Estados Unidos querem levar Irã “na
conversa” com conversações que nunca acabam.
Moon
of Alabama
Tradução mberublue
As conversações entre o P5+1 e o Irã
sobre a questão nuclear foram prorrogadas e prorrogadas. Os Estados Unidos não
diz o que na verdade quer: a capitulação iraniana de forma total, e ainda não
está pronto para considerar compromissos reais.
Está parecendo que a administração
Obama está, nestas alturas, tentando trapacear os iranianos através de
conversações que nunca terminam, mantendo assim aquelas mesmas restrições que
já existiam quando as conversações começaram:
Nos contornos de um acordo provisório que já existe sobre as limitações
do programa nuclear iraniano, a Casa Branca pode fazer com as conversações
sobre o tema continuem indefinidamente.
Mesmo que as pressões sobre os temas
iniciais de 30 de junho e de terça feira já tenham conseguido extrair
concessões importantes dos iranianos, o porta voz da Casa Branca, Josh Earnest
disse que “ainda não conseguimos tudo o
que queríamos”.
“Queremos
estar seguros de que continuamos a ...manter
um acordo que congele o programa nuclear iraniano, mas voltando o olhar para
certas áreas cruciais, enquanto continuamos o curso de nossas conversações,” disse
ele.
Será que a ideia de manter as conversações
e as restrições indefinidamente é uma alternativa ao acordo com o Irã? Isso foi
aventado em considerações que foram publicadas originalmente por Yishai Schwartz
em um artigo no site conservador lawfareblog.com aqui: http://www.lawfareblog.com/alternative.iran.deal em maio.
Em primeiro lugar, os negociadores
norte –americanos devem admitir que as conversações em curso fracassaram, mas
sem arruinar ou descumprir quaisquer compromissos já acertados. Fazer isso nem é
tão difícil... Eventualmente em períodos de alguns meses, as partes em
negociação farão nova cúpula e anunciarão alguns progressos. Ocasionalmente,
haverá algum alívio nas sanções, em troca de inspeções cada vez mais rígidas e
constrangedoras. Depois de alguns anos, quando a lembrança das negociações
atuais se desvanecer no tempo e as sanções estiverem mais uma vez a estrangular
a economia iraniana, pode-se permitir algum outro tipo de acordo “compreensivo”
em termos um pouco mais favoráveis.
Porém
o mais certo é que continuaremos a manter as coisas confusas nos próximos anos,
trocando alívio limitado por constrangimento limitado, trazendo sob constante
vigilância a questão nuclear do Irã, sem jamais deixar de apertar o torno.
Os iranianos não deverão concordar
placidamente com esse plano, conforme já salientou na época Ali Gharib: http://www.lobelog.com/can-we-continue-the-iran-interim-agreement-indefinitely/
Já há dois
anos, os radicais iranianos estão atacando duramente as negociações, investindo
contra o presidente Hassan Rouhani, de linha moderada, e seu ministro das
Relações Exteriores Javad Zarif. Até agora, o líder supremo dos radicais
iranianos, Ali Khamenei, tem apoiado as negociações, embora com reservas e
cuidados. O que o JPOA (Plano de ação conjunta, em sua sigla em inglês – NT)
tem oferecido ao Irã ainda não passa de uma luz no fim do túnel. Não está claro
se Khamenei vai simplesmente sentar e esperar se os negociadores iranianos falharem
em se aproximar desta luz. Se o prêmio mais cobiçado – o fim das sanções
mais duras – continuar distante, o incentivo para que o próprio Irã continue
nas negociações pode terminar.
Está na cara quem está atrasando as
conversações agora. O Irã precisa que todas as sanções impostas pela ONU,
incluindo aquelas relacionadas à compra de armamento e sobre os mísseis
balísticos, sejam levantadas. Essas sanções foram amontoadas sobre o Irã, juntamente
com o surgimento da questão nuclear. Os Estados Unidos não querem levantar
essas sanções, mesmo que isso já tenha sido acordado, ainda que a disputa sobre
a questão nuclear seja resolvida:
Tanto a
China quanto a Rússia já declararam seu apoio à retirada dos embargos, impostos
em 2007 como parte de uma série de
punições contra o programa nuclear iraniano.
Ocorre que os Estados Unidos não querem
que sejam levantados os embargos de armamento porque teria o efeito de expandir
a assistência do Irã ao governo do presidente Bachar Assad, engajado em
combates na Síria, aos rebeldes Houtis no Iêmen e ao Hezbollah no Líbano.
O que estes assuntos têm a ver com o
acordo nuclear? Nada. Na realidade, os Estados Unidos tentam abusar das sanções
contra as atividades nucleares iranianas como meio de pressão contra outros
assuntos não relacionados. Pode muito bem ser uma estratégia para prolongar as
conversações ad nauseam.
Os radicais no Irã, bem como o Líder
Supremo não concordarão com essa artimanha dos Estados Unidos. Podem encerrar
as negociações e retomar seu programa nuclear exatamente no ponto em que
estava, sem restrições. As condenações iranianas recairão sobre o governo
liberal de Rouhani, por ter caído nas armadilhas arquitetadas por Washington.
Moon of Alabama
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