sábado, 17 de outubro de 2015

PUTIN ESTÁ DERROTANDO MAIS QUE O ISIS NA SÍRIA
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Tradução Pelo Coletivo de Tradutores da Vila Vudu       →→→→

Há pouco mais de um ano, em julho de 2014, a Rússia e o presidente Vladimir Putin eram o foco das atenções na Europa e nos EUA, acusados – sem nem sombra de prova – de terem derrubado um avião civil da Malásia, desarmado, sobre o leste da Ucrânia. Os russos só pensariam em restaurar a União Soviética, no apoio que davam ao referendo proposto aos cidadãos da Crimeia para que escolhessem se reintegrar à Federação Russa, em vez de serem incorporados à Ucrânia.
Washington e a União Europeia (UE) atacavam a Rússia com sanções. As pessoas falavam de nova Guerra Fria. Hoje o quadro mudou, e muito profundamente. É Washington quem está na defensiva, com o que os EUA têm feito na Síria e no Oriente Médio já exposto como ações criminosas, inclusive a geração da recente 'crise dos refugiados' na Alemanha e em grandes partes da UE.



Como estudioso de política e economia internacionais durante praticamente toda a minha vida adulta, devo dizer que me parecem notáveis a compostura e o controle emocional que Vladimir Putin e o governo russo têm manifestado, diante dos alucinados ataques ad hominem de gente como Hillary Clinton, que comparou Putin a Adolf Hitler.


Mas é preciso muito mais que compostura e autocontrole para arrancar o mundo da beira, ou como alguns poderiam dizer, já do início da 3ª Guerra Mundial. Aí, é preciso ação brilhante e direta. E então, aconteceu algo extraordinário, nos poucos dias depois do discurso do presidente Vladimir Putin na Assembleia Geral da ONU, dia 28 de setembro em New York.


O que Putin disse...

Resultado de imagem para Putin na ONUO que Putin disse na Assembleia Geral da ONU deve ser considerado, para pôr sob foco mais claro o que a Rússia fez nos dias imediatamente posteriores. Primeiro, Putin pôs perfeitamente às claras o que significa a lei internacional por trás da Carta da ONU, e que a Rússia se guia escrupulosamente conforme a Carta, em suas ações na Síria. A Rússia, diferente dos EUA, foi formalmente convocada, pelo legítimo governo da Síria, a ajudar o país em sua guerra contra o terror.


Ante os delegados da ONU e chefes de Estado, Putin disse que "Decisões debatidas na ONU podem ser convertidas em Resolução, ou não. Como dizem os diplomatas, elas "passam ou não passam". E todas e quaisquer ações que um estado empreenda sem considerar esses procedimentos são ações ilegítimas, colidem com a Carta da ONU e 
desafiam a lei internacional."


E continuou: "Todos sabemos que, depois do fim da Guerra Fria, emergiu no mundo um centro de dominação. E então, os que se viram naquele momento no topo da pirâmide foram tentados a crer que, se somos tão fortes e excepcionais, então sabemos mais e melhor o que fazer que o resto do mundo; assim sendo, por que, afinal, teríamos de reconhecer a ONU, a qual, em vez de automaticamente autorizar e legitimar decisões que pareçam necessárias, tantas vezes cria obstáculos ou, em outras palavras "mete-se no caminho?" 



Na continuação, Putin enviou mensagem muito clara a Washington e aos governos da OTAN, sobre a questão da soberania nacional, anátema para quem abraça o pressuposto 'Nirvana' que adviria da globalização, homogeneização de tudo num só nível: "O que é, afinal, a soberania do Estado? Putin perguntou, retórico. E continuou:


"A soberania tem a ver, basicamente, com liberdade e com o direito de cada pessoa, nação ou estado escolher livremente o próprio futuro. Na mesma direção caminha a chamada legitimidade da autoridade do Estado. Não se deve brincar com elas, nem manipular as palavras. Na lei internacional, nos negócios internacionais, cada termo deve ser claro, transparente, interpretado por critério uniformemente compreendido por todos."


E Putin continuou:


"Todos somos diferentes. E todos devemos respeitar as diferenças. Ninguém tem de encaixar-se num único modelo de desenvolvimento que outro, em algum momento, tenha decidido, de uma vez por todas, e para todos, que seria o único modelo correto. Todos devemos lembrar o que nosso passado nos ensinou. Também recordamos alguns episódios da história da União Soviética. "Experimentos sociais" para exportação, tentativas de impor mudanças dentro de outros países baseadas em preferências ideológicas, quase sempre levaram a consequências trágicas e à degradação, não ao progresso."


Poucas palavras que sucintamente expõem tudo que está fundamentalmente errado na ordem internacional de hoje. Nações, principalmente a que se autoproclama "Única superpotência, Hegemon Infalível", os EUA, arrogantemente, depois do colapso do seu principal adversário, a União Soviética, passou a dedicar-se exclusivamente a construir o que só se pode designar como um império global totalitário, que G.H.W. Bush, no discurso do dia 11/9/1991 ao Congresso, chamou de Nova Ordem Mundial. Acredito firmemente que fronteiras são importantes, que respeitar experiências históricas diferentes é essencial para a paz mundial. Isso é tão verdade entre nações como entre indivíduos. Parece que esquecemos essa simples noção, na desgraça de tantas guerras ao longo das décadas passadas. Vladimir Putin nos obriga a relembrar.


Na sequência, o presidente russo vai diretamente ao coração da matéria. Expõe a nu as verdadeiras atividades do governo Obama na Síria e no Oriente Médio para armar terroristas islamistas 'moderados' e empurrá-los a atacar o que Washington apresenta como sua besta fera: o presidente recentemente, legalmente e transparentemente reeleito da Síria, Bashar al Assad.


Para Putin, "Em vez de promover reformas, uma interferência estrangeira agressiva resultou na visível destruição de instituições nacionais e, até, de estilos de vida. Em vez de algum triunfo da democracia e de mais progresso, o que obtivemos foi mais violência, mais miséria e um desastre social. E ninguém dá qualquer atenção a qualquer dos direitos humanos, inclusive ao 
direito de viver."


E mais uma vez, em mensagem dirigida a Washington e às Revoluções Coloridas de suas muitas ONGs conhecidas como "Primavera Árabe", Putin pergunta: "Não posso me impedir de perguntar aos que causaram essa situação: 
Os senhores dão-se conta do que fizeram?"


Putin, sem o dizer diretamente, fala do papel que tiveram os EUA e a OTAN na criação do ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico, observando com precisão a curiosa anomalia que há em o ultrassofisticado novo Tesouro dos EUA, que se dedica a impor sanções a organizações terroristas, ter passado 'sem ver' pelas fontes de financiamento do ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico, pelo ativo comércio de petróleo em que estão envolvidos, facilitado pela própria família do presidente da Turquia, para ficar só nesses. Disse o presidente Putin da Rússia:


"A situação é mais do que perigosa. Nessas circunstâncias, é atitude hipócrita e irresponsável pôr-se a fazer 'declarações' sobre a ameaça do terrorismo internacional, ao mesmo tempo em que os mesmos 'declarantes' fingem que não veem os canais por onde caminha o dinheiro que financia e mantém terroristas, inclusive o tráfico de drogas e o comércio ilícito de petróleo e de armas."


E o que Putin faz...


Nas últimas semanas, a Rússia desmontou completamente a agenda diabólica – porque é o que é, diabólica – do governo do presidente Obama, e não só na Síria mas também em todo o Oriente Médio e agora na UE, para onde se dirige a onda gigantesca de refugiados. Abertamente, Putin conclamou Obama a, no encontro que teriam dia 30 de setembro, cooperar para, juntos, derrotarem o ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico.


Obama, tola e obstinadamente, insistiu que, antes de tudo, Assad tem de sair, apesar de Christine Wormuth, subsecretária do Pentágono responsável pela guerra síria, já ter publicamente confirmado a avaliação dos russos quanto ao papel essencial de Assad, hoje, para derrotar o ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico.


Wormuth disse ao Senado dos EUA que os militares de Assad "ainda têm força considerável", acrescentando que "ainda são a força militar mais poderosa que há lá, em solo. As avaliações mais recentes dizem que o regime não está 
perigo iminente de cair."


Agora entram em cena os zurros de protesto dos falcões neoconservadores doidos-por-guerras, como o sempre pronto para disparar o gatilho senador John McCain, presidente da organização estatal Instituto Internacional Republicano, braço do  Senado dos EUA e exportadora à bala de 'revoluções democráticas' Dotação Nacional para a Democracia (National Endowment for Democracy). Ouvem-se alguns flácidos protestos do presidente Obama. Isso, porque Washington sente-se profundamente exposta a qualquer investigação que o mundo conduza para descobrir quem mantém os terroristas na Síria em guerra contra governante de governo legítimo, de estado que é membro da ONU, reconhecido pela comunidade internacional. Os doidos-por-guerras norte-americanos acusam a Rússia de estar atacando "a oposição moderada" ou civis.


As roupas novas do rei

Resultado de imagem para naked obamaPutin da Rússia entra na história elegantemente, quase graciosamente, como o menino no conto de fadas clássico de Hans Christian Anderson, de 1837, "As roupas novas do rei". O menino está ao lado da mãe, entre milhares de aldeões, diante da sacada do palácio de um rei pretensioso e tolo, quando o tresloucado rei aparece à sacada, perfeitamente nu, mas convencido de que estaria vestindo um seu magnífico novo traje. O menino grita, para grande embaraço de serviçais que também fingem que veem alguma roupa: "Mamãe, o rei está nu."

O que quero dizer com isso? Nos primeiros quatro dias de bombardeios precisos contra sítios selecionados em território sírio com jatos de combate, os russos lançaram seus impressionantes mísseis Kh-29L ar-terra guiados por laser, que atingem alvos demarcados com precisão de menos de 2m e, com isso, conseguiram destruir centros-chaves de comando do ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico, depósitos de munição e infraestrutura vital. Segundo relatos oficiais do Ministério da Defesa da Rússia, ilustrado com fotos, os bombardeiros Su-34 atacaram um campo especial de treinamento e depósito de munições do ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico próximos de Al-Tabqa, na província de Ar-Raqqah, "posto crítico do ISIS ocupado em agosto de 2014 depois de duros combates. "Resultado da explosão do depósito de munições, o campo de treinamento dos terroristas foi completamente destruído" – informou o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia. Os jatos Su-25 russos também atacaram campos de treinamento do Estado Islâmico em Idlib, Síria, destruindo uma oficina para 
produção de coletes explosivos.

Moscou informa que sua força aérea "destruiu três depósitos de munição, combustível e armas dos grupos armados ilegais. Bombas 
KAB-500 lançadas de aviões detonaram a munição e o armamento", e usaram-se bombas BETAB-500 capazes de penetrar em concreto, para destruir quatro postos de comando de grupos de terroristas armados do ISIS. As instalações de operação dos terroristas foram completamente destruídas" – acrescentou o porta-voz de Moscou. A aviação da Rússia realizou 20 voos e fez 10 ataques aéreos contra instalações do grupo terrorista ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico nas últimas 24 horas. Na sequência, Moscou anunciou que também haviam sido atingidos postos avançados de outros grupos terroristas, como a Frente al-Nusra, franqueada da al-Qaeda.


São esses os chamados "moderados" pelos quais tanto choram McCain e os doidos-por-guerra em Washington. Washington andou inventando o que chama de "Novas" Forças Sírias [orig. "New" Syrian Forces (NSF)], as quais, dizem lá, seriam compostas de terroristas "moderados" eufemisticamente referidos como "rebeldes".


Imaginem uma conversa de recrutamento. Diz o recrutador da CIA: "Mohammed, você é islamista moderado?" "Oh, claro que sou, caro instrutor que a CIA nos mandou. Por favor, me leve com você, me treine, me arme para a luta contra Assad, ditador sanguinário, e contra o ISIS. Estou com você. Você pode confiar em mim". 


No final de setembro, noticiou-se que o major Anas Obaid codinome Abu Zayd, depois de completado seu treinamento na Turquia, desertou do programa de treinar-e-armar-e-equipar a Frente al-Nusra (Al Qaeda na Síria), no instante em que pôs os pés na Síria. É inacreditável, mas funcionários norte-americanos confirmaram que Washington não rastreia nem tem qualquer comando-controle sobre os seus agentes contratados jihadistas, a partir do instante em que pisam na Síria. A deserção de Abu Zayd, depois de treinado pelos EUA em técnicas avançadas de combate, é caso típico. Outros elementos das "Novas Forças Sírias" entregaram diretamente suas armas à Frente al-Nusra logo que entraram em território sírio na cidade de Atareb, no final de
setembro.


Essas recentes deserções de "moderados" para unir-se à Al-Qaeda na Síria acontecem menos de duas semanas depois que o general  Lloyd Austin III, comandante dos EUA na "guerra contra o ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico", admitiu, em audiência na Comissão de Serviços Armados do Senado sobre a Síria, que o programa militar dos EUA que pretendia formar 5.400 combatentes treinados em um ano, só formara, até ali, "quatro ou cinco", que permanecem em solo e ativos em combate. Todos os demais desertaram para unir-se ao ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico ou à Frente Al-Nusra da Al-Qaeda (os "moderados" que os EUA apoiam).


O que os bem-sucedidos ataques de precisão que os russos conseguiram foi expor a feia nudez do rei sem roupas. Há mais de um ano o governo Obama diz que aplica a mais impressionante força aérea do planeta para, supostamente, destruir os terroristas do ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico, que já foi descrito como "exército de combatentes esfarrapados correndo pelo deserto calçando tênis de basquete."


Curiosamente, até a semana passada, o ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico só fez expandir sua rede de poder na Síria e no Iraque, apesar do 'bombardeio' norte-americano. Mas agora, em apenas 72 horas, os militares russos voaram apenas 60 missões de bombardeio, com o que atingiram mais de 50 alvos do ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico; e bastou isso para pôr os combatentes do ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico no que o porta-voz do Ministério de Defesa da Rússia descreveu como "estado de pânico" com já mais de 600 deserções. E, segundo informa Moscou, a luta está apenas começando; e espera-se, segundo Moscou, que se estenda por, no mínimo, três 
quatro meses.


O governo Obama treina terroristas da Al-Qaeda/Al-Nusra, supostamente para que enfrentem o ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico – praticamente o mesmo que o general (caído em desgraça) David Petraeus fez no Iraque e no Afeganistão, acompanhado pelo coordenador especial de Obama para a luta contra o ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico (que renunciou recentemente ao cargo), general John Allen.


Os terroristas "moderados" que os EUA treinam e armam estão sendo treinados e armados – como agora já se vê claramente – para tentar derrubar Assad e abrir caminho para uma avançada da Fraternidade Muçulmana sobre a Síria – e real mergulho de todo o mundo na escuridão e nas trevas, se aquela avançada acontecer.


Agora, a verdade já ESTÁ claramente iluminada aos olhos do mundo – depois dos sucessos notáveis de um punhado de aviões russos em quatro dias de real confrontação contra o ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico. Em apenas quatro dias, aquele punhado de aviões russos conseguiram mais que a 'coalizão' liderada pelos EUA "anti-ISIS" em mais de um ano. Assim, afinal, vê-se claramente o sujo jogo duplo que Washington jogou até aqui.


Agora, aquela máscara hipócrita do governo Obama foi-lhe arrancada com a precisão de um míssil russo Kh-29L guiado a laser.  Como o governo alemão e outros governos da UE já admitiram, apesar de forte objeção de Washington, Putin demonstrou que a Rússia é a parte essencial de qualquer solução pacífica para a guerra síria, a qual, por sua vez, tem tudo a ver com solucionar a crise dos refugiados que procuram asilo na Alemanha e em outros países da UE. A Rússia tem portanto muito a fazer rumo a uma paz duradoura para o mundo.


A Comissão do Parlamento Norueguês para o Prêmio Nobel da Paz, em vez de considerar o patético John Kerry, deveria estar-se organizando para premiar o presidente Vladimir Putin e o Ministro da Defesa Sergey Shoygu da Rússia –, premiação que agregaria importância e dignidade ao prêmio e ao trabalho daquela Comissão.


F. William Engdahl




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