Acordos entre China e Rússia alteram equilíbrio econômico mundial
Por Redação Correio do Brasil, com
agências internacionais - de Moscou e Pequim 21/5/2014
China
e Rússia assinaram, nesta quarta-feira, um acordo de US$ 400
bilhões para o fornecimento de gás, assegurando ao maior consumidor de energia
do mundo uma fonte mais limpa e abrindo um novo mercado para Moscou, que deverá
retribuir às sanções impostas pela diplomacia norte-americana e europeia com a
suspensão de contratos de fornecimento do combustível à zona do euro. Outros
acordos, nas áreas militar e financeira, deslocam o centro de gravidade da economia
mundial e o dólar, a moeda norte-americana, referência no comércio mundial,
passará a ser gradativamente substituída por rublos e yuans (renminbi).
O
aguardado acordo é um trunfo político para o presidente russo, Vladimir Putin,
que busca parceiros na Ásia, uma vez que Europa e EUA optaram por seu
isolamento, após a península da Crimeia, na Ucrânia, optar pela nacionalidade
russa. Mas, do ponto de vista comercial, muito depende dos preços e de outros
termos não revelados do contrato, que levou mais de uma década para ser
fechado.
– Este é o maior contrato da história
do setor de gás da ex-União Soviética. Através de um compromisso mútuo nós
conseguimos alcançar termos não apenas aceitáveis, mas sim satisfatórios para
ambos os lados. Estamos, no fim, contentes pelo compromisso alcançado sobre o
preço e outros termos. Quero salientar que um árduo trabalho foi feito no nível
de especialistas. Nossos amigos chineses são negociadores difíceis – disse
Putin, após a assinatura do acordo com seu colega Xi Jinping em Xangai entre as
estatais Gazprom e China National Petroleum Corp (CNPC), ressaltando que as
negociações se estenderam até as 4h.
O presidente da Gazprom, Alexei Miller,
preferiu não revelar os valores em que o acordo foi fechado, mas fontes de
companhias envolvidas disseram que a Gazprom recusou valor abaixo de US$ 350
por mil metros cúbicos. Isso se comprara com o intervalo de preços entre US$
350 e US$ 380 que a maior parte dos europeus paga em contratos de longo prazo
assinados nos últimos dois anos.
Gestão militar
Não apenas na área de energia, mas no
setor militar também, a Rússia e a China irão desenvolver a
cooperação e contatos entre os ministérios da Defesa, como resultado da visita
de Vladimir Putin à China. Essa cooperação é um importante fator para a
estabilidade e segurança na região e em todo o mundo, sublinhou o presidente
russo no final das conversações com o seu homólogo chinês Xi Jinping,
realizadas em Xangai.
As visitas russo-chinesas ao mais alto
nível nunca são acompanhadas de informações sobre novos contratos na área da
cooperação técnico-militar. As questões práticas raramente são refletidas nos
documentos finais, eles apenas sublinham a importância da cooperação nessa
área. O acontecimento fundamental para a cooperação técnico-militar
russo-chinesa são os encontros da comissão intergovernamental para a cooperação
militar, cujos co-presidentes são os ministros da defesa. Esses encontros se
realizam normalmente em outubro-novembro de cada ano.
Apesar de durante os encontros ao mais
alto nível não se realizarem acordos concretos na área do comércio de
armamento, os líderes dos dois países poderão abordar, durante as conversações,
as dificuldades existentes na concretização de projetos ou acordar a abordagem
de novas áreas. Neste momento há dois grandes negócios que estão numa fase mais
desenvolvida: os fornecimentos à China de 24 caças Su-35 e de uma remessa de
sistemas de mísseis antiaéreos S-400 (possivelmente até 12 divisões).
A dinamização da evolução dos trabalhos
no âmbito desses dois acordos já se tinha notado nos meses anteriores. Até ao
fim do ano poderão surgir os contratos e até meados de 2016 poderão ser
realizados os primeiros fornecimentos. É possível que os líderes dos dois
países se tenham conseguido entender para acelerar um pouco os trabalhos nessa
direção. Simultaneamente prosseguem os trabalhos no projeto do fornecimento à
China de quatro submarinos da classe Amur-1650, sendo dois deles construídos na
Rússia e dois na China. Depois de terminada a definição do equipamento técnico
dos submarinos, se pode igualmente esperar a assinatura desse contrato.
Nas atuais condições da situação
política, poderá ser discutida provavelmente a correção da anterior abordagem
cautelosa, por parte da Rússia, da cooperação técnico-militar com a China. É
possível que a importância deste encontro ao mais alto nível seja precisamente
o registrar dessa nova realidade, enquanto os acordos específicos deverão ser
abordados nos meses seguintes durante 2014.
Sanções contra a Rússia agilizam a
formação de novo mercado financeiro
Por Redação Correio do Brasil, com
agências internacionais - de Moscou 25/3/2014
Peskov falou sobre a formação de um
mercado financeiro independente
As sanções anunciadas pela União
Europeia e EUA contra a Rússia também voltaram a mexer com o
mercado investidor, nesta terça-feira, após uma entrevista com o porta-voz do
Kremllin, Dmitry Peskov. A Rússia voltou a cogitar a formação
de um mercado financeiro paralelo ao de Wall Street, com negociações realizadas
em moedas como o rublo, o yuan e o real, em resposta às pressões do Ocidente
contra a anexação do Estado independente da Crimeia.
Segundo Peskov, as sanções contra a Rússia foram
“o último gatilho” para a criação de um sistema financeiro independente,
baseado na economia real. Segundo afirmou, “o mundo está mudando rapidamente”.
–
Quantas civilizações cresceram e se extinguiram no curso da História? Quem está
apto a resistir à pressão de um sistema perto da falência e indicar ao seu povo
o caminho para o futuro? A possibilidade de um novo sistema financeiro
independente do dolar, que segue perto de um colapso após a crise de 2008 será
uma consequência das sanções contra a Rússia que, doravante, passará a reforçar
seus laços econômicos com o países do BRICS, em particular com a China, que é
dona de grande parte da dívida externa norte-americana – afirmou.
O mundo, hoje em dia, segundo análise
do porta-voz do governo russo, “deixou de ser bipolar” e países como Brasil,
Índia, China e África do Sul, que integram o BRICS, juntos com a Rússia,
representam 42% da população mundial e cerca de um quarto da economia, o que
coloca este bloco como um importante ator global. As sanções determinadas pelo
Ocidente “podem significar uma grande catástrofe para os EUA e os europeus, no
futuro”, acrescentou Peskov.
A discussão sobre um novo sistema
financeiro, no entanto, não começou agora. Desde a formação do BRICS, há mais
de uma década, estuda-se a possibilidade de se formar um novo mercado, que
aceite outras moedas, e não apenas o dólar norte-americano, na liquidação dos
negócios. Os países que integram este bloco estão todos de acordo com os
princípios legais, em nível mundial, e o volume de negócios entre estas nações
tem batido novos recordes a cada ano, nas mais diferentes áreas.
Com o objetivo de modernizar o sistema
econômico global, que tem no centro dele os EUA e a UE, os líderes do Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul criaram o BRICS Stock Alliance, um embrião
deste novo mercado sem o dólar, e têm desenvolvido mecanismos bancários capazes
de financiar seus grandes projetos de infraestrutura.
Apesar do ceticismo dos mercados
formais, “estes países têm mostrado bons resultados em suas balanças
comerciais”, concluiu
Nenhum comentário :
Postar um comentário