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Na Líbia, Síria, Ucrânia e outros países
  da periferia ou bordas europeias, O presidente dos Estados Unidos, Barak
  Obama, continua com sua política de desestabilização, bombardeios e outros
  tipos de assistência militar que faz com que milhões de refugiados sejam
  violentamente expulsos desses países periféricos da Europa, com a
  consequência natural de que se dirigem para ao continente europeu,
  adicionando combustível ao incêndio já deflagrado pela rejeição ferrenha
  oposta pela extrema direita europeia para com a imigração. Isso traz a
  desestabilização como resultado dessa política para o seio da própria Europa
  e não apenas em sua periferia, como até ao seu interior profundo, atingindo
  mesmo o norte europeu. 
 
Shamus Cooke, repórter do Guardian, afirma em manchete de 03 de
  agosto de 2015: “A ‘zona livre’ de Obama pretende transformar a Síria em uma
  nova Líbia” e conta que Obama aprovou apoio aéreo para o plano improvável e
  impraticável da Turquia de criar uma zona de exclusão aérea sobre a Síria.
  Dessa forma, os Estados Unidos querem destruir os planos do Presidente Sírio
  Bashar Al Assad, que mira principalmente os grupos extremistas islâmicos,
  incluindo o ISIS, que tomaram o controle sobre grande parte do território
  Sírio: 
 
Relata Cooke: 
 
 “Desde o início da Guerra da Síria que a
  Turquia quer impor a Obama uma zona de exclusão aérea. Durante todo o
  transcorrer do conflito isso foi discutido e mesmo em meses recentes, embora
  o que se pretenda mesmo seja atingir o governo sírio. De repente, a zona de
  exclusão aérea torna-se possível – e exatamente da forma que a Turquia sempre
  quis – apenas terá o nome de ‘zona de exclusão aérea anti ISIL’ em vez de
  tomar o nome que deveria: ‘Zona de Exclusão Aérea anti Curdos e anti Governo
  Sírio’”. 
 
No ultimo dia 27 de julho o jornal The New York Times publicou relato que
  afirmava: “os planos são de que os relativamente moderados insurgentes
  conquistem território com a ajuda norte americana e talvez com apoio aéreo
  turco.” No entanto, o Times, comunicando,
  como sempre, de maneira estenográfica, e usando fontes de e para o governo
  dos Estados Unidos (no seu eterno papel de propagandista para o governo dos
  EUA), falha miseravelmente em definir o que seria afinal, “relativamente
  moderados”. Ocorre que todos os “grupos insurgentes relativamente moderados”
  na Síria cooperam com o ISIL, ajudando-o a encontrar, decapitar e esconder
  sequestrados, todos não muçulmanos. Sob o regime de Assad, a Síria sempre foi
  um estado não clerical, com liberdade religiosa, mas toda a oposição síria
  contra Assad é alheia a tais conceitos. Atualmente os Estados Unidos são,
  cada vez mais claramente, anti Assad e pró Islamistas. 
 
Seymour Hersh relata no The London Review of Books em 17 de
  abril de 2014 que o verdadeiro motivo por trás do ataque da administração
  Obama, na campanha de bombardeio contra a Líbia em 2011 era se apossar de gás
  sarin que seria depois transportado e oferecido à frente Al Nusra na Síria,
  na intenção de produzir um ataque de armas químicas contra civis, que posteriormente
  seria lançado às costas de Assad. Isto, por sua vez, seria a desculpa que
  permitiria a Obama lançar-se ao ataque contra a Síria como já havia feito na
  Líbia. Ambos os ditadores, Gaddafi e Assad, eram aliados da Rússia, e Assad,
  em particular, é muito importante para a Rússia, com o país servindo como
  rota de trânsito dos suprimentos de gás russo, e não do gás do Qatar – o
  Qatar tem o potencial de ameaçar a Rússia como o maior fornecedor de gás para
  a Europa.  
 
O principal objetivo de Obama nas suas relações
  internacionais e políticas militares sempre foi derrotar a Rússia através de
  uma mudança de regime que traga a Rússia para a zona de influência do Império
  americano, apenas uma lembrança distante daquele país que hoje resiste ao
  controle de Washington. 
A Líbia ia muito bem,
  obrigado, próspera e em paz, antes dos bombardeios promovidos pelos norte
  americanos. O PIB per capita, de acordo com FMI, era de US $ 12.357,80, o
  qual desabou para apenas US $ 5.839,70 em 2011 – justamente o ano em que os
  Estados Unidos bombardearam e destruíram o país. (Na ocasião, Hillary Clinton,
  disse a frase já tristemente famosa pela arrogância e insensibilidade, ao
  jactar-se: “nós viemos, nós vimos, ele morreu!”) Bem diferente da Arábia
  Saudita, aliada dos Estados Unidos, na Líbia a riqueza gerada pelo petróleo era
  bem distribuída, para a educação, para a saúde e até mesmo em ajuda aos mais
  pobres. Atualmente, em 15 de fevereiro de 2015 a repórter Leila Fadel, da NPR
  (Rede de Notícias semi estatal dos EUA –
  NT) fornecia a manchete “Com
  seus campos de petróleo sob ataque, o futuro da Líbia parece sombrio.”
  Relatou ela: os encarregados pela produção de petróleo na Líbia olham para a
  produção atual e reconhecem que o futuro é desastroso. “Nós não estamos produzindo,
  já perdemos cerca de 80% de nossa produção”, disse Mustapha Sanallah,
  executivo da Corporação Nacional de Petróleo da Líbia (Libya’s National Oil Corporation no original - NT). Por instruções dos Estados Unidos o FMI deixou de
  disponibilizar de forma confiável os índices do PIB líbio depois de 2011, e
  em vez disso tenta demonstrar que os coisas voltaram imediatamente ao normal
  (ou até mesmo melhor,  com um PIB per
  capita de US $ 13.580,55) em 2012, que até o mundo mineral (parodiando Mino Carta – NT) sabe que é falso. Mesmo a NPR
  relata a falsidade escrachada desses números. A CIA, por sua vez, estima que o
  PIB per Capita líbio foi de US $ 23.900,00 em 2012, o que é ridículo (afirmam
  que não há números para anos anteriores a 2012) e dizem mais: que o PIB per
  capita da Líbia teria diminuído de maneira imperceptível até 2015. Nenhuma
  dessas estimativas é minimamente confiável, mesmo levando em consideração o
  esforço do Conselho do Atlântico, que se esfalfou em parecer honesto em seu
  relatório sobre a economia da Líbia em 2014: “A Líbia enfrenta um colapso
  econômico em 2014” (no original: Libya: Facing Economic Collapse in 2014 –
  NT). 
 
Com tudo isso, a Líbia veio a se
  tornar um pesadelo para a Europa. Milhões de seus cidadãos, em desespero,
  estão abandonando o país em caos. Parte deles está fugindo através do Mediterrâneo
  e acabam em campos de refugiados no sul da Itália; outra parte para qualquer
  lugar da Europa que consigam atingir. 
 
Hoje, a Síria é mais uma nação que
  está sendo destruída em sacrifício no altar da conquista da Rússia. Até mesmo
  o jornal The New Yorque Times, do
  qual sempre se pode confiar que será inevitavelmente propagandístico está
  reconhecendo em seus relatórios noticiosos que “tantos os turcos como os
  insurgentes sírios tem como prioridade a derrota e a derrubada do presidente
  sírio Bashar al Assad”. Dessa forma, os bombardeios dos Estados Unidos na
  Síria para supostamente criar uma zona de exclusão aérea têm como objetivo
  mais uma vez derrubar Assad, aliado da Rússia, colocando no lugar de seu
  governo secular um governo islâmico. Para tanto, o Estado Islâmico serve
  apenas como fachada e desculpa, visto que as agências de Relações Públicas se
  preocupam em mostrar todo santo dia que o inimigo “da hora” é o Estado
  Islâmico e não Bashar ou a Rússia, mas a situação não é vista dessa forma
  pela aristocracia dos Estados Unidos, cujo objetivo primordial é ampliar o
  império norte americano, que em última análise é seu próprio império. 
 
O governo neutralista de
  Victor Yanukovich na Ucrânia foi também derrubado por Obama em fevereiro de
  2014, mas desta vez, a desculpa foi a promoção da “democracia” e as
  manifestações “democráticas” tão falsas como a “oposição ao terrorismo
  islâmico” ou seja lá que frases feitas entre as utilizadas pelo governo dos
  Estados Unidos para enganar os trouxas quanto à instalação pelos EUA, de
  governos nazistas ou fascistas furiosamente anti Rússia, no lugar do governo
  pró Rússia que governava a Ucrânia. Da mesma forma que a Líbia estava em paz
  antes da invasão e destruição promovidas pelos EUA, assim como a Síria estava
  também em paz antes que os turcos e norte americanos a invadissem e destruíssem,
  também a Ucrânia estava em paz antes do golpe pensado, financiado e levado a
  efeito pelos Estados Unidos, que instalaram nazistas no poder, os quais tentam
  agora uma campanha de limpeza étnica que está destruindo a Ucrânia. 
 
Da mesma forma que a Líbia antes da
  derrota de Gaddafi, ou a Síria, onde se encontra em curso uma tentativa de
  derrubar Assad, ou mais recentemente os acontecimentos que se desenrolam na
  Ucrânia com a queda do governo democraticamente eleito de Yanukovich, tudo é
  dirigo ao objetivo de derrotar a Rússia. 
 
Obama e outros
  conservadores norte americanos (claramente imperialistas) instalados em
  Washington DC pouco se importam com o fato de que a Europa está sendo afetada
  com a devastação imposta pelos Estados Unidos. Mas, caso se importem com
  alguma coisa, talvez essa outra coisa seja um subproduto bem atraente dessa
  operação toda: ao enfraquecer as nações europeias e não apenas aquelas do
  Oriente Médio as guerras de Obama contra a Rússia contribui fortemente para
  que os EUA sejam o “último homem em pé” no final do caos e da destruição
  causados pelos Estados Unidos. 
 
Por consequência, o fato de que as
  sanções econômicas contra a Rússia estão afetando negativamente a economia
  das nações europeias, por exemplo, para a estratégia internacional dos
  Estados Unidos não é ruim. É bom. 
 
Há duas maneiras de vencer qualquer
  jogo: uma delas é melhorando a própria performance. A outra é enfraquecer
  deliberadamente todos os demais concorrentes. Atualmente, os Estados Unidos
  parecem apostar quase todas as suas fichas no segundo tipo de estratégia. 
 
Eric Zuesse É um historiador investigativo, escritor, articulista e antropologista cultural, com artigos publicados em inúmeros periódicos.  | 
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