domingo, 20 de setembro de 2015

A Arrogância Cega de Washington na Síria Deve Ser Ignorada pela Rússia
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O problema com a arrogância é que ela nos cega intelectualmente; já o problema de ser intelectualmente incapaz é que nunca somos capazes de ver nossas próprias contradições, por mais absurdas sejam elas.



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por Finian Cunningham
tradução mberublue

Os arrogantes aos quais nos referimos são os Estados Unidos e seus aliados ocidentais. Na última semana, Washington quase entrou em pé de guerra por causa da decisão russa de intensificar seu apoio militar ao governo da Síria. Os norteamericanos estão questionando Moscou para que “esclareça” o que chamam de apoio injustificado para o “regime” de Bashar al Assad.

Esta atitude arrogante e autoritária dos Estados Unidos veio ao mesmo tempo em que a coalizão militar liderada pelos EUA continua a bombardear a Síria pelo menos nos últimos doze meses.

Resultado de imagem para EUA arroganteNesta semana, aos aviões dos Estados Unidos que já bombardeiam a Síria juntaram-se bombardeios da Austrália, sob a alegação de que estariam supostamente bombardeando posições do grupo terrorista Estado Islâmico no interior do país. Espera-se que a França e o Reino Unido (Inglaterra) também se juntem em breve aos ataques dentro do território sírio.

Mas espere um pouco. Será que estamos entendendo? Os Estados Unidos e seus aliados dão a si mesmo o direito de bombardear à vontade um país soberano – Síria – sem a aprovação do governo deste país e sem um mandato do Conselho de Segurança da ONU?

Consequentemente, portanto, a legalidade desses bombardeios da coalizão liderada pelos EUA – e que já resultaram em numerosas mortes de civis – é no mínimo muito suspeita, para não dizer que constitui uma flagrante violação da Lei Internacional.

Pois mesmo assim as potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, tem a petulância de repreender a Rússia apenas porque está fornecendo armas para o governo da Síria.

Resultado de imagem para sergei lavrov e kerryComo já ressaltou o Ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, o equipamento militar que está sendo enviado para a Síria consiste em material que de longa data faz parte de acordos bilaterais legais entre os dois governos aliados. A Síria é aliada da Rússia pelo menos pelos últimos 40 anos. Nada de impróprio ou ilegal está acontecendo, a não ser a campanha ocidental de bombardeio contra a Síria.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi um pouco mais longe na defesa da ajuda militar para a Síria ao afirmar que é necessário ajudar seus aliados a “lutar contra uma agressão terrorista”.

Pelos últimos quatro anos, o exército nacional da Síria encontra-se em batalha contra um conjunto de mercenários estrangeiros cujas principais formações inclui forças que estão ligadas a rede terrorista al-Qaeda, tais como a Frente Al Nusra e o Estado Islâmico. Putin está correto quando diz que as forças governamentais sírias estão combatendo, primariamente, contra uma rede terrorista jihadista.

Caso os países ocidentais estivessem mesmo seriametne dispostos a combater esses grupos terroristas – como dizem que estão – então também dariam apoio ao governo da Síria, como a Rússia está fazendo.

O chefe da diplomacia norteamericana, John Kerry disse que a Rússia, com o apoio dado à Síria estaria “exacerbando e estendendo o conflito” e “sabotando nosso objetivo comum da luta contra o extremismo”. Seu contraparte russo Sergei Lavrov imediata e apropriadamente rejeitou as objeções de Kerry como “fora de qualquer senso lógico”.

Parece que a arrogância desmedida não apenas nos torna cegos às nossas próprias contradições; tira também dos que a sofrem qualquer possibilidade de falar algo que não seja uma rematada besteira.

Vejam aqui como o jornal New York Times desta semana relata os desenvolvimentos da questão Síria-Rússia: “O movimento da Rússia para reforçar as posições do governo do Presidente Bashar al Assad, o qual resiste há anos às ordens de Obama para que deixe o governo, colocou em destaque as diferentes visões sobre como lutar contra a organização terrorista Estado Islâmico. Enquanto Obama apoia grupos rebeldes para lutar contra o Estado Islâmico mesmo que eles se oponham a Assad, a Rússia afirma que o governo sírio é a única força que pode eventualmente derrotar os extremistas islâmicos”.

Percebam a arrogância profunda que está subjacente nestas palavras. Com uma indiferença tranquila o ocidente tem a visão de que o líder sírio tem “resistido por anos às ordens de Obama para que deixe o poder”.

No entanto, juntamente com o suposto “direito” de bombardear um país soberano, é um norteamericano que acha que decidirá se um líder de outro Estado deverá obedecê-lo.

Quem são os norteamericanos ou qualquer outro governo para decidir coisas que são prerrogativas do povo sírio? A propósito, nesta altura, é de bom alvitre lembrar que o povo sírio votou para reeleger o Presidente Bashar al Assad com uma esmagadora maioria – perto de 80% - nas eleições gerais levadas a efeito no país em 2012.

Mas a contradição mais fatal na lógica dos Estados Unidos e de seus aliados ocidentais reside no seguinte fato: De acordo com o jornal The New York Times Obama “apoia um grupo rebelde rival para derrotar o Estado Islâmico, mesmo que este se oponha ao Presidente Assad”.

Esta assertiva é simplesmente uma mentira deslavada, uma ilusão insustentável. Mesmo os norteamericanos têm admitido sempre que não existe isso de “grupo rebelde rival” na Síria. Depois de anos sustentando a pretensão de que o ocidente apoiava “rebeldes moderados” na Síria, a realidade é que a guerra contra a Síria está sendo levada a a efeito por extremistas jihadistas armados encobertamente e financiados pelos Estados Unidos e seus aliados, Inglaterra, França, Turquia, Arábia Saudita e Qatar.
Resultado de imagem para (Defence Intelligence AgencyO antigo diretor da Agência de Inteligência para a Defesa (Defence Intelligence Agency em inglês, organização governamental norteamericana para o suprimento de informações sobre o poderio de exércitos inimigos para os EUA e seus aliados – NT) Tenente General Michael Flynn, em uma entrevista concedida à rede Al Jazeera em julho passado, candidamente admitiu que Washington sabe muito bem e está consciente de que está apoiando o Estado Islâmico e outros grupos terroristas como a principal força antigovernamental na Síria. Foi uma decisão “intencional” disse Flynn, porque Washington quer porque quer a mudança de regime na Síria.

É preciso que se diga com todas as letras que “mudança de regime” sobe para a categoria de um interferência criminosa nos assuntos internos de um Estado soberano. Ocorre que isso é algo que Washington e seus vassalos europeus estão acostumados a fazer, como já aconteceu no Afeganistão em 2001, no Iraque em 2003, na Líbia em 2011 e na Ucrânia em 2014, apenas para mencionar alguns.

Por causa dessa “decisão intencional” de Washington, a Síria mergulhou em quatro anos de uma guerra implacável, com um total de 240.000 pessoas mortas. Mas de metade de sua população de 24 milhões de pessoas foi desabrigada e deslocada, com centenas de milhares dirigindo-se para a Europa em desespero. O terrorismo acabou por se tornar um enorme problema regional de segurança que ameaça transbordar para outros países ameaçados por sua vez de ruína através da violência sectária que domina atualmente o Oriente Médio.

Assim, quando Washington e seus vassalos ocidentais pontificam pomposamente contra a Rússia sobre o que pode e o que não pode ser feito em relação à Síria e o terrorismo, são ignorados olimpicamente com o desprezo que merecem. Arrogância, cegueira e atitudes criminosas não são qualificações para uma liderança internacional.


Finian Cunningham - 

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