domingo, 20 de setembro de 2015

Rússia aumenta a pressão pelo
fim à guerra contra a Síria 
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“Agora, mais uma vez, é a Rússia quem aparece para tentar salvar o suflê de Obama. Tendo falhado com o esquema de treinamento do Pentágono e sem sucesso contra o Estado Islâmico, Obama está outra vez sob pressão para bombardear a Síria. Mas a ameaça da presença de uma força aérea russa e de uma possível imponente força de infantaria russa deslocada para a Síria empurraram Obama para o pé do recuo.” 



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18/9/2015, Moon of Alabama

Fontes israelenses culpam Erdogan por estar propositalmente causando a atual onda de refugiados para o norte da Europa:


"Primeiro, a Turquia fez de tudo para bloquear as rotas marítimas usadas para a imigração ilegal para a Europa. Mas depois, quando a OTAN recusou-se a agir para derruba rAssad, e com o Estado Islâmico sem conseguir realizar o sonho de Erdogan de derrotar decisivamente o líder alawita, a Turquia decidiu dificultar as coisas para a Europa e enviou para lá parte dos refugiados. Ao longo dos últimos poucos meses, a Turquia deixou de impedir que refugiados se deslocassem para o ocidente. A fonte israelense disse que é bem possível que as mesmas forças de segurança turcas que ajudavam o Estado Islâmico estão facilitando a entrada ilegal de pessoas em países europeus.


Dia 11 de setembro, o ministro de Relações Exteriores da França Laurent Fabius suspendeu a consulesa honorária da França em Bodrum, ao saber que estava ajudando refugiados a sair ilegalmente da Turquia para a Europa. Em conversa filmada por câmera escondida do Channel 2 francês, a consulesa, que vendia aos que quisessem tentar chegar à ilha grega de Kos, uns botes de borracha para recreação, nunca para alto mar, diz: 'A municipalidade está ajudando o tráfico [de refugiados por mar].' O coordenador do porto está ajudando na movimentação. O prefeito distrital está ajudando o tráfico."


A fonte israelense também acusa Erdogan de financiar o Estado Islâmico. Disso, duvido. 


Mas as acusações de que a Turquia está provocando a onda de migrantes são, muito provavelmente, corretas. 


E será que Erdogan age sozinho, ou essa é ação organizada pela OTAN para empurrar populações europeias a concordar com uma guerra da OTAN para mudar o regime na Síria?


Adam Johnson fez uma 
lista (incompleta) de pessoas e organizações que estão usando a crise dos migrantes para conclamar para imediato bombardeamento da Síria:


Algumas dessas pessoas ou instituições, como o Atlantic Council, balcão de propaganda pró-OTAN, também estão fazendo 
lobbying a favor dos sauditas.


Vários políticos europeus também se uniram a esse cordão insano que 'argumenta' que mais bombas contra a Síria gerarão menor número de refugiados. A ONU diz que metade da população da Síria deixou suas casas por causa do conflito. A ser verdade, seriam 11 milhões. Mas só 3-4 milhões procuraram países estrangeiros – principalmente Turquia, Jordânia e Líbano. Outros 7 milhões fugiram para áreas controladas pelo governo sírio, como Damasco. Bombardear o governo da Síria e essas pessoas, e ajudar o Estado Islâmico ou a Al-Qaeda a conquistar Damasco, com certeza só faria aumentar a onda de refugiados.


Pois enquanto isso acontece, Obama 
só faz pôr a culpa nos outros pelas decisões estúpidas que ele, em pessoa, tomou contra a Síria:


"A Casa Branca diz que a culpa não é sua. O dedo, dizem lá, deve ser apontado não ao presidente Obama, mas aos que o pressionaram, para começar, para tentar treinar rebeldes sírios – grupo que, além de congressistas Republicanos sempre incluiu a ex-secretária de Estado Hillary Rodham Clinton."


E essa outra, inacreditavelmente 
patética:


"Se membros do Congresso e até membros do governo Obama 'pressionaram' o presidente para que fizesse coisa que o presidente sabia que daria em nada, aí, sim, é que lhe cabe culpa ainda muito maior, por se deixar arrastar para empreendimento que nada renderia."


Obama é o comandante-em-chefe. Culpar outros por suas decisões de comando é a mais desavergonhada covardia. E quem
mandou para a Síria aqueles 10 mil jihadistas treinados, armados e pagos pela CIA, se não o próprio Obama? Será que esses também estão pondo a culpa em outros? E por que o NYT não noticia todas as culpas e todos os culpados? 


Depois de ter assacado falsas acusações contras o governo sírio, que teria usado armas químicas em Goutha, EUA e Grã-Bretanha já há tempos quiseram bombardear a Síria, mas foram contidos por decisão do Parlamento britânico e pela ameaça de impeachment do presidente nos EUA. Então, a Federação Russa ajudou a montar uma encenação para livrar a cara de uns-aí, e para que todos se livrassem das armas estratégicas que pertenciam à Síria.


Agora, mais uma vez, é a Rússia quem aparece para tentar salvar o suflê de Obama. Tendo falhado com o esquema de treinamento do Pentágono e sem sucesso contra o Estado Islâmico, Obama está outra vez sob pressão para bombardear a Síria. Mas a ameaça da presença de uma força aérea russa e de uma possível imponente força de infantaria russa deslocada para a Síria empurraram Obama para o pé do recuo. 


A Síria não é trunfo suficientemente importante para iniciar conflito armado contra potência nuclear séria. Obama precisa achar um jeito de sair da enrascada, mas que lhe salve a cara. Se não parar de jogar gasolina ao fogo do conflito sírio e se não iniciar conversações com a Rússia, Obama continuará preso no beco sem saída onde se meteu.


Hoje a Rússia 
aumentou a pressão:


"Respondendo sobre se a Rússia concordaria com enviar tropas para participarem em operações militares ao lado do exército sírio, [o porta-voz do Kremlin Dmitry] Peskov disse: "Se nos for solicitado, e no contexto de nossos contatos bilaterais, no quadro de diálogo bilateral, o assunto, é claro, será discutido e considerado. Por enquanto, é difícil falar hipoteticamente."

O vice-premier e ministro de Relações Exteriores Walid Muallem disse na 5ª-feira que a Síria solicitaria que a Rússia enviasse tropas para lutar ao lado do exército sírio, no caso de surgir necessidade disso. Segundo ele, a Síria não hesitará em solicitar apoio aos russos."


Uma "zona protegida" ou "zona aérea de exclusão" que a OTAN crie e 
a Turquia administre na Síria...  com o Exército Vermelho em solo apoiado pela Força Aérea e pela Marinha Russa?! Podem esquecer. Nunca acontecerá.


Obama e os países europeus da OTAN têm uma chance de pularem fora do desastre que criaram na Síria e de livrar-se das dificuldades gigantes da onda de refugiados que não para de aumentar.


Têm de falar com a Rússia e não exclusivamente num nível "militar tático" como Obama 
agora inventou que quer, mas em nível estratégico. Façam as malas e caiam fora de lá, culpem Erdogan e os sauditas e os ponham sob rédea curta. Deixem a faxina para os sírios e seus aliados, sem mais intromissões e intervenções. Claro que haverá pressões para não fazer nada disso, dos falcões e lobbyists linha dura de sempre, mas Obama pode, pelo menos uma vez, para variar, tomar uma decisão sensível e defendê-la.*****

“Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como“Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille  (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967).


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