Tradução mberublue
Vários
setores da economia dos Países Bálticos estão com a cabeça na guilhotina,
pelos severos padrões europeus. Muitas fábricas, que aos olhos da União
Europeia pareciam não competitivas, ou se adaptaram ou faliram. A lista das
indústrias dizimadas pela nova realidade econômica, na Letônia, por
exemplo, inclui pesca e processamento de peixes, têxteis, sapatos e
produtos eletrônicos. A indústria do açúcar também foi completamente desmantelada.
Agora,
as políticas de sanções, assim como as contramedidas da Rússia, se juntam
aos problemas econômicos dos Países Bálticos. Por exemplo: o jornal BNS-Baltic News Service noticiou que
entre janeiro e julho de 2015, a Lituânia exportou 54,7% menos bens para a
Rússia que durante o mesmo período de 2014. As exportações da Lituânia de
leite e laticínios diminuiu 94,2% e nenhuma carne ou produtos derivados foi
exportado para a Rússia neste ano até agora. O ministro da Economia da
Lituânia declarou que o Estado falhou em encontrar um mercado que
substituísse a Rússia. Poderíamos acrescentar por nossa conta: continuarão
falhando.
Como
resultado do desemprego crescente, houve um êxodo maciço, especialmente entre
a geração mais jovem. A Letônia e a Lituânia perderam cerca de 20% de suas
populações. A população da Estônia decresceu em um nível de 5,5%.
Até
certo ponto, os cidadãos das nações bálticas – que (com exceção da
Lituânia) nunca gozaram realmente de soberania verdadeira – ainda conseguiam
justificar mentalmente todos estes sacrifícios, agarrando-se à ideia confortável
de que agora eram membros de boa fé da “grande família das nações europeias”.
Na União Europeia, pensavam eles, somos “iguais entre iguais”. Estavam
muito satisfeitos com sua nova consciência americanizada de que faziam
parte de uma nova, portentosa e histórica missão – estar ombro a ombro com “seus
iguais” na batalha entre o “mundo civilizado” e os “agressivos bárbaros
russo”. Ao mesmo tempo estavam imbuídos de que deveriam lutar ainda uma
outra batalha, desta vez contra o “inimigo interno” – os “não cidadãos”
russos, que não pensavam outra coisa a não ser em restaurar o jugo colonial
de Moscou contra os povos bálticos amantes da liberdade democrática.
Mas,
quando a parte ocidental do continente europeu foi sufocado por uma onda de
refugiados, a atitude da população doméstica desses países da periferia da
Europa chegou a um ponto de retorno. O problema dos refugiados – para os
países bálticos – surgiu quando a eles foi determinada a aceitação de uma
cota de migrantes. Os migrantes virão – e na base do queira ou não queira.
Inicialmente,
os números até que pareciam bem modestos. Em julho, funcionários estatais
em Riga tornaram pública a sua boa vontade para aceitar 250 migrantes,
Tallinn – entre 84 e 156 e Vilnius aceitaria um pouco menos – entre 50 e
60.
Acontece
que setembro chegou e o humor da Comissão Europeia mudou. Em julho, a
Comissão Europeia tinha concordado na admissão de 40.000 refugiados na
União Europeia, dividindo-os entre 28 diferentes países, mas agora
Jean-Claude Juncker insiste em que este número seja quadruplicado. As cotas
para os “novos europeus”, que sejam, os Países Bálticos, também foram
revisadas. Agora, a Letônia deve aceitar 776 refugiados, a Lituânia 1.105 e
a Estônia 523. Aliás, Bruxelas já brandiu sua mão de ferro ao ameaçar: conforme
Juncker, as cotas para os Estados Membros da União Europeia são
obrigatórias e qualquer país que se recuse a aceitar os migrantes conforme
determinado estará sujeito a sanções financeiras.
Foi
então que começou o imbroglio…
Kristiina
Ojuland, uma deputada e antiga ministra de Relações Exteriores da Estônia,
criticou a “papagaiada politicamente correta” que brota aos borbotões da
União Europeia e proclamou que a Estônia está sob uma “ameaça contra a raça
branca”. A sociedade da Letônia mergulhou em um debate sôfrego sobre o que
seria pior: africanos ou russos. O antigo Ministro da Defesa da Letônia,
Artis Pabriks, que também é atualmente um deputado, esclareceu que a
Letônia não poderá aceitar africanos, já que seu país já sofreu crueldade suficiente
ao ser anteriormente brutalmente colonizado pelos russos.
Os
protestos nacionalistas já foram origem de muitos problemas nos Países
Bálticos. Os refugiados foram recebidos na cidade estoniana de Vao foram
recebidos com demonstrações de protesto dos moradores locais, uma procissão
de motocicletas que totalizava várias centenas de motos, e estonianos
arrogantes vestindo camisetas ornadas com a imagem do assassino Anders
Breivik. O próprio Centro de Refugiados foi incendiado por alguns moradores
da cidade.
As cotas
de Jean-Claude Juncker são apenas o primeiro degrau de uma escadaria
imensa, e que se dirige para baixo. Agora, a Estônia, a Lituânia e a
Letônia, os “novos europeus”, devem estar se perguntando sobre suas
participações nas aventuras militares norteamericanas, sobre a “solidariedade
atlanticista” e sobre a devastação do Oriente Médio.
Eles
sempre pensaram na Rússia como sendo um intruso asiático no Europa. Pois
bem. Agora terão um gosto real de Ásia, bem como de África, e nos países
onde vivem.
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