazem outra coisa além de “declarar” que “não A”. Esse tipo de duplipensar também está ativado no conflito na Ucrânia, o que não deve surpreender ninguém, mas, mesmo assim, é importante repor os nomes verdadeiros em alguns casos, e oferecer panorama claro, sem ambiguidades, do que realmente já aconteceu até agora e, mais, do que está a ponto de acontecer amanhã, domingo.
Assim sendo, dedico-me hoje a repor aqui algumas coisas óbvias, servindo-me da linguagem mais direta e não ambígua possível. Espero assim contribuir para arrancar pelo menos um, dois, algumas pessoas, do estado comatoso a que tantos estão sendo induzidos pela “imprensa livre”. Passo pois a dar alguns nomes certos a algumas coisas.
Até aqui, temos o seguinte:
Yanukovich |
– um presidente profundamente corrupto e eleito democraticamente (Yanukovich) foi derrubado por golpe armado aplicado por agentes prodigamente pagos – 5 bilhões de dólares) a serviço de país estrangeiro.
O novo regime é composto exclusivamente, ou deoligarcas corruptos (tipo-Yatseniuk) ou deneonazistas (tipo-Parubii). Apesar disso, esse regime recebeu apoio pleno e incondicional dos EUA e da União Europeia e de todos os estados-clientes que dependem desses dois.
A junta golpista que permanece no poder lançou campanha sustentada de terror contra quem se atreva a opor-se a ela, inclusive contra civis (os massacres de Odessa e Mariupol) e contra as próprias forças armadas ucranianas (massacres ontem, perto de Volnovakha e, hoje (23/5/2014), perto de Lisichansk)
Dado que (i) a polícia regular foi desmobilizada e que (ii) as forças armadas regulares estão claramente desobedecendo as ordens criminosas que a Junta lhes dá, a única força armada que dá bases a esse regime não eleito imposto por EUA-União Europeia são esquadrões-da-morte, como o “batalhão especial” do Donbass.
Além disso, apesar de EUA/UE acusarem a Rússia de ter provocado todos os atuais problemas, ainda não encontraram, para exibir e usar para comprovar a tese, sequer um espião russo, agente russo ou sabotador russo. A verdade é que não apenas a Rússia não interveio no Donbass: Putin também solicitou oficialmente que o pessoal ali adiasse o referendo; retirou as forças russas que estavam fazendo a proteção das fronteiras; e até ordenou que as forças russas retornassem às bases regulares, em todos os casos em que estivessem em áreas próximas das fronteiras.
Em todos os passos da crise, a Rússia sempre se ofereceu para negociar com os EUA, com a União Europeia e, até, com a própria junta. Todos recusaram qualquer tipo de negociação, exceto o acordo do dia 21/2/2014, que teve vida curta, e que agentes estrangeiros romperam no dia 22/2/2014, o mais rapidamente que conseguiram,apenas para que EUA e UE reconhecessem aquele bando de neonazistas golpistas como se fossem algum “governo legítimo”.
A operação militar russa na Crimeia não provocou nenhuma vítima, nenhum morto, nenhum ferido grave. Bem diferente disso, a junta já matou com metralhadoras, morteiros, fogo de artilharia, helicópteros de combate e aviação de guerra usados contra cidades inteiras no Donbass.
Crimeia em festa após anúncio do referendo onde 86% da população votou a favor de ser uma república da Federação da Rússia em 16/5/2014 |
Enquanto as redes sociais russas estão cheias de manifestações de simpatia e compaixão pelos mortos na Ucrânia, as redes sociais ucranianas são horrenda exibição de discurso racista, contra o que chamam de “colorads” (uma espécie de besouro que tem as cores da fita de São Jorge). Outras expressões de racismo, aplicadas sempre contra os russos, são “Moskal” and “Titushki”. Por falar nisso, Yulia Timoshenko, em telefonema interceptado, no qual dava rédea solta ao ódio dela por russos, disse que “esses malditos Moskals devem ser executados com armas nucleares”.
E agora, em plena guerra civil – e não há outra expressão para designar o que está acontecendo na Ucrânia – esse governo de racistas corruptos e assassinos sanguinários organizará “eleições presidenciais”, depois que dois dos principais partido da oposição ucraniana (o Partido das Regiões e o Partido Comunista) tiveram suas sedes atacadas a bomba, membros agredidos, deputados expulsos do plenário do Parlamento e apoiadores queimados vivos, mortos a tiros e a facadas, sequestrados e torturados.
Ah! E que ninguém duvide: os anglo-sionistas declararão “livres e justas” essas eleições.
Tudo que acima se lê não é “trágico” nem “perturbador”. O que acima se lê é obsceno. Mais obsceno do que consigo expressar.
Assim sendo, digamos logo tudo, com todas as letras: o “ocidente” está apoiando uma farsa nazista, que só resultará em mais sangue e em mais vidas sacrificadas.
A segunda coisa que tem de ser dita também com todas as letras é:
– seja qual for o regime declarado eleito no domingo (ou dentro de três semanas, no caso de haver segundo turno) terá legitimidade zero E NÃO SERÁ GOVERNO VIÁVEL.
A terceira coisa que todos estão desesperadamente fingindo que não veem: a Ucrânia deixou de existir como país unitário e não voltará jamais a existir como tal.
O “ocidente” trabalha nesse horrendo experimento desde o final do século 16 e os objetivos do “ocidente” não mudaram.
– criar uma “Ucrânia” anti-Rússia e anti-ortodoxa controlada pelo Vaticano e pela plutocracia ocidental. POR ISSO, enquanto os EUA investiram 5 bilhões de dólares para “democratizar” a Ucrânia, o “ocidente” gastou muito mais durante QUATRO SÉCULOS para destruir a Rússia e subjugar o povo russo. Essa é a razão pela qual o “ocidente” está tão firme e não se move um milímetro de sua posição, já arriscando tudo, na tentativa de impedir que seu velho projeto de 400 anos venha, de vez, abaixo.
A Crimeia afastou a Junta nazista de Kiev de seu território |
Mesmo assim é estranho que gente mentalmente sã tenha acreditado seriamente que essa obscena aliança entre ex-comunistas (Farion), oligarcas judeus (Kolomoiskii), neonazistas (Yarosh), Uniats [1] latinos (Tiagnibok) e bandidos racistas (Parubii) conseguiria construir alguma coisa.
Não e não. Gente dessa laia só sabe odiar, destruir, matar, mentir, torturar e aterrorizar. Não há “capacidade criativa” em gente como Parubii, Liashko, Turchinov ou Tiagnibok. Entre essa gente a única coisa que se encontra sempre é o característico ódio satânico contra a luz, a paz, a verdade, a liberdade e o amor. E, francamente: acho que o mesmo vale para a gangue que os alimentou atenta e cuidadosamente durante todos esses anos e que, agora, os apoia incondicionalmente: Obama, McCain, Nuland é claro, mas também Hollande, Merkel, Hague, Ashton e o resto dos euroburocratas.
Aí está. Está dito, em palavras nuas e cruas. Meti negritos em algumas partes e até pintei de vermelho ou azul algumas partes que considero mais importantes. Recurso infantil? Talvez seja. Estou furioso? Ah, sim, sim, estou, sim, furioso! E o que haveria de errado em um homem enfurecer-se, ao ver a abominação cometida por alguns seres do mal, enquanto o resto da humanidade mantém silêncio sepulcral, ensurdecedor?
Yehuda Bauer |
Claro que esse postado não é nem acadêmico nem objetivo. E daí?! François Rabelais escreveu que “Science sans conscience n'est que ruine de l'âme” (“ciência sem consciência é só e sempre a ruína da alma”). E quando se vê mal tão extenso e devastador, apoiado em tantas mentiras e mentirosos, bem vale, vez ou outra, pôr a ciência de lado e deixar falar só a consciência.
Quero concluir esse postado com as belas palavras de Yehuda Bower, que sintetizam toda a filosofia desse blog:
Não sejas a vítima.
Não sejas o criminoso.
E, sobretudo,
Não sejas só passante indiferente.
Minha intenção é essa.
The Saker
Nota dos tradutores
[1] O termo Uniat ou Uniate, usado basicamente pelos ortodoxos orientais, designa as igrejas católicas orientais que antes foram igrejas ortodoxas orientais. Há conotações pejorativas associadas ao termo, embora tenha sido usado vez ou outra por católicos orientais e latinos, antes do Segundo Concílio Vaticano.
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